consequências da pandemia

VÍDEO: 416 alunos seguem morando na Casa do Estudante da UFSM

Jaiana Garcia

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Mais de 400 estudantes, muitos de outros estados, não tiveram escolha e precisaram ficar em Santa Maria. Lucas é um deles

Para muitos estudantes universitários que moram na Casa do Estudante Universitário (CEU) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), permanecer na cidade durante o período de isolamento por conta da pandemia do novo coronavírus não foi uma opção. Quando as aulas foram suspensas e as restrições começaram, já era tarde para conseguir ir para casa. Sem aulas e sem refeições no Restaurante Universitário (RU), existem alternativas, mas a rotina não é fácil. 


VÍDEO: cerca de 400 alunos permanecem na moradia estudantil da UFSM

De Francisco Beltrão, no Paraná, Thuane Cristina Cambuy de Oliveira, 22 anos, não vê a família desde o começo do isolamento. A mãe e irmã moram na cidade com pouco mais de 90 mil habitantes. No começo da pandemia, logo após o anúncio de suspensão de aulas, que ocorreu no dia 16 de março, não teve condições financeiras para comprar a passagem. A UFSM passou a custear passagens para alunos da CEU voltar para suas cidades, mas a ordem de serviço foi divulgada no mesmo dia em que um decreto estadual suspendeu viagens para fora do Rio Grande do Sul. Agora que o deslocamento está novamente viabilizado, a segurança e os cuidados com o novo coronavírus fazem com que ela fique em Santa Maria:

- Agora que posso, não me sinto segura em ir para casa. Elas ficam preocupadas comigo, mas conversamos toda a semana, e minha mãe também pede para eu ficar por causa do risco - afirma a jovem.

Thuane divide apartamento com o estudante Lucas Felipe da Silva, 22 anos, natural de Foz do Iguaçu, e outras quatro pessoas, que também ficaram sem opção e precisaram permanecer em Santa Maria. Juntos, eles enfrentam as dificuldades do isolamento.

Aulas presenciais na UFSM não devem voltar antes de 15 de junho

A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) paga um auxílio alimentação emergencial para os estudantes da CEU já que os restaurantes universitários não estão funcionando. O valor de R$ 250,00 é pago no fim do mês, após a apresentação das notas fiscais das compras, e não tem sido suficiente. Eles se viram comprando em feiras, onde os produtos são mais baratos, em supermercados de atacado, quando reúnem vários amigos e compram em maior quantidade, além de fazer almoços coletivos como alternativa.

- Desafio qualquer pessoa a fazer as compras do mês com esse valor. Quero que eles imaginem como é comer com R$ 250,00 - lamenta Lucas.

De acordo com a Prae, 356 estudantes que moram na CEU 2 (no campus em Camobi) e 60 que residem na CEU 1 (no Centro) ficaram em Santa Maria no período de isolamento. Na folha de pagamento do mês de junho, 526 alunos estão previstos para receber o auxílio, incluindo os alunos dos campi de Palmeira das Missões, Cachoeira do Sul e Frederico Westphalen.

COM AULAS REMOTAS, MAS SEM INTERNET
Além das dificuldades financeiras, os estudantes reclamam da internet do campus da universidade que não funciona em determinados horários para que eles tenham acesso às aulas on-line. Em uma semana, eles chegaram a ficar cinco dias sem conexão. 

- Não conseguimos nos organizar. Eu tenho ficado acordada de madrugada para conseguir estudar, quando o acesso à internet é menor - explica Thuane.

O Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFSM tem conhecimento do problema e já tentou algumas soluções, porém sem sucesso.

- Os professores querem manter as aulas à distância, mas a própria universidade não nos dá condições de acesso - critica Lucas.

ESTUDANTES MÃES TÊM MAIS DIFICULDADES
A Casa do Estudante Universitário também é moradia de mulheres que são mães. De acordo com a Prae, são 12 mães que residem no local, duas são gestantes. A Universidade, além dos R$ 250,00 de alimentação, manteve o pagamento do auxílio-creche no valor de R$ 375,00 e faz a distribuição de leite. 

Para a estudante Renata Gonçalves, 44 anos, mãe de uma menina de 4 anos, os auxílios não dão conta de suprir todas as demandas.

- Com o valor, não conseguimos fazer as três refeições diárias - afirma.

A falta de rede de apoio para que elas possam estudar, mesmo à distância, também é um problema.

- Não temos quem cuide das crianças. Formamos uma rede entre mães para que, pelo menos, as crianças não sofram tanto com a falta de socialização. É isso que permite que a gente siga em frente - avalia.

O QUE DIZ A UFSM
O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Clayton Hillig, garante que a UFSM tem dado o suporte aos estudantes levando em consideração as restrições orçamentárias. Ele explica que o problema da internet se dá pela baixa disponibilidade de pontos de rede nos apartamentos. A solução, segundo ele, é a instalação de mais pontos, mas não há recurso. 

- O orçamento nos limita muito. Temos dificuldade, inclusive, de dar manutenção nas próprias casas - relata.

Hillig também entende que o valor do auxílio alimentação talvez não atenda às necessidades dos estudantes, entretanto é um instrumento emergencial e que está sendo pago com base no valor da bolsa Prae, dentro dos limites financeiros atuais.

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