Santa Maria é o lar do primeiro Santuário de Schoenstatt do Brasil, que completou 75 anos

Na mudança da Avenida João Luiz Pozzobon para a Avenida Nossa Senhora das Dores, encontra-se uma pequena estrutura, coberta por uma videira: o Santuário de Schoenstatt. O local completou 75 anos, em 11 de abril, e neste mês, vai ter diversas atividades para comemorar o aniversário de fundação, como uma procissão luminosa e um alvorada no local. Além de ser um espaço de refúgio para os fiéis, a história da construção do Santuário Tabor de Santa Maria também é um dos pontos que deixa o local mais especial. 

O Santuário Tabor de Santa Maria foi fundado em 11 de abril de 1948, o primeiro do Brasil. A ideia de construir o local em terras brasileiras começou pelas irmãs do movimento de Schoenstatt, que vieram da Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. A capelinha na cidade de Schoenstatt, na Alemanha, inaugurada em 18 de outubro de 1914, era a casa das irmãs que precisaram vir ao Brasil, para fugir da guerra. Por isso, como uma maneira de lembrar do lar, trouxeram uma foto do Santuário, mas não foi o suficiente, a saudade de casa continuava.

Construção do Santuário em Santa Maria

O líder do movimento, o Padre José Kentenich, estava preso em um campo de concentração na época, mas em cartas trocadas com membros do grupo, afirmou que Schoenstatt significa “em todo lugar”. Assim, o Santuário não precisava estar localizado apenas na Alemanha, e começou a ser realizada construções da capela, réplicas da original, em outros países. 

Para a Irmã Rosequiel Fávero, 55 anos, que está há 37 anos como irmã de Maria, e já atuou na Alemanha e na Itália, o movimento é uma corrente de vida. São diversas comunidades pelo mundo, com a mesma espiritualidade.– São pessoas que assumem uma dimensão da espiritualidade católica, que dá força, da vida, para seguir adiante. Temos muitas famílias, pessoas de diversas profissões e jovens, que estão procurando o seus caminhos, no movimento.

Inauguração do Santuário de Tabor. Foto: Arquivo do Santuário Tabor – Schoenstatt

O primeiro Santuário, fora da Alemanha, foi no Uruguai, em 18/10/1943

O Padre José Kentenich esteve presente na inauguração da capela em Santa Maria

Cada Santuário no mundo tem o próprio nome. O de Santa Maria é chamado de Tabor, que significa “aqui é bom estar” 

Tabor faz referência ao monte de mesmo nome, localizado atualmente, na República Tcheca. Na bíblia, é citado três vezes, e é o local onde ocorre a transfiguração de Jesus Cristo 

A videira que cobre a estrutura, foi plantada pelo próprio Padre Kentenich, e mesmo após 75 anos, continua dando frutos

No Brasil, são 23 Santuários de Schoenstatt. No mundo contabilizam 180, presentes em todos os continentes

Uma semana após a inauguração, em primeiro plano o Padre Celestino Trevisan. Foto: Arquivo do Santuário Tabor – Schoenstatt

Atualmente, em Santa Maria, são 60 irmãs que residem no local e cuidam do Santuário, sendo uma delas de Portugal

Além de vários fiéis que participam das missas, são mais de 700 missionário, e existem as Ligas, como a de famílias, de mães, dos homens e da Juventude feminina e masculina de Schoenstatt 

Durante os meses, cada pessoa coloca bilhetinhos em uma urna, com escritas de agradecimento, orações e realizações. Como símbolo de um presente de amor à Mãe de Deus. E, em todos os dias 18, de cada mês, é feito o “Capital de Graças”, em uma missa, onde são queimados esses bilhetes na frente do altar, para serem atendidos pela Mariaa 

Em Itaara, tem o Centro de Formação dos Irmãos de Maria, onde tem um Santuário também

O Diácono João Luiz Pozzobon, foi um discípulo do Padre Kentenich. Em 1959, ele colocou pequenas imagens da Mãe Peregrina, para visitar mensalmente famílias do movimento. Quase seis décadas depois, somente no Brasil, cerca de 140 mil imagens peregrinas visitam milhões de famílias em todos os estados brasileiros. O Diácono faleceu em 1985. Seu processo de beatificação é iniciado em Santa Maria, em 12 de dezembro de 1994, por Dom Ivo Lorscheider. Ele pode ser chamado de “Servo de Deus”, mas os fiéis aguardam o processo de canonização

