Uma guerra que mata gente inocente

Passava das 22h do dia 23 de dezembro quando, Evair Ribeiro Xavier, 19 anos, foi atingido por pelo menos quatro tiros. Segundo a Brigada Militar, ele estava
com um grupo de amigos na Avenida Secundária, na Vila 7 de Dezembro, momento em que quatro homens em duas motocicletas teriam passado atirando nos jovens que estavam parados.

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Segundo investigações da Polícia Civil, o autor do crime seria um adolescente de 17 anos, à época dos fatos. Porém, o atirador, que foi baleado dias depois, teria errado o alvo. Os tiros seriam direcionados a outro homem que, segundo a polícia, é envolvido com o tráfico de drogas e tem ligação com a Turma dos Cebolas (que atua na Zona Norte).

Ele teria inclusive participado de um roubo a uma loja de Caça e Pesca, ocorrido em 10 de janeiro em Arroio Grande.
No assalto, que durou cerca de 15 minutos, o bando fugiu levando pelo menos 33 armas _ espingardas, revólveres e pistolas _, e aproximadamente 1 mil cartuchos de diversos calibres e material de pesca.

A ação foi interceptada pela BM, que recuperou o arsenal e prendeu sete pessoas. Todas foram autuadas em flagrante por roubo qualificado e formação de quadrilha. Na época do crime, especulou-se sobre o destino que seria dado às armas.

_ Eles roubaram a loja para se armarem para a guerra _ afirma o policial.

Perigo em crescimento

Em setembro de 2013, o governo federal apresentou o resultado da mais completa pesquisa sobre o consumo de drogas a nível nacional. Conforme o levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, cerca de 370 mil pessoas, nas capitais, são usuárias de crack e similares  _ cerca de 78,7% são homens com idade média de 30 anos.

Um dado ainda mais preocupante diz respeito às crianças e aos adolescentes que, segundo o levantamento, correspondem a 14% dos dependentes, o que equivale a cerca de 50 mil usuários. Mesmo que não seja exclusividade de determinada região, Estado ou cidade, ao que parece, esse é um perigo em crescimento e causa apreensão também na Nova Santa Marta.

_ Acredito que a tendência é aumentar a violência porque, cada vez mais, estão aparecendo pontos de venda de drogas no nosso bairro. Tem muita criança que está usando drogas por aqui. Tem um colega do meu neto de 8 anos que está viciado em crack  _ revela uma moradora da Vila 10 de Outubro.

Mesmo que baseada apenas no que observa em seu cotidiano, a expectativa desta moradora é amparada cientificamente. Durante um trabalho de pesquisa (feito a partir de dados oficiais da polícia, pois a comunidade preferiu o silêncio), a pesquisadora Suelen Gonçalves concluiu que, de 2010 para cá, a criminalidade no bairro vem crescendo.

Os números corroboram com a afirmação da cientista social na medida em que demonstram um aumento gradativo no número de mortes no Nova Santa Marta. Em 2008, dos 23 assassinatos registrados a"