Vi as propostas dos candidatos ao governo do Estado e à presidência do país no que diz respeito às políticas públicas e ações voltadas para a terceira idade. Está aqui um desafio que não é só dos brasileiros. O aumento da expectativa de vida que ocorre em muitos países é um fator positivo, mas essa população idosa precisa de qualidade de vida para desfrutar a longevidade; isso significa atendimento de saúde, lares de atividades, cultura e entretenimento específicos para a faixa etária, enfim são necessárias ações em todas as áreas.
Portugal enfrenta esse desafio, está entre os países da União Europeia que mais tem um desequilíbrio entre jovens e idosos: 182 idosos para cada 100 jovens, segundo dados do Censo 2021. Um aumento expressivo de idosos e uma redução significativa dos jovens. Um desequilíbrio que pode causar muitos problemas, não só para dar infraestrutura e qualidade de vida a essa faixa etárias, como as questões econômicas relativas à previdência. E a tendência que os números mostram em Portugal não apontam para um equilíbrio: cada vez mais os jovens saem de Portugal, e cada vez mais a população envelhece, devido ao aumento da expectativa de vida. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os idosos representam quase um quarto (23,4%) da população e os jovens não chegam aos 13%. No Brasil, os idosos representam 14,7% da população, segundo dados do IBGE de 2021.
Talvez essa seja mais uma questão em que seja positiva a troca de experiência entre os países, uma vez que a Europa tem uma população idosa há mais tempo e já desenvolve programas específicos para tratar dessa questão e ainda assim muitos países membros enfrentam desafios. Aqui em Braga, norte de Portugal, na última semana foi inaugurado um lar com infraestrutura e serviço específicos para a terceira idade: equipe médica, enfermeiros, academia adaptada, acessibilidade, quartos para os usuários que precisam morar no lar, etc; assim como esse, em Portugal, existem muitos outros, mas os valores para o serviço provado são altos, custam em média mais de 1.000€ por mês (na cotação de hoje cerca de 5 mil reais). E as opções de lares subsidiadas pelo governo – nos quais paga-se de acordo com os rendimentos – as vagas são poucas e, segundo as famílias que precisam desse serviço, a fila de espera pode demorar meses.
Isso mostra que, cada vez mais, os governantes precisam estar atentos a essa questão e pensar na população da faixa etária acima dos 60 anos. E propostas genéricas, como as apresentadas pelos candidatos na reportagem do Diário, vão precisar de ampliação para ter um resultado prático efetivo. Ter uma população mais velha implica melhorias e investimentos que começam dentro das casas com espaço adaptado, passa pela mobilidade nas ruas, pelo atendimento médico específico para este público, lares para os que precisam de alojamento permanente, oferta de esporte e atividade física, opções no setor da cultura e do entretenimento e por aí vai, em qualquer lugar do mundo.
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