Policial morto em assalto dedicou 30 anos no combate à criminalidade

Maurício Barbosa

Policial morto em assalto dedicou 30 anos no combate à criminalidade
Antão Danilo do Amaral entrou na carreira policial em 1982, trabalhou na Brigada Militar, nos bombeiros e a maior parte da carreira na Polícia Civil. Foto: Arquivo pessoal

Uma pessoa prestativa, dedicada, profissional e muito bom no que fazia. Essas foram algumas das qualidades destacadas por amigos e colegas de trabalho do policial Antão Danilo do Amaral, 58 anos, morto em uma tentativa de assalto na madrugada do último sábado, no centro de Santa Maria.

Após 30 anos de serviços prestados à segurança pública, Amaral se aposentou em 2015 após passar pela Brigada Militar, pelo Corpo de Bombeiros Militar e pela Polícia Civil onde encerrou a carreira. Dos quatro irmãos, três são policiais e um empresário. Afonso Gilmor do Amaral, 55 anos, empresário, Pedro André, 57, Policial Militar, Antão Danilo, 58, e Denir Belizário, 60, também policial civil.

Conforme o irmão Denir, Danilo ingressou na carreira da segurança em 1982 como soldado da Brigada Militar em Porto Alegre. Ele entrou como soldado e depois foi cabo no 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM) em Porto Alegre. Depois ele fez concurso para sargento dos bombeiros e foi para Ijuí. Trabalhou um certo tempo e fez concurso para para Polícia Civil e trabalhou em Ijuí, depois em Tupanciretã e depois na 3ª Delegacia de Polícia (3ª DP) em Santa Maria onde se aposentou.

– A vida dele foi só trabalhar como bombeiros e policial. Ele sempre trabalhou e sempre cumpriu a missão que escolheu para trabalhar. Não está fácil. A mãe mora lá fora, próximo de onde ele foi sepultado. A mãe está com 80 anos, ela está sofrendo muito – diz Denir.

Vídeos de câmeras de segurança gravaram toda a ação dos criminosos se aproximando e tentando roubar a caminhonete do policialFoto: Reprodução

O delegado André Diefenbach, trabalhou mais de 10 anos com Amaral e destaca as características do comissário de polícia que dediquei boa parte da vida no combate ao crime.

– Ele estava sempre disposto. Quando se precisava de um voluntário ele sempre ajudava. Mesmo com trabalhos fora de hora, final de semana é sem ganhar a mais, ele ajudava. Sempre foi o primeiro a chegar na delegacia de manhã. Ele conhecia muito a cidade e era muito bom de trabalho. Era um bom policial. Eu ficaria contente em ter pessoas com o perfil dele em delegacias que eu venha a trabalhar – diz Diefenbach.

Denir diz que o sistema precisa ser revisto para que mais pessoas não morram. Os quatro suspeitos de envolvimento no crime, o adolescente apreendido e os três presos já tinham passagens pela polícia. Um deles, o autor dos tiros, estava foragido do sistema carcerário.

– Está difícil de trabalhar hoje. Os membros das facções estão sendo orientados a falar nas audiências de custódia alegam que foram agredidos. Teve uma colega policial que foi assaltada e roubaram a arma dela e o autor disse que foi agredido. Sem falar nas dispensas que os presos tem direito. Eles saem por sete dias. Um deles teve direito a essa saída e não voltou mais. Tem áudios em grupos de redes sociais que orientam os presos sobre o que falar. Os juízes e promotores trabalham dentro da lei. O juiz julga em cima do processo. Não tem o que fazer. Nada vai fazer o meu irmão voltar. Não é fácil – desabafa o policial.

Para o comissário Luis Castro, que trabalhou ao lado de Antão Danilo por pelo menos 8 anos, o amigo foi um grande policial e dedicou a vida ao trabalho. Castro que é chefe de investigações da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) trabalhou desde a madrugada de sábado loco após o crime ao lado de policiais de todas as delegacias da cidade nas investigações.

– Eu trabalhei com ele de 2008 até quando ele se aposentou. Ele trabalhou sempre no setor de investigação, era ativo nas investigações. Conhecia muita gente e tinha muita informação. Era um cara que chamado linha de frente na polícia. Muito triste isso tudo, ele era uma boa pessoa – diz Castro.

O policial Elton Panta lamenta a morte do colega e afirma que ele sempre foi um bom policial.

– Pra mim ele era um baita colega. Sempre brincando e sempre na dele. Até nem sei como que foram pegar ele. Era sempre ligado. Era um cara tranquilo e correto. Sempre que a gente ia para operações ele chegava rindo, brincando – conta Panta.

O delegado regional da Policia Civil Sandro Meinerz, destaca a dedicação no trabalho e histórico deixado por amaral na polícia.

– Ele foi um policial exemplar. Um policial que trabalhou praticamente 30 anos na Polícia Civil. Dedicou a vida dele no combate a criminalidade. Era um policial que tinha feeling, que tinha conhecimento, que sabia investigar e sempre trabalhou no setor de investigação e infelizmente, por ironia do destino acabou tombando, perdendo a vida numa ocorrência de um roubo de veículo. Ficam as boas memórias, ficam os bons registros de um policial qualificado, inteligente, capacitado, um bom cidadão, um bom pai de família, um bom filho, um bom irmão. A família Amaral é uma família de policiais, uma família respeitada, honrada e que perdeu um dos seus em uma ação violenta em que os indivíduos queriam roubar, agiram com extrema violência e pegaram ele desprevenido – diz Meinerz

Investigações

Conforme as investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizações (Draco) quatro suspeitos foram identificados. Um adolescente de 16 anos foi apreendidos e três suspeitos de 19, 20 e 25 anos foram presos. Os quatro aparecem em imagens de câmeras de segurança cometendo o crime e fugindo do local logo depois.

Além de três dos quatro suspeitos, pelo menos três testemunhas prestaram depoimento. Foram solicitadas perícias residuográficas nas mãos do suspeito que atirou no policial, perícias nos dois veículos e na arma apreendida. O preso que foi baleado pelo policial durante o assalto, estava internado no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e segundo o hospital receberia alta na tarde de segunda-feira. Ele será encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).

Antão Danilo do Amaral foi morto por volta das 0h 50 de sábado (29 de outubro), na Rua Coronel Niederauer no centro de Santa Maria. Segundo o irmão Denir, ele estava dentro do carro esperando a esposa que estava fechando o estabelecimento comercial do filho do casal próximo ao local.

O velório aconteceu nas capelas da funerária AM Brum Ângelus na Avenida Hélvio Basso e o cortejo saiu às 8h de domingo para o cemitério de Água Negra em São Martinho da Serra onde foi sepultado.

Pena e reclusão

O latrocínio é considerado crime hediondo, portanto é inafiançável e insuscetível de graça, anistia ou indulto, havendo a previsão de pena de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos.

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