A simplicidade de um homem que carregava a imagem da Mãe Peregrina pelas ruas e estradas de chão de Santa Maria e da Quarta Colônia talvez não permitisse imaginar a grandeza que viria depois. Lembrado como exemplo de missão incansável e considerado inspiração para a vida de milhares de fiéis, o venerável diácono João Luiz Pozzobon construiu uma trajetória que ultrapassou fronteiras e, hoje, é estudada não apenas pela fé, mas também pelo impacto histórico e comunitário que deixou.
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E a magnitude do trabalho construído por ele se confirma mesmo 75 anos depois: fiéis de 26 países viajaram até Santa Maria para celebrar o Encontro Internacional da Campanha da Mãe Peregrina, compartilhar relatos sobre a vida e a trajetória de João Luiz Pozzobon, cujo legado continua tocando corações em todo o mundo.
Ao todo, 700 pessoas estão inscritas no encontro, que teve início na quarta-feira (10) e segue até domingo (14), com a Romaria da Primavera (veja detalhes abaixo).
Presente em Santa Maria desde terça-feira (9) para participar do Congresso Internacional Nos Passos do Peregrino, evento acadêmico dedicado à vida e à obra do venerável, o Superior Geral do Instituto Secular Padres de Schoenstatt e presidente da obra Internacional de Schoenstatt, Alexandre Awi Mello, fala sobre a dimensão global e o impacto da missão de João Luiz Pozzobon, que hoje está presente em mais de 100 países ao redor do mundo.
Segundo ele, a campanha chega a hospitais, escolas, presídios e lares de famílias, incluindo crianças e jovens, e leva consigo o espírito e o exemplo de dedicação do venerável. Ele destacou ainda alguns trabalhos, como a fundação da Vila Nobre da Caridade, e relembrou as muitas vezes que João percorria estradas da Quarta Colônia:
— Sou brasileiro, e saber que um gaúcho conquistou o mundo com sua simplicidade, com um trabalho sério, profundo, apaixonado e entusiasmado é motivo de orgulho. Talvez muitos aqui, em Santa Maria, não reconheçam a grandiosidade de sua presença, mas este evento mostra que as fronteiras da cidade se abriram para o mundo por meio da Campanha da Mãe Peregrina e de João Pozzobon, hoje venerável. Ele caminhava por estradas da Quarta Colônia, dormia no caminho para levar a Mãe às famílias. A entrega radical de João a Jesus, pelas mãos de Maria, e seu serviço aos mais pobres continuam contagiando o mundo. Esse exemplo é um sinal de esperança que hoje se reafirma neste encontro internacional.

Legado que enche a família de orgulho

Humberto Pozzobon, 83 anos, filho mais novo do venerável diácono João Luiz Pozzobon, esteve presente na abertura do Encontro Internacional da Campanha da Mãe Peregrina em Santa Maria. Vestido com um terno azul, ele carrega uma semelhança impressionante com o pai. Ele nasceu e cresceu na casa localizada na Avenida Osvaldo Cruz, 697, no Bairro Km 3, uma das residências do pai que hoje se tornaram pontos de visitação e pedidos de graças.
— Como filhos, não tínhamos noção da grandeza das coisas que ele fazia, porque ele era um pai normal, igual a todos. Agora, com o tempo, percebemos que a coisa era bem diferente do que pensávamos, muito maior do que a gente imaginava. Para a família, ele foi muito amoroso, muito dedicado. Ele dizia: "Se eu me descuidar da minha família, não adianta eu mover o mundo". Muito orgulho. É uma alegria muito grande ter um pai assim – comenta o filho.
No evento, Humberto foi cercado pelos fiéis. Foram muitas selfies em poucos minutos. Para ele, a atenção é motivo de alegria:
— Nós também participamos e sentimos aquela emoção, aquela gratidão de ter um pai tão maravilhoso que reuniu tantas pessoas. É simplesmente fantástico.

