Ficou o legado

Santiago chora pelas vítimas do acidente na BR-287

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No dia em que seis vítimas do acidente de trânsito na BR-287, em São Vicente do Sul, foram enterradas, moradores de Santiago, onde moravam as pessoas, ainda tentavam procurar forças para se recuperar. Na cidade, não há quem não tenha conhecido ou mesmo convivido com Anair Rodrigues de Assis, 74 anos, Catarina Heyna, 52, Jane Teresa Polga, 56, Lice Izabel Uberti Bertazzo, 60, e Vanilse e Luciana Poleto Silveira, 35 e 3, respectivamente.

Todas estavam em um micro-ônibus da prefeitura de Santiago, que colidiu em um caminhão, na manhã de quarta-feira. Além dos seis mortos, 20 pessoas ficaram feridas, entre elas, os motoristas dos dois veículos.

As vítimas buscavam atendimento médico em Faxinal do Soturno. Na esperança de um tratamento para problemas oftalmológicos ou mesmo como companhia, elas perderam a vida no trágico acidente.

Durante os enterros, que ocorreram pela manhã em cinco diferentes cemitérios de Santiago, mais de duas centenas de pessoas acompanharam os cortejos. Uns tentando ainda entender o que tinha acontecido, outros eram amparados por amigos e familiares das vítimas.
- Conhecia todas apenas de vista, mas, mesmo assim, fui até o cemitério para prestar solidariedade. Eles (os familiares das vítimas) têm de saber que a têm o apoio dos moradores - disse Verônica Santos Medina, 64 anos, que esteve no Cemitério Municipal na manhã de ontem, no enterro de Vanilse e Luciana.

Lice, a mãe zeloza de todos



Conhecida de praticamente todos os setores de Santiago, Lice (na foto, à dir.), 60 anos, junto com o marido Zenir Bertazzo, 62, era muito atuante. O casal, que nasceu e se conheceu na cidade, era da patronagem do CTG Coxilha de Ronda e fazia parte da associação de bairros. Mas foi nas escolas em que trabalhou que Lice fez mais amizades. Ela estava aposentada há 6 meses como merendeira da Escola Municipal João Evangelista. Na profissão, trabalhava há cerca de 30 anos e atuou também em outras instituições de ensino da cidade. Lice morreu a caminho de Faxinal do Soturno. Ela viajava para fazer uma cirurgia nos olhos.
- Ela era querida por todos, desde professores e outros funcionários, até alunos - conta uma das filhas dela, Liliane, 36 anos, que mora em Caxias do Sul e chegou na quarta-feira a Santiago para dar o último adeus à mãe.

Liliane trouxe junto os filhos: Angélica, 20 anos, Artur, 5, e Sofia, 1. Foi Lice quem ajudou a criá-los, durante os seus momentos de folga, bem como fez com Vitor, 11 anos, filho do coração que entrou na vida da merendeira aposentada quando ainda era bem pequeno.

Lice também tinha as filhas Catiane, 34 anos, e Cristiane, 31, que está grávida de um menino.
- Minha mãe ia ajudar a cuidar desse neto também, porque era uma mãe exemplar, muito zeloza e cheia de carinho para dar - lembra Liliane.

Mas as delícias da profissão não ficaram resguardadas somente aos alunos das escolas. Lice era uma cozinheira de mão cheia e fazia de tudo um pouco. Bolos, pães bem altos, cucas e chimias eram algumas das especialidades da mãezona, que vivia para fazer o bem aos seus e transmitir os bons sentimentos aos que estavam ao seu redor.

Luciana, a filha amada, planejada e esperada por Vanilse



Em uma casa humilde de madeira, na Rua General Canabarro, Zulmira Silveira, 83 anos, a bisavó da pequena Luciana Poleto Silveira, 3, lembra com saudade da bisneta, que morava com ela. Todas as manhãs, a"

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