Educação

Quais foram as mudanças feitas na UFSM 20 anos após dar adeus ao seu fundador


Foto: Lucas Amorelli (Diário)

O nome de um dos mais eminentes cidadãos da cidade permanece vivo na memória e no legado de 83 anos de trajetória. Nesta quinta-feira, duas décadas após sua morte, as ideias de José Mariano da Rocha Filho, ainda correm corredores universitários e são lembradas por amigos e familiares. O conhecimento do fundador e primeiro reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), primeira instituição superior pública do interior do país, extrapolou o Coração do Rio Grande. José Mariano foi emblemático no processo de democratização do acesso ao ensino superior no Brasil e na América Latina. Em vida, suas propostas, sonhos e a visão expansionista, orientaram o desenvolvimento e os rumos da educação.

Exposição em homenagem ao fundador da UFSM pode ser conferida neste mês em museu

Nos últimos 20 anos, a UFSM é referência a apresentar, a cada ano, mudanças que priorizaram o cuidado humanístico, a implantação da tecnologia e qualidade técnica de toda comunidade acadêmica. Em 1998, a universidade constituía um quadro de 12.656 alunos, 110 cursos e 1.215 docentes.

Talvez, nem o próprio jovem, médico aos 22 anos, formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, imaginasse que chegaria tão longe. Atualmente, sua criação, contempla 268 cursos, 27,6mil alunos, 1,9 mil docentes, 2,7 mil técnico-administrativos em Educação distribuídos em quatro campi: Santa Maria, Palmeira das Missões, Cachoeira do Sul e Frederico Westphalen.
Em um dos trechos de uma biografia do médico, escrita em 2014 pela filha Izabel, José Mariano estava orgulhoso. Após uma viagem à Europa, em 1996, onde fez visitas a outras instituições, referiu:
_ Eu não equipei a Universidade de Santa Maria, eu equipei o Brasil inteiro. 


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Vice -reitor da instituição, Luciano Schuch, enfatiza que a cidade e região se transformaram a partir da criação e do pensamento sempre vinculado ao progresso de Mariano:

_ Ele era um visionário. Sempre imaginou uma universidade internacional, que cumprisse com seu papel social e econômico.
Antigo servidor, amigo e um admirador do ex-reitor, o contador aposentado Argemiro Martins Coelho, 72 anos, tinha apenas 25 anos quando pode trabalhar dentro do gabinete: 

_ Foi uma honra eu, tão novo, trabalhar com o Mariano. Viajei, considerei amigo e, de certa forma um pai para mim. Era uma liderança educacional e política que quando colocava algo na cabeça, ninguém tirava. Foi que oportunizou que os mais humildes, e eu me enquadro, não precisassem sair da cidade e ter um curso superior. Foi o cara que fez de um curso de Farmácia, uma universidade, com muitos cursos, todos batalhados. 

PAI E AMIGO

Casado com Maria Zulmira Dias Mariano da Rocha, pai de 12 filhos e avô de 26 netos e nove bisnetos. Aos 99 anos, a viúva do médico ainda faz questão de viver no imóvel da família, a casa rosa da esquina da Rua Venâncio Aires com a Avenida Rio Branco. A vida social e profissional nunca o fizeram ausente com os seus. Uma das filhas, a professora Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello, sintetiza:

_ Era um pai amoroso. Nos orientava sem impor. Apesar de viagens e envolvimento com a universidade, quando estava presente, se fazia presente.

Ela lembra as brincadeiras que o pai fazia com ela e os irmãos, as viagens em família e as histórias que José Mariano contava a eles. As favoritas do pai era as da mitologia grega e das tradicionalistas, como a de Sepé Tiaraju. Dos 12 irmãos, Eugenia conta que quatro se envolveram com a UFSM, dois como professores e dois como funcionários. Ela é uma das educadoras da instituição.

_ Crescer com o sobrenome dele foi difícil, sempre éramos muito cobrados na escola, embora papai dissesse que os filhos não escolheram nascer na família Mariano da Rocha e não deveriam ser culpados por isso. Eu tenho muito orgulho _ declara.

Um dos netos, Bruno Barichello, guarda na memória um dos principais ensinamentos: que a educação era o único caminho para uma nação crescer. Também recorda, com doçura, momentos entre avô e neto:

 _ Foi ele quem me apresentou a água de coco em uma praia em Santa Catarina. Dava 10 reais, na época em que o real valia muito, apenas para "torrar" em um fliperama, que tinha na Rua Venâncio Aires. Foi responsável pela minha primeira viagem de avião e esteve presente no meu primeiro passeio a cavalo na fazenda. Me incentivava como ser humano a ser generoso com as pessoas, assim como ele foi, e que era apenas assim que poderia crescer espiritualmente, e, também, a estar sempre ligado em tudo que acontece no mundo.