No evento, Humberto entrou carregando a imagem da Mãe Peregrina com a ajuda de João Luiz Pozzobon, neto do diácono. Ao Diário, ele conta como tem a história conectada com a do avô. A mãe dele tinha 40 anos quando engravidou, já era mãe de duas meninas e via naquela gestação a última chance de ter um filho homem. No entanto, durante a gravidez, em 27 de junho de 1985, o avô faleceu.
No velório, a mãe de João fez uma prece: pediu que a criança nascesse saudável e que fosse um menino. Caso isso acontecesse, iria receber o nome dele.
E para a grande surpresa de todos, o parto, que estava estava previsto para janeiro, foi adiantado. Em 12 de dezembro, no dia do aniversário de João Luiz Pozzobon, o menino veio ao mundo.
— Não vejo isso como coincidência, realmente tem alguma coisa. Isso já estava no plano dele. Pra mim, é uma honra, uma responsabilidade carregar o nome do meu avô – destaca.

Hoje, aos 39 anos, ele vive em Porto Alegre e fez questão de participar da abertura do encontro. Bastante emocionado, ele descreve o avô como alguém único.
— É um orgulho e uma grande honra. Mas, em primeiro lugar, ele é meu avô, como todo mundo tem o seu. Mas sabemos que ele é muito especial. As pessoas perguntam "Ah, vocês seguem os passos dele, vocês fazem que nem ele"? E a gente brinca que, como ele, ninguém é capaz. Ele era uma pessoa totalmente diferenciada. Mas a gente sempre tenta estar presente nesses momentos como família, e seguir esse legado também.

O que dizem os devotos?

Os relatos daqueles que vieram de outros países mostram a força do legado de João Luiz Pozzobon. Muitos destacam sua humildade, simplicidade e dedicação incansável e como ele conciliava família, trabalho e missão. Para os participantes, ele é inspiração para a vida pessoal e espiritual, ensinando a viver a fé de maneira concreta, com amor ao próximo, coragem e entrega. O exemplo de Pozzobon também desperta o desejo de seguir seus passos, seja renovando a missão nas próprias comunidades, seja compartilhando a mensagem e a presença da Mãe Peregrina mundo afora.
Veja, abaixo, alguns depoimentos sobre como conheceram a campanha e também qual a primeira impressão da cidade:
Guadalupe Teresita Benavidez, 17 anos – Argentina
"Eu conheci o João Pozzobon graças à formação da Campanha do Rosário Jovem no ano passado e, realmente, ele me inspira a seguir adiante, a caminhar sempre de mãos dadas com a Mater. Com a força e o impulso dela, quero chegar a todos os lugares para onde ela quiser me levar e ser seus pequenos pés. A família de Schoenstatt é tão grande que eu sentia um chamado dentro de mim dizendo: “Tenho que ir, tenho que participar disso.” Foi muito bom eu estar aqui e é algo que sempre vou agradecer à Mater. Gostei muito de tudo até agora. A cidade me encantou, fomos recebidos com um clima muito bonito, com um sol acolhedor."
Maria Eugenia Falcone, 23 anos – Argentina
"Também conheci o Don João também na formação para a Campanha do Rosário. Me encantei com a história porque me inspirou a ser missionária, a seguir levando o amor que ela me dá para os demais e não guardá-lo só para mim, porque não é um tesouro apenas meu, mas algo para oferecer aos outros. Também me inspira o fato de ele ter vivido com tanta responsabilidade: trabalho, família e, ao mesmo tempo, missão, levando o amor de Jesus aos demais. Estar aqui me parece um milagre. Não era algo que eu esperava, mas a Mãe me presenteou. É incrível estar onde tudo começou, visitar os lugares que marcaram a história de Schoenstatt e da Igreja. Aqui podemos renovar a aliança de amor, o impulso missionário e voltar à fonte de graças onde Don João começou. Estar nesses lugares onde ele viveu e com sua família é reviver o início do envio missionário. Também é como acender em nós esse primeiro fogo para levá-lo aos lugares onde vamos seguir caminhando com a Mãe."

