Quando a conta veio sobre a conta que achei que deveria prestar

Daniela Minello

Quando a conta veio sobre a conta que achei que deveria prestar

Por que nos é cobrado, o tempo inteiro, que temos que dar conta, sem margem de erros, por sermos mulheres, mães, profissionais, filhas, amigas, irmãs…? Por que achamos que temos que prestar esta conta para alguém? Por que nos cobramos tanto? Quando nos cobramos, achando que devemos algo que nos foi imposto e condicionado socialmente, a conta vem para nós com muitas taxas. Taxas essas que pagaremos com nossa saúde física e saúde mental. Um pagamento acompanhado por juros e correções de algo que por muitas vezes não demos conta.

Por que nos é cobrado, diante de uma sociedade, a perfeição perante tudo aquilo que executamos? Por que temos que executar quase sempre sozinhas? Quem disse que ser mulher é ter que dar conta de tudo? Que conta é essa? Quem inventou essa estratégia ilógica e desumana socialmente enraizada durante tantas gerações?

Quando passei a perceber que a conta da minha vida estava relacionada àquilo que coerentemente eu faço, bem como o juízo daquilo que é prioridade para mim, deixei de lado os encargos das contas que não me pertenciam, mas que estavam relacionadas a um modo arcaico de pensar sobre o que é humanamente suportável por uma mulher. A imagem da mulher perante a sociedade foi quase sempre de perfeição, na qual teria que “dar conta” de tudo e, ainda estampar a estética da felicidade com o julgamento comparativo alheio. Até hoje temos vestígios perante esta conta que foi sempre mal calculada em suas estratégias machistas.

Se buscarmos compreender o sentido do termo “dar conta”, perceberemos algo distante do que é real, distante do ideal. Dar conta de algo, é para nós mesmos e não para os outros. Por que a necessidade de provar para os outros, que o que fizemos, sempre tem que dar certo? Isso não é “ser” humano? Quem é humano de verdade, se permite não dar conta de tudo sempre, mas agindo com naturalidade no propósito de tentar outras vezes. Nossas Avós e nossas Mães, quem sabe, também não deram conta mas tiveram que em seus sofrimentos, calar diante daquilo que lhes era cobrado por um padrão comportamental machista em seus casamentos.

Mulheres essas que talvez carregaram e/ou carreguem até hoje os altíssimos números dessas contas que desumanamente não fecharam com suas condições físicas e mentais de suportarem. O sofrimento fazia parte e se chamava silêncio, habitando em inúmeras vidas, em que essas não davam conta e não tinham para quem contar e nem com quem contar.

Hoje, quando nos sentimos felizes e realizadas diante daquilo que fazemos, é porque estamos conseguindo dar conta de nós mesmas e de tudo o que assumimos. Aquilo que você acha que dá conta, na verdade, é aquilo que te dá prazer e que você faz no seu tempo, no tempo que tem sabor, no tempo que tem respiração, no tempo que tem sentido e não no tempo dos outros. Quem disse que temos que andar na vovidade do que nos é imposto como sendo para ontem?

O hoje, é o que vale. Se eu der conta daquilo que eu me propus a fazer hoje, tudo bem. Se eu não der conta, vou repensar e tentar num outro tempo. Dar conta das coisas, requer uma coerência entre um fator chamado espaço-tempo e sentimento, que compete à minha tomada de decisão diante da execução que é regada de motivações para a manutenção da minha integridade física, mental e espiritual. Se dermos conta daquilo que nós nos propusermos a fazer de um jeito humanamente concebível, a conta virá de forma saborosa com acréscimos do zelo pela sua vida. Agora, quando a conta não der resultados satisfatórios quanto a expectativa dos outros por você, não dê bola. Pra quem você têm que prestar esta conta? Para você! Para Deus! Para os seus!

Aproveite essa rede de apoios que você tem a sua volta. Opa! Não tem com quem contar? Nós, somos as suas redes de apoios. Nós mulheres que nos colocamos aqui diante das nossas fragilidades, assumindo que não somos perfeitas e que não precisamos dar conta de tudo e tão pouco prestar conta para alguém. Somos seres humanos que possuem o direito de adoecer, de chorar, de sentir saudades, de ficar carentes e de querer colo. Sim, nós mulheres, mães, profissionais e filhas também precisamos de colo. Colo que afaga e que te faz sentir que está tudo bem e que que tudo vai dar certo, ou pelo menos teremos o apoio para tentar reorganizar nossas vidas.

Todos os dias devemos prestar conta daquilo que estamos fazendo com nossas vidas para nós e para Deus, uma conta que agrega a reconhecer que podemos sempre repensar os fatores deste produto chamado vida. Que não acumulemos funções a ponto de transbordar o que não daríamos conta. Quem sabe pensemos em dar conta daquilo que é presente, deste instante, do agora, da nossa vida e não de um tempo futuro que esteja distante. O futuro um dia chegará e virá acrescido de outras tantas contas que transformar-se-ão em presente.

Então não nos antecipamos nas etapas que podem inclusive mudar o percurso das nossas vidas. Uma vida feliz e bem vivida, é uma vida aprendida e vivenciada em suas nuances durante cada etapa. É sentir prazer em ser quem você é e fazendo o que você consegue dentro de suas condições, metas e propósitos. O que você está fazendo com a sua vida? Tem coerência com seus princípios? Que possamos viver um dia de cada vez contando sempre com a nossa integridade física e mental.

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