Opinião

Preço dos pedágios pode ficar salgado para duplicar toda RSC-287

Deni Zolin

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Conforme eu já havia alertado dias atrás, diante do baixo lucro dos pedágios da EGR (R$ 7 milhões na RSC-287 em 2018), algum trecho da rodovia ficaria fora da duplicação ou os pedágios ficariam caros para bancar o custo de R$ 1,5 bilhão para duplicar os 215 km da estrada, entre Santa Maria e Tabaí. E foi o que ocorreu ontem.

O estudo apresentado pelo governo do Estado até previu a duplicação de quase toda a rodovia, mas precisou prever ao todo cinco praças de pedágios para bancar esse custo elevado da manutenção da estrada e da duplicação.

O custo de um pedágio até não ficou tão salgado, com valores estimados entre R$ 4 a R$ 5,93 por praça, mas na soma dos cinco postos, dá um custo elevado para carros - vale lembrar que nas três praças novas, a cobrança só começará a partir do 2º ano de concessão.

Já para ônibus e caminhões, que pagam bem mais, ficará um valor ainda mais salgado. E a viagem daqui a Porto Alegre ainda terá o novo pedágio da BR-386, entre Montenegro e Nova Santa Rita, a R$ 4,30, que será cobrado a partir de março de 2020.

Já o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) defende que será um avanço em relação à realidade atual.

- Se o pedágio for de R$ 4, será um total R$ 20 nas cinco praças. Hoje, pagamos R$ 14 para passar por duas praças (R$ 7 cada uma). Então, pagar só R$ 6 a mais para ter a rodovia duplicada vai valer muito a pena - avalia Pozzobom.

Concessão da RSC-287, de Santa Maria a Tabaí, não inclui a Faixa Nova de Camobi

Mas se o pedágio for acima de R$ 4, a diferença será bem maior. A questão é que o fluxo de veículos da RSC-287 ainda não é elevado o suficiente para bancar os custos de manutenção, que não são baratos, e mais R$ 1,5 bilhão para duplicar toda a estrada. É uma questão de viabilidade econômica, em que é preciso ver quantas praças de pedágio e qual valor são necessários para cobrir todos esses gastos.

ENTRE AVANÇOS E MUITA CHIADEIRA
Não duvido que a concessão seja um avanço para a região, pois é a única chance de termos rodovias em boas condições e a duplicação da estrada. Porém, as audiências públicas serão importantes para ver qual é a disposição dos moradores e do empresariado em pagar esses pedágios para ter esse retorno. Para algumas empresas, talvez o gasto com pedágios compense o que terão em economia em manutenção de veículos. Para alguns moradores, a conta ficará salgada. Quem deve decidir o ritmo de investimentos é a comunidade, que vai pagar essa conta. Se a população quer rodovia duplicada logo, vai pagar maior valor de pedágio. Se aceitar a duplicação total mais adiante ou deixar alguns trechos fora, a tarifa poderia ficar menor.

Ninguém gosta de pagar pedágios e é normal essa chiadeira que vai ocorrer agora, até porque devem ficar cinco praças de cobrança daqui a Tabaí, além de outra da CCR na BR-386, com valor total elevado. Porém, as pessoas precisam se dar conta de que, diante da grave crise do Estado, a única chance de manter a rodovia em boas condições e de vê-la duplicada é com pedágios. Ou alguém acredita que o governo, que paga salários atrasados, achará R$ 1,5 bilhão para duplicar toda a RSC-287? Claro que já pagamos bastante de IPVA e o ideal seria o Estado manter a estrada só com isso, mas não adianta sonharmos, pois não vai acontecer. Basta ver a situação precária das rodovias estaduais.

Na minha avaliação, o ideal seria prever um pedágio um pouco mais barato em troca de demorar mais para duplicar trechos com menor movimento. Se forem duplicados todos os trechos urbanos em cinco anos, conforme está previsto no estudo, e fossem construídas terceiras faixas que pudessem ser aproveitadas para a futura duplicação, já resolveria os principais gargalos atuais daqui a Santa Cruz. Ao mesmo tempo, poderia ser feito, nesses primeiros 12 anos, como previsto, a duplicação total de Santa Cruz a Tabaí, que beneficiaria também os moradores de Santa Maria e região que vão para Porto Alegre. Dessa forma, a duplicação total entre Santa Maria e Santa Cruz poderia ser postergada para daqui a 20 anos, por exemplo, quando o tráfego ficar mais intenso. Não sei se isso seria possível. Como ainda haverá audiências públicas, até que a concessão seja feita, muita coisa ainda deverá mudar.

SERÁ ABSURDO SE FAIXA NOVA FICAR SEM DUPLICAÇÃO
Para surpresa geral, um trecho importante da RSC-287 não foi incluído no projeto de concessão. Ao consultar o estudo no Diário Oficial do Estado, ontem, percebi que o trecho concedido seria entre o quilômetro 28, em Taquari, e o 232,5, no trevo do aeroporto de Santa Maria. Como na solenidade no Piratini, o governo gaúcho anunciou a concessão e duplicação da rodovia de Tabaí até Santa Maria, de forma genérica, nem as autoridades daqui que tinham ido à solenidade sabiam que a Faixa Nova de Camobi não tinha entrado na concessão. Se isso se mantiver, serão os únicos 10km da RSC-287 que não terão concessão nem duplicação, e justamente o trecho mais congestionado da rodovia. Será absurdo se isso acontecer.

O presidente da Cacism, Rodrigo Decimo, afirmou que vai lutar para que isso seja mudado e para incluir a Faixa Nova. Se isso ocorrer, haveria a chance de duplicação nos próximos cinco anos, pois esse é o prazo dado na concessão para duplicar todos os trechos urbanos da RSC-287. O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, diz que já está lutando junto ao governo do Estado para incluir a Faixa Nova e que irá mobilizar a comunidade para lotar as audiências públicas e pedir isso.

- Para um contrato de 30 anos, o custo para a empresa duplicar a Faixa Nova seria irrisório. Se conseguirmos incluí-la, teremos a chance de que ela seja duplicada nos primeiros cinco anos - diz.

Segundo a Secretaria Estadual de Governança e Gestão, é possível incluir a Faixa Nova na concessão, mas tudo dependerá da pressão popular e das autoridades nas audiências públicas e dos estudos de viabilidade econômica, para verificar o quanto isso impactaria no custo dos pedágios.

Claro que, com as concessões, em tese o governo do Estado ganharia um pequeno fôlego ao deixar de gastar com a rodovia, sobrando algum recurso para assumir a duplicação da Faixa Nova. Porém, diante da grave crise financeira dos cofres estaduais, não dá para contar muito com essa possibilidade.

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