Marta Cristina Pérez Martíne, 36 anos – Guatemala
"Conheço a história de João Pozzobon desde a infância, porque minha tia foi a primeira schoenstattiana em meu país. A partir dela, toda a minha família se envolveu no movimento. Sou missionária da Campanha da Mãe Peregrina há muitos anos. Minha cidade é Esquipulas, considerada a capital da fé na América Central. Por isso, é uma grande alegria estar aqui, com representantes de cerca de 25 países, todos unidos pelo amor e pela Campanha da Mãe Peregrina. A história de João Pozzobon é surpreendente. Ele foi um leigo comprometido que entendeu a necessidade de levar os cristãos ao encontro com Maria. Seu trabalho ultrapassou fronteiras e hoje chega a tantos lugares. Ele levou a Mãe não só às casas, mas também ao coração das pessoas. Estar aqui em Santa Maria é emocionante. Podemos compartilhar com pessoas de todo o mundo esse mesmo amor, vivido de diferentes formas. Vamos conhecer melhor a história de João Pozzobon e também trocar experiências com os outros países que vieram de tão longe."

"Sobre o meu chapéu: ele é representativo de Esquipulas, onde está a imagem do Cristo Negro com mais de 400 anos. Antigamente, os peregrinos caminhavam dias para chegar à basílica. Ao chegar, recebiam uma coroa feita de flores, frutas ou elementos da natureza. Esse chapéu simboliza essa coroa de vitória que representa a romaria realizada."

Diácono Fernando Ignacio Gonzalez Baquerizo - Equador
"Eu trabalhava em Guayaquil (maior cidade do Equador), mas viajava para o interior do país. Então, um sacerdote amigo me convidou para Schoenstatt, mas eu não podia porque ia viajar na segunda-feira e voltaria na sexta-feira. Então, o que aconteceu? Dois anos depois, ele faleceu, e eu fui para Schoenstatt porque lá fizeram toda a cerimônia de exumação para ele. Neste dia, alguém se aproximou e me perguntou se eu queria participar das atividades de Schoenstatt. Eu disse que sim. Então, comecei a participar de uma formação, inicialmente como grupo missionário de casais. Estive lá um bom tempo até fui transferido e terminei me aposentando. Então, fui morar na praia. Um dia eu estava responsável pela igreja na minha região, e umas missionárias que eu não conhecia me pediram para disponibilizar a igreja para uma reunião. Eu abri a igreja, elas se reuniram, e foi assim que conheci a irmã Norma. Ela me disse: “O que você está fazendo aqui?” Eu respondi: “Eu moro aqui.” “E por que você não trabalha para a campanha?” Desde então, continuo. Eram apenas oito missionárias, agora temos 44."
"Bom, a experiência de viver aqui neste momento é extraordinária. Estar aqui me encheu de muita alegria porque conheci o lugar onde ele viveu. Li um livro sobre a vida dele e fui conferindo tudo, e estamos entendendo perfeitamente que ele é um homem santo e um homem que nos inspira. Nós saímos no dia 7 de setembro às 20h, chegamos em Lima de madrugada e aqui no Brasil chegamos às 6h da manhã desta quarta, mas tudo bem. Totalmente de acordo. Não havia como dizer que estou mal ou entediado, porque eu vinha com uma expectativa. Queria conhecer e saber mais sobre o diácono."