Em 20 anos, a UFSM sofreu grandes modificações

  • Em 2002, por meio de uma portaria do MEC, a prova de redação passa a ter caráter eliminatório
  • Em 2006, criados os campi de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões
  • Em 2007, a UFSM institui o Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social (reserva de vagas para candidatos negros, com necessidades especiais, que realizaramtodo o Ensino Fundamental e Médio em escola pública e indígenas
  • Em 2009, ocorreu o vestibular extraordinário, a primeira seleção de inverno. O concurso foi organizado em função do gigantismo que a UFSM adquiriu em termos de demanda e de oferta de vagas
  • Em 2010, o vestibular passou a ser constituído pelo Processo Seletivo Único e Seriado e pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
  • Em 2012, as provas passam a ocorrer em dezembro, de sexta-feira a domingo, havendo organização de prova especial para sabatistas
  • Em 2013, Geografia, história e filosofia são incluídas no PS1 do Seriado e A UFSM passa a reservar 37,5% de suas vagas para cotistas, atendendo à lei federal
  • Em 2014 fim do vestibular tradicional. As vagas destinadas à graduação passaram a ser preenchidas via Sistema Unificado de Seleção (SiSU), sendo que 50% delas dirigidas a alunos cotistas. Também em 2014, começam as atividades no do campi em Cachoeira do Sul, dirigida à área de Engenharia: Agrícola, Mecânica, Elétrica, Logística e transportes; e Arquitetura.
  • Em 2015, criada a Comissão da Verdade, ou Comissão Paulo Devanier Lauda de Memória e Verdade, constituída por representantes do DCE, Assufsm, Sedufsm, Consu e OAB (sociedade civil). O grupo foi instaurado para esclarecer a verdade histórica durante o regime militar no país e também os fatos até o ano de 1988
  • Em 2016, termina o Processo seletivo Seriado (Peis), com a prova com conteúdos do 3º ano do Ensino Médio
  • Em 2017, há a expansão da internet no campus central de Camobi. O Centro de Processamento de Dados (CPD) lançou um projeto através da instalação de pontos de rede wireless externa e interna
  • Em 2018, a UFSM se autodenomina uma universidade multicultural: com apoio da Secretaria de Apoio Internacional (Sai), encarregada de acompanhar acadêmicos estrangeiros. São estudantes da Argentina, Paraguai, Colômbia, Cabo Verde, Espanha, Guiné-Bissau, Gana, Equador, Itália e Uruguai. A universidade efetiva parcerias com governos e instituições de outras nações, visando a pluralidade do ensino, pesquisa e extensão e convênios internacionais e o termo de parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, demonstra o apoio à proposta de reserva de vagas para refugiados na Universidade

As homenagens ao fundador

  • Concessão de Título de Cidadão Emérito de Santa Maria _ Concede o título emérito ao professor Dr. José Mariano da Rocha Filho, reitor da UFSM. Lei Municipal 1149/64, a partir do projeto de lei 1454/1963 de autoria do vereador Soel Maciel de Oliveira
  • Comenda "Dr. José Mariano da Rocha Filho" _ Instituída pelo Decreto Legislativo 01/1999, Resolução Legislativa 06/1999 e Lei Municipal 5208/09, revogada pela Lei Municipal 6040/2016, que consolida a legislação referente à concessão de medalhas, comendas, prêmios, certificados, troféus, distinções, títulos de benemerência e outras condecorações instituídas por leis, decretos e resoluções municipais, no âmbito do Poder Legislativo Municipal. Projeto de Lei 8335/2015 da Mesa Diretora da Câmara 
  • Referenda o título de Santa-mariense do Século _ Concedido ao professor José Mariano da Rocha Filho, e dá outras providências. Lei Municipal 3434/92, a partir do projeto de lei 4418/1991, de autoria do vereador Arnildo Müller
  • Denominação da Casa da Cultura de Santa Maria _ Denomina de Dr. José Mariano da Rocha Filho a Casa da Cultura de Santa Maria e dá outras providências. Lei Municipal 4719/2003, a partir do projeto de lei 6381/2003, de autoria do vereador Danier Avello

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