plural

PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú

Tinha um professor
Neila Baldi 
Professora universitária

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Tinha um professor, mas o Brasil preferiu o torturador. Tinha um professor, um bombeiro, um advogado, um médico, um filósofo, funcionários do sistema financeiro etc. Mas o Brasil preferiu o capitão reformado por terrorismo. O país escolheu o torturador e vem, sistematicamente, sendo torturado.

Tinha um professor... Mas o Brasil desvaloriza o magistério. E culpa a classe por todos os problemas do país. Nós somos vagabundos(as). É assim que aqueles que votaram no mi(n)to nos denominam. Triste o país que não valoriza a educação e os(as) educadores(as). Tinha um professor... Ah, mas talvez com a pandemia o melhor fosse um médico! Qualquer coisa, até um jacaré, era melhor que o energúmeno que nos desgoverna. E um professor, sim, saberia o que fazer.

PROFESSORALIDADE

Um(a) professor(a) é um sujeito em permanente construção. Marcos Villela Pereira, em A estética da professoralidade, diz que: "Não é pelo simples fato de passar por um curso de formação (seja uma licenciatura, seja magistério) que alguém vem a ser professor. A professoralidade não é uma identidade que um sujeito constrói ou assume ou incorpora, mas, de outro lado, é uma diferença que o sujeito produz em si. Vir a ser professor é vir a ser algo que não se vinha sendo, é diferir de si mesmo."

Um(a) professor(a) precisa ter senso de justiça, precisa ser flexível. Um(a) professor(a) preocupa-se com seus alunos e alunas. Precisa saber trabalhar em equipe, precisa se dedicar e estar constantemente estudando e se atualizando - pois, assim como auxilia na construção de sujeitos, também é um sujeito em construção.

PROJETOS DE VIDA

Tinha um professor... e um(a) professor(a) trabalha com planejamento e projetos de vida. Um professor planeja: aulas, projetos etc. Se o planejamento faz parte do trabalho do professor, também é essencial na gestão pública. Falei disso há um mês (Estado eficiente): de que nossas crises sanitária e econômica são fruto da falta de planejamento. No caso da saúde: testar, analisar os dados e propor ações; comprar insumos e vacinas, distribuí-los.; equipar hospitais. Não houve planejamento para nada disso.

Tinha um professor... Um(a) professor(a) trabalha com projetos de vida, o seu e de seus alunos e alunas. Ele(a) auxilia seus alunos e alunas a construírem seus projetos, a realizarem. Um(a) professor(a) identifica as dificuldades de seus alunos e alunas e os ajuda a saná-las.

Agora pensa: se um professor ajuda a mudar o mundo do aluno, por que não poderia construir um Brasil melhor?

Tinha um professor, mas podia ter sido um operário. 

Sororidade

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

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O dia 8 de março é uma data internacionalmente comemorada, mas o que significa isso? Segundo a Wikipédia, significa dizer que ela foi escolhida para relembrar eventos históricos, conquistas importantes ou lutas que ainda estão sendo travadas por um grupo. Ainda não havia visto um jogo de palavras tão relevantes para enquadrar o Dia Internacional da Mulher.

Evento histórico: podemos citar muitos, entre eles as 130 mulheres que morreram queimadas em 1857, por reivindicarem melhores condições de trabalho em uma fábrica em Nova Iorque; conquistas, podemos citar o direito ao voto conquistado no movimento Sufragista no século 19 e 20; e lutas. Bom, disso há muito o que se falar.

Lutamos para poder dirigir. Apenas em 1932, Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling venceram a batalha, tirando as primeiras carteiras de motoristas. O Código Civil de 1916 definia a mulher como incapaz para alguns atos. Assim, ela necessitava da autorização do marido para poder trabalhar e, até mesmo, receber herança. Em 1962 o Estatuto da Mulher Casada trouxe a "emancipação feminina", pois o marido deixou de ser o chefe absoluto, ela passou a poder exercer atividade econômica sem depender da autorização dele, e poder partilhar o pátrio poder. Foi com o advento do Estatuto da Mulher Casada que a mulher conquistou o patamar da igualdade garantido pela Constituição de 1988.

Nas Forças Armadas, passou a complementar o Quadro de Oficiais, através do Decreto de 28 de junho de 1996 e, na aviação, mais tarde, ainda a conquista, uma vez que a primeira turma com mulheres na Escola de Especialista de Aeronáutica (EEAR) ocorreu em 2003. Efetivamente a luta travada pelo grupo de mulheres não cessou, luta para ingressar e manter-se no mercado de trabalho, luta por salários iguais aos dos homens, luta para estudar, luta para decidir o número de filhos, e o que é pior, luta para ser respeitada.

Está empoderada? Sim. Conquistou o direito de votar? Sim. Porém, não conseguiu parar de lutar por direitos básicos como o direito à liberdade e à vida.

Quem não conhece a Maria da Penha? Todos a conhecem, podem não ter falado com ela pessoalmente, mas conhecem a sua história. E a médica Viviane Vieira do Amaral Arronenzi morta dia 24/12/2020 em frente as 03 filhas do casal? Muitos conheceram a sua história. E a Paula, a Joana, a Daniela, a Maria e etc.? Essas não chegaram a ser conhecidas, mas tornaram-se estatística no feminicídio, ao morrerem lutando pela vida e pelo respeito. Dedico este artigo a todas as mulheres que perderam a vida lutando por respeito e pela vida.

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