Padre Johnson Panthappillil John – Índia
"Conheci a história de João Pozzobon quando estudava com os padres em Schoenstatt, na Alemanha. Depois, voltei ao meu país e comecei a trabalhar com o Movimento. Mais tarde, na América Latina, especialmente no Paraguai, conheci ainda mais sobre o diácono João Pozzobon.
Para mim, ele é uma grande inspiração: um homem humilde, um pai de família, alguém comum que fez coisas simples e, com isso, alcançou a santidade. Essa simplicidade é também um chamado para nós: viver como ele, na família, como diácono, como cristãos no mundo todo.
Eu venho da Índia, de muito longe. Trabalho lá com a Campanha do Rosário, que está crescendo e chegando a muitos lugares. Vim conhecer mais, visitar os espaços ligados a ele, rezar pela minha pátria e levar essa missão ao meu país. Sinto-me muito abençoado por estar aqui, nesta terra tão querida de João Pozzobon."

Padre Ntiranyibagira Longin, 40 anos – Burundi
"Sou padre de Schoenstatt, diretor do Santuário de Monte Sião Gikungu, em Bujumbura. O Movimento em meu país começou forte em 1962 e a Campanha da Mãe Peregrina chegou em 1974. Desde então, faz parte da nossa pastoral, com os Padres e as Irmãs de Maria. O que mais me inspira em João Pozzobon são as atividades pastorais que incluem a missão mariana: levar a imagem de Maria às famílias e pequenas comunidades, reunir as pessoas para rezar e fortalecer a vida cristã por meio da Campanha do Rosário. Foram mais de 20 horas de viagem até Santa Maria. Viemos nove pessoas: um padre, duas irmãs de Maria e seis leigos. Desde que chegamos, temos aprendido muito e vivido experiências que vão nos ajudar no trabalho pastoral em Burundi e também na região: Congo, Tanzânia, Uganda e, agora, também no Quênia."

Maria Eliane Nascimento Cesário, 65 anos – Caruaru, Pernambuco
"Conheci o Movimento há muito tempo e me emocionei com a história de João Pozzobon. Ele foi casado, ficou viúvo, precisou trabalhar e criar os filhos, mas nunca usou isso como desculpa para não servir à Mãe. Abraçou o chamado e, por causa dele, hoje as capelinhas estão em todas as casas, e não apenas nas igrejas. É a minha primeira vez em Santa Maria e considero um milagre estar aqui. Sempre tive vontade de vir. Quando cheguei ao Santuário, me senti realizada, como se fosse realmente um chamado da Mãe. Este presente dos 75 anos quem ganhou fui eu. A viagem foi longa: saímos de Caruaru às 22h, passamos pelo Recife, depois Porto Alegre e chegamos a Santa Maria quase 26 horas depois. Ainda não tínhamos nem tomado banho, mas valeu a pena. A história de João, contada em forma de teatro, me tocou muito. É diferente de ler em um livro. Sou promotora vocacional, represento-o e trouxe a capelinha comigo."

María del Carmen Vázquez – México
"Vim do México com o coração alegre para este grande jubileu, que preparamos com muito carinho, com muitas contribuições ao capital de graças e com amor à Campanha e ao serviço aos irmãos. Nos dois dias de congresso na universidade aprendemos muito e agora seguimos celebrando os 75 anos da Campanha, algo que tanto desejávamos. Foi uma viagem longa, de mais de 12 horas, quase um dia e meio. Mas não é turismo, não é lazer: é uma preparação espiritual para conhecer mais da Campanha. Pode parecer loucura, mas quando se está apaixonado pela missão, vale a pena dedicar tempo e esforço. Estar em Santa Maria é emocionante. Vemos a grandeza de um homem tão pequeno aos olhos do mundo, mas cheio do Espírito Santo. Não o vejo como um herói, mas como um homem humilde que soube escutar a voz de Deus. Isso nos ensina que todos podemos buscar a santidade nas nossas atividades cotidianas, seja como mães de família, seja levando o Evangelho aos mais frágeis, inclusive aos que vivem a pobreza de coração. Estou muito emocionada e feliz. Meu espírito está cheio de alegria por participar desse momento e por poder seguir o exemplo de vida de João Pozzobon."

