Tetos, paredes e móveis com manchas escuras são comuns no período de inverno na região sul. A grande umidade e o clima abafado faz com que surja o mofo, uma verdadeira dor de cabeça para muitas pessoas que não sabem o que fazer para se livrar desse incômodo. Em Santa Maria, o assunto tem sido recorrente nas rodas de conversas e, principalmente, na busca de informações para saber como agir e como evitar o tão temido mofo dentro das casas.
Segundo o meteorologista, Gustavo Verardo, o início do mês de julho e agosto deste ano foi marcado por uma sequência de dias cinzas e úmidos. Esta condição facilitou a proliferação do bolor na residência de vários gaúchos.
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Formação
O mofo é constituído por um fungo com grande capacidade de reprodução. O microorganismo se espalha através de esporos que formam uma colônia quando encontram locais umedecidos e escuros.
A professora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Maria Angelica Linton, explica que essas estruturas são carregadas pelo ar e pelo vento, por isso o mofo pode atingir os lugares mais inusitados.
– Se você passar o dedo em cima de uma superfície com mofo vai perceber que a sua pele vai ficar meio cinzenta parecendo que tocou em poeira. Essa “poeira” contém milhares de esporos e cada um deles tem potencial de dar origem a um novo fungo – relata Linton.
A proliferação desse microrganismo deve ser evitada e para isso uma boa higienização da casa é essencial. Não existe solução mágica para o problema, mas algumas medidas podem e devem ser tomadas para combatê-lo.
Como limpar e prevenir
Cássio Nunes Siqueira é fundador e diretor da empresa de limpeza Cia das Diaristas e afirma que a situação nas residências está preocupante:
– Esse inverno foi um caos, nunca tivemos tanta solicitação de remoção de mofo. Recebíamos pedidos de orçamento ou de limpeza no mínimo três vezes por semana – relata.
O ideal é tentar eliminá-los logo no começo para que uma colônia não seja desenvolvida. Apesar da limpeza exigir esforço existem algumas dicas que podem ajudar:
Água Sanitária
O produto utilizado pela companhia é o detergente clorado que pode ser substituído pela água sanitária. Segundo o diretor, esse produto é o mais eficiente para a limpeza de mofo.A sugestão é colocá-lo em um borrifador, deixar agir por até 15 segundos e depois utilizar uma esponja, escova ou pano para fazer a remoção. Por fim, finalizar a limpeza lavando o local com detergente neutro.Entretanto, por ser uma substância muito forte é necessário tomar alguns cuidados ao manuseá-la. A utilização de óculos de proteção, máscara e luvas são essenciais durante o processo de higienização.
Desinfetantes
De acordo com a bióloga, bons desinfetantes podem ser utilizados na remoção do mofo. Eles evitam que o bolor se espalhe, são mais fracos que a água sanitária e muitos possuem propriedades anti-fúngicas.
Bicarbonato de Sódio
Uma solução mais caseira é o bicarbonato de sódio. Em um borrifador adicione ¼ de bicarbonato para cada xícara de água e espalhe sobre a superfície. Depois é só esfregar as manchas pretas e lavar com água.
Vinagre
Embora o vinagre branco possa deixar um cheiro desagradável no ambiente, ele é um bom aliado na limpeza do fungo. A dica é borrifar uma boa quantidade sobre o bolor e deixar agir por uma hora. Em seguida lavar a área com água e deixar secar.
Além da limpeza é preciso tomar alguns cuidados para que o fungo não volte a se desenvolver. A professora recomenda deixar os ambientes abertos, locais arejados e com incidência solar são menos propensos ao mofo.
Também deve-se considerar a remoção de objetos que podem acumular o fungo durante períodos de grande umidade, como tapetes e carpetes.
Cássio orienta que para evitar a contaminação em roupas e móveis é preciso deixar as portas dos armários abertas pelo menos duas vezes na semana. Calçados também podem acumular mofo, por isso é preciso deixá-los arejando antes de guardar. Outra sugestão é não encostar os móveis na parede para que haja uma ventilação maior.
Itens desumidificadores também são boas opções para esse período. Além dos produtos comercializados, o diretor indica o uso de pó de giz.
– Uma dica é colocar pó de giz em recipientes e guardar dentro dos móveis e espalhar pela casa, pois ele absorve a umidade. É uma alternativa eficaz e econômica.
Um risco para saúde
Além de visualmente desagradável, o mofo também pode desencadear problemas de saúde. De acordo com a pneumologista Alessandra Fleig, mais de 100 doenças podem ser pioradas ou, até mesmo, causadas pelo fungo.
– O mofo provoca principalmente a piora de situações alérgicas. Do ponto de vista respiratório, rinites e asmas são quadros que podem ser fortemente agravados. Além disso, ele pode causar doenças que não são tão conhecidas, como infecções bacterianos secundárias ou a pneumonia de hipersensibilidade que pode levar a fibrose pulmonar. – alerta a médica.
Alguns sintomas como tosse, falta de ar, chiado no peito e obstrução nasal podem ser sinais de uma reação ao fungo. É preciso ficar atento e procurar ajuda profissional quando necessário.
– Diariamente atendo pacientes com problemas agravados ou causados pelo mofo. Esse é o meu dia a dia do inverno e os pacientes não vão melhorar os sintomas enquanto o ambiente não estiver livre dessa condição. Se você tem dúvidas ou está com sintomas procure atendimento médico – afirma Alessandra.
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