Entre os projetos sociais desenvolvidos, está o Centro de Referência Familiar Recanto do Sol, que atende crianças e jovens de 3 a 14 anos. Oferece acompanhamento odontológico, pediátrico, psicológico, de assistência social e apoio pedagógico. Além disso, têm diversas oficinas, como de violão, violino, flauta, dança contemporânea e gaúcha. O local começou pela iniciativa da missionária irmã Vitória Koch.

Movidos pela fé

Irmã Rosequiel Fávero Suzana Isaia Pignataro (à partr da esq.); Ivete Da Cas Maffini e a Sandra Regina Spiazzi AntunesSolimar Camargo Costa

Convidado por um amigo para participar do movimento da Juventude, o supervisor de atendimento Solimar Camargo Costa, 55 anos, sentiu-se vinculado à fé, desde a primeira vez. Hoje, é integrante da Liga das Famílias de Schoenstatt, além de conhecer mais de 12 Santuários.– Cada ano que passa, tem questões que nos atraem, como a vinculação a Maria, o amor ao Santuário, toda temática da espiritualidade. Diante disso, hoje eu, minha esposa e minha filha fazemos parte do movimento. 

Como Solimar, a professora de educação física aposentada Sandra Regina Spiazzi Antunes, 64 anos, começou a frequentar a capela Tabor, desde a juventude. Atualmente, é dirigente da Liga das Mães, onde atuam em projetos sociais na cidade.– Todas as segundas-feiras rezamos o terço no Santuário, que é responsabilidade da Liga das Mães. É um abrigo aqui, uma maneira de nos transformar, e depois levamos as bênçãos daqui para quem mais precisa. Temos as Mãos de Maria, onde levamos roupas para bebês nos Hospital Universitário (Husm) e no Casa de Saúde. Temos mais de 200 mães em Santa Maria. 

Com a imagem da Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável (Mãe Maria), nos braços, a aposentada Suzana Isaia Pignataro, 82 anos, contou que pertence há 29 anos do movimento de Schoenstatt.– Comecei de uma forma diferente. Minha filha que frequentava o Santuário. Comecei a vir com ela, nas missas do dia 18, até que uma irmã me convidou para participar do grupo das Mães, e estou aí até hoje. Uma curiosidade é que minha filha, Joana, nasceu no dia da fundação da capela em Santa Maria, em 11 de abril. 

Já a história da aposentada e dirigente de grupos Ivete Da Cas Maffini, 72 anos, começa em 1969, no Encontro Nacional da Juventude Feminina. A partir de então, apaixonou-se por Nossa Senhora.– Depois que eu me aposentei, me dedico quase todo tempo ao movimento. Eu trouxe minha mãe e minhas irmãs também. Temos lugares para todos aqui, e cada grupo tem as suas especificidades, o que é muito importante. 

Programação

22/04 – De manhã, dia de reflexão e estudo no Centro Mariano

19h30min – Santa Missa na igreja matriz da paróquia Nossa Senhora das Dores. A seguir, procissão luminosa eucarística que sairá da Igreja das Dores em direção ao Santuário Tabor, com previsão de término às 22h.

Noite de vigília junto ao Santuário.

23/04 – 6h – Aurora festiva no Santuário (amanhecer festivo diante do Santuário para abrir o dia Jubilar, com toque de clarins e orações) neste momento também será feito a acolhida dos peregrinos.

A partir das 8h30min – manhã de louvor e gratidão no ginásio poliesportivo do Clube Dores

12h – Almoço no salão da paróquia Nossa Senhora das Dores e lanches no pátio do Centro Mariano

A partir das 13h – Atividades alternativas junto ao Santuário Tabor (oração do terço junto da Mãe Peregrina Original, adoração eucarística na Capela Tabor, exibição do filme ‘Presença e herança do Padre José Kentenich junto ao Santuário Tabor’, possibilidade de visitar a ‘Galeria dos Heróis’, oração silenciosa no Santuário)

14h30min – Santa Missa festiva diante do Santuário