com a palavra

Professora da Quarta Colônia fala sobre trajetória e desafios da educação



Fotos: Elaine Fagan (arquivo pessoal)

A professora estadual no município de São João do Polêsine Elaine Binotto Fagan, 51 anos, nascida em Ivorá, é casada há 28 anos com Gilson Luiz Bissacotti e é mãe de Bianca, 21, e de Emanuel, 15. Graduada em Filosofia e História pela UFSM, ela também é mestre em Patrimônio Cultural pela UFSM. Atualmente, Elaine faz especialização em Orientação Educacional, além de ser gestora da Escola Estadual de Educação Básica João XXIII, em Polêsine. Elaine se considera uma pessoa vitoriosa em vários aspectos, entre eles, pela oportunidade de escrever sobre a história da Quarta Colônia e ser professora, defendendo a bandeira de uma educação pública de qualidade. Conheça um pouco da trajetória de Elaine, na entrevista a seguir.

Diário - Como foi a sua infância na Quarta Colônia?
Elaine Binotto Fagan
- Nasci no interior de Ivorá, Linha 1. Filha de pequenos agricultores, tive uma infância de muitas responsabilidades. Cuidei dos meus irmãos mais novos, fiz serviço de casa e estudei. Por várias vezes, ajudei meus pais na lavoura, principalmente nas férias escolares. Isso me fez entender, desde cedo, o que desejava para minha vida. Por acompanhar o trabalho sofrido dos meus pais, busquei outro caminho para a minha realização profissional. Para ir à escola, fazíamos, a pé, diariamente, seis quilômetros. Aguardávamos nas "porteiras" os amigos e colegas para irmos conversando até lá. Foi um período difícil. Enfrentei sol, chuva, calor, frio, sem jamais pensar em desistir. Graças à persistência e à força da família, vencemos.

Diário - Fale um pouco da sua trajetória profissional.
Elaine
- Assumi, através de concurso público no Estado do RS, como professora em 1995. Desde aquele ano, lecionei no Ensino Médio e Fundamental nas disciplinas de História, Filosofia e Sociologia. Em 2016, assumi a direção da Escola Estadual de Educação Básica João XXIII, função que ainda exerço. Desde 1995, passei por muitos desafios na área educacional.

Diário - Que desafios enfrentou na educação pública?
Elaine
- Os maiores desafios na educação pública é a desvalorização dos profissionais. Estamos ficando doentes pela falta de comprometimento, compromisso e respeito por aqueles que deviam nos proteger e motivar. Somos base para o desenvolvimento de qualquer nação. Todos os países que enfrentaram crises investiram maciçamente em educação para alavancar o crescimento. Já o nosso Brasil é um país riquíssimo em vários setores, mas, infelizmente, mantém uma visão política de privilégios para alguns. É preciso repensar. Nós, professores, estamos sendo desvalorizados incessantemente, tanto no sentido salarial, como profissional e ético. A educação precisa sair do discurso dos palanques eleitorais e assumir o verdadeiro papel de transformador da realidade. A sociedade precisa se unir e defender uma educação pública de qualidade, exigindo respeito ao papel do professor, com salário digno e condições adequadas de trabalho. É preciso que as famílias, a sociedade e o estado entendam que a profissão de professor/educador é a única que permite a formação de outros profissionais. Amo o que faço, mas me entristece ver o descaso e o desrespeito com que somos tratados.

Diário - Como foi a experiência de escrever um livro sobre a Quarta Colônia?
Elaine
- Em 2012, entrei no curso de Pós-Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural na UFSM, graças a um projeto que desenvolvia na escola com alunos de Ensino Médio, que priorizava o estudo da história da imigração italiana na Quarta Colônia. Através de pesquisas em sala de aula e viagens pelos municípios da Quarta Colônia, os alunos entravam em contato com a própria história. A partir desta trajetória, busquei o mestrado.

Diário - Então, surgiu a ideia do livro?
Elaine
-Sim. Decidimos desenvolver um produto que auxiliasse as escolas no estudo da educação patrimonial. Ali, nasceu a proposta de um livro paradidático, Quarta Colônia: Terra, Gente e História. A professora Maria Medianeira Padoin foi uma das grandes incentivadoras deste trabalho. A linguagem do livro paradidático foi estruturada e adequada à realidade escolar da região, com uso de vários recursos, como história em quadrinhos, fotografias, mapas, desenhos e textos históricos. O livro conta, de forma lúdica e didática, a história da imigração italiana no Brasil. A obra tem dois personagens principais, a neta Isabela e o avô Francesco, representada por uma história em quadrinhos, ilustrada pelo cartunista Joacir Xavier, que, com genialidade, deu vida aos personagens. Tenho novos desafios. Pretendo reeditar o livro e escrever mais sobre a Quarta Colônia e a riqueza do patrimônio cultural e natural da região.


Com o marido Gilson e os filhos Bianca e Emanuel

Diário - Quais são as maiores paixões de sua vida?
Elaine
- É estar a serviço da comunidade e ajudar os alunos a verem na educação o caminho para o sucesso. Outra paixão é viajar. Realizei o sonho de conhecer a Itália e de apresentar meu livro em uma escola pública de educação básica em Rovigo, região do Vêneto. Foi uma alegria imensa dialogar com os alunos da Europa.


Viagem a Itália, em Langarone-Belluno, cidade destruída por uma represa em 1963

Diário - E quanto ao futuro? O que vem por aí?
Elaine
- Pretendo conhecer novos lugares, fora e dentro do Brasil, além de defender a causa da educação e da Quarta Colônia. Tenho uma frase de Antoine de Saint-Exupéry que considero importantíssima na missão de educar: "Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".




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