Lucinda da Silva – Salvador, Bahia
"O que levo da vida de João é a coragem de caminhar de casa em casa, incansavelmente, levando a Mãe Peregrina. Às vezes penso: será que ele não se cansava? Mas ele não parava. Estar na cidade onde tudo começou é uma emoção muito grande. Uma coisa é conhecer pelos livros, outra é viver a realidade aqui, no presente. Estou muito feliz e agradecida a Deus por ter saúde para estar aqui."

Claudia Altagracia Magallanes Figueroa – República Dominicana
"A história de João Pozzobon chegou até nós na comunidade de Santo Domingo, na República Dominicana, onde temos um santuário fundado em 1973. Lá recebemos formação e conhecemos sua missão. O que mais me inspira é que ele levou a Mãe Peregrina a todos os países, para que todos conhecessem a Mãe e Rainha, Três Vezes Admirável, Vencedora de Deus."
Maritza Hernandez – República Dominicana
"O que mais me inspira é que ele levou a Mãe Peregrina a todos os países, para que todos conhecessem a Mãe e Rainha, Três Vezes Admirável, Vencedora de Deus."
Angela Maria Soriano Torres – República Dominicana
"A Palavra de Deus chega a todos os lugares e, depois de nascer em nossos corações, precisa ser levada aos rincões mais distantes. Assim como João Pozzobon levou a Mãe Peregrina a todos os cantos, também nós devemos levar a Palavra de Deus a cada lugar."

Como está o processo de beatificação?
Em junho deste ano, o processo de canonização avançou com a publicação do decreto que reconhece as virtudes heroicas de João Luiz Pozzobon, fazendo com que ele fosse declarado venerável pela Igreja Católica. Quase três meses depois, o padre Alexandre Awi Mello afirma que a causa segue avançando.
O próximo passo é a comprovação de um milagre atribuído a João Luiz Pozzobon. Um caso registrado na região já está sendo avaliado pela Igreja em Roma, e a expectativa é de que a análise leve até dois anos. Durante esse período, será verificado se o acontecimento ocorreu de maneira verdadeiramente extraordinária, sem qualquer explicação científica, podendo assim ser oficialmente reconhecido como milagre.
– Esperamos que em breve ele possa ser também um beato da igreja. Talvez o primeiro diácono permanente. É pai de família, alguém que é exemplo para muitos e que possa continuar então conquistando muitos corações – reforça Mello.

Veja, abaixo, a programação do Encontro Internacional da Campanha da Mãe Peregrina para este sábado (12) e domingo (13), que tem programação aberta ao público
Sábado
- Café da manhã nos hotéis
- Pela manhã:
- Atividades em diferentes idiomas: Colônia italiana, Casa Museu João Pozzobon, Santuário Tabor
- 11h – Santa Missa (São João do Polêsine/RS e Faxinal do Soturno/RS)
- Almoço italiano – Paróquias da Quarta Colônia
- Pela tarde: Continuidade da programação da manhã
- 18h30 – Jantar (Centro Mariano)
- 20h – Momento de louvor mariano (Santuário Tabor ou ginásio da escola Coração de Maria)
Domingo
*Programação das 8h ao 12h aberta ao público
- 8h – Romaria da Primavera
- Procissão do Santuário Tabor ao Santuário Basílica Nossa Senhora Medianeira
- 10h – Santa Missa no Santuário de Nossa Senhora Medianeira e renovação da coroação das imagens peregrinas
- Almoço de encerramento
- 14h30 – Reza do terço e bênção (Santuário Tabor)
Conheça a história

Diácono João Luiz Pozzobon, nasceu em 12 de dezembro de 1904, em Ribeirão, Rio Grande do Sul, filho de Ferdinando e Augusta Pozzobon, imigrantes italianos. Desde a infância, aprendeu a amar a Igreja e buscava viver os ensinamentos de Jesus. Aos 12 anos, revelou sentir “uma espécie de saudade, que não conseguia saciar”, descrevendo que, ao olhar o horizonte da colina de sua terra natal, parecia preencher aquele vazio. Essa saudade durou cerca de 36 anos, até que em 1947 conheceu o Santuário de Schoenstatt, em Santa Maria, e ingressou no Movimento.
Em 1950, João, comerciante, pai de sete filhos e católico fervoroso, já participava de um grupo de homens no início do Movimento Apostólico de Schoenstatt em Santa Maria, recebendo formação do Pe. Celestino Trevisan, sacerdote pallottino. No dia 10 de setembro daquele ano, foi convidado pela Irmã M. Teresinha Gobbo, do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, a levar a Imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável às famílias. A imagem, abençoada no Santuário pelo Pe. Celestino, foi entregue com a orientação: “Esta Imagem ficará sob seu cuidado. Não é preciso que reze o terço todas as noites. Apenas deverá cuidar que peregrine de casa em casa”.
João viveu intensamente a vocação familiar. Casou-se primeiro com Theresa Turcato, com quem teve dois filhos, Eli e Ari. Após o falecimento dela, vítima de tuberculose, em 1933 uniu-se a Vitória Filipetto, com quem teve outros cinco filhos: Nair, Otilia, Pedrolina, Humberto e Vilma. Ao todo, foram sete filhos, que chamava de “minhas sete joias”. Depois do casamento com Vitória, passou a morar com a família na mesma casa que, atualmente, abriga a Casa Museu João Luiz Pozzobon, em Santa Maria. Como esposo e pai exemplar, manteve simplicidade no lar e grande zelo apostólico, promovendo a vida sacramental, a fé e a dignidade entre os mais pobres. Em 1954, construiu a Vila Nobre da Caridade, com 13 casas e uma capela para famílias desabrigadas e em situação de vulnerabilidade. O espaço oferecia formação humana, educação e prática da fé, além de servir de local para celebrações religiosas.
No dia 30 de dezembro de 1972, João foi ordenado diácono pela imposição de mãos de Dom Érico Ferrari, na Capela Nossa Senhora das Graças, em Santa Maria. “Minha ordenação foi como uma flor que se abriu”, descreveu. Dedicou 35 anos à Campanha até 27 de junho de 1985, quando faleceu atropelado por um caminhão, em meio ao nevoeiro, a caminho do Santuário. Sobre sua missão, havia dito: “Se um dia me encontrarem morto no caminho, saibam que eu morri de alegria!”.Ao longo de sua vida, percorreu mais de 140 mil quilômetros a pé com a imagem da Mãe Peregrina.
Atualmente, a residência de João Pozzobon, que também abrigou a Vila, foi transformada em museu. Tudo está preservado: a sala com mesa, sofás e cadeiras; o quarto, com a cama onde escreveu na cabeceira “Cama das sete graças”; o roupeiro e os objetos pessoais. A cozinha mantém o fogão a lenha, mesa, cadeiras e utensílios originais. No armazém ainda permanecem o balcão, as prateleiras, a pia, o relógio antigo da Aes Sul, a pintura “escariola” que imita azulejos e as ferramentas de trabalho. Nos fundos, a Ermida, lugar de oração, é um dos espaços mais queridos pelos visitantes.
Capelas construídas por ele
Ao longo de sua trajetória, diácono percebeu as diversas necessidades das pessoas, especialmente as mais pobres. Preocupado em aproximar a Igreja dessas comunidades, construiu capelas que serviram tanto como espaço de fé quanto para a formação catequética. Veja detalhes abaixo:

Capela Azul – Capela do Abrigo da Mãe
Localizada na Travessa Alameda Sibipiruna, 41, Cerrito (Vila Nobre da Caridade), surgiu após João Pozzobon perceber, em 1952, o desejo das famílias de oferecer um espaço digno para a Mãe Peregrina. Construída entre 10 e 23 de dezembro de 1952, foi inaugurada no Natal com missa do Pe. Gabriel Bolzan. Inicialmente coberta com capim, era chamada “Capela do Capim” até 1964. Ali também funcionou a Escolinha Vicente Pallotti, a partir de 1954. A cor azul foi escolhida por João em referência ao manto de Maria e ao significado de abrigo.
Capela Branca – Capelinha Envio Apostólico
Situada na Rua São João do Polêsine, 50, Vila Bilibiu (Km 3), sua construção começou em 20 de maio de 1954 e foi concluída em 14 de junho do mesmo ano, com o primeiro terço rezado por 194 pessoas. A primeira missa foi celebrada em 1957. Em 1963, a capela foi transferida de local devido à expansão da estrada. Também acolheu uma escolinha a partir de 1958. Foi ponto de partida da Romaria da Primavera e local da Bênção das Sementes até 1968. Durante o período de incompreensões do Movimento de Schoenstatt, serviu como espaço para missas. A cor branca simbolizava transformação para João Pozzobon.
Capela Rosa – Capelinha do Amor
Localizada na Rua Bosque, 505, Vila Floresta, foi construída em terreno doado pela família de Gabriel Forner, após sua promessa e falecimento. As obras começaram em fevereiro de 1971, com a participação das crianças carregando tijolos. Concluída em 9 de março de 1971, foi inaugurada em 18 de abril do mesmo ano, com missa presidida pelos padres Achiles, Dorvalinho e Irineu Rubin. Para João, o rosa simbolizava fecundidade, enquanto as portas brancas representavam a inocência das crianças e as almas em caminho para o céu.
*informações retiradas do site: https://www.joaoluizpozzobon.com.br/
Linha do tempo da vida de João Luiz Pozzobon
- 12 de dezembro de 1904 – Nasce em Ribeirão, Rio Grande do Sul, filho de Ferdinando e Augusta Pozzobon, imigrantes italianos
- 1916 – Aos 12 anos, relata sentir uma “saudade que não conseguia saciar”, olhando o horizonte da colina de sua terra natal
- 1933 – Após o falecimento de sua primeira esposa, Theresa Turcato (vítima de tuberculose), casa-se com Vitória Filipetto
- Anos 1930 – Passa a viver com a família na casa que hoje é a Casa Museu João Luiz Pozzobon, em Santa Maria
- 1947 – Conhece o Santuário de Schoenstatt em Santa Maria e ingressa no Movimento Apostólico de Schoenstatt
- 10 de setembro de 1950 – Recebe da Irmã M. Teresinha Gobbo a Imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, para peregrinar entre as famílias
- 1950 – Comerciante, pai de sete filhos, participa de grupo de homens do Movimento e recebe formação espiritual do Pe. Celestino Trevisan
- 1954 – Constrói a Vila Nobre da Caridade, com 13 casas e capela para famílias em situação de vulnerabilidade
- 30 de dezembro de 1972 – É ordenado diácono por Dom Érico Ferrari, na Capela Nossa Senhora das Graças, em Santa Maria
- 27 de junho de 1985 – É atropelado por um caminhão, em meio ao nevoeiro, a caminho do Santuário de Schoenstatt. Ele não resistiu
- Atualmente – A casa onde viveu com a família, é preservada como a Casa Museu João Luiz Pozzobon, aberta a visitantes
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Saiba mais
- Associação: https://www.devotosjoaopozzobon.com.br/biografia/
- Campanha Mãe Peregrina – Movimento de SchoenstatT: www.maeperegrina.org.br/pozzobon/
- Casa Museu na Quarta Colônia – Localizada em São João do Polênise, recebe visitas e eventos cristãos;
- Casa Museu em Santa Maria – Recebe visitas. Aberta de terça a sábado, 6h30min às 12h e 14h às 17h30min. Agendamento por (55) 3347-3003 ou (55) 9 9172-1611.