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PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú

Apartheid
Neila Baldi 
Professora universitária

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Apartheid vacinal: foi assim que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon, se referiu à desigualdade de distribuição de vacinas contra a Covid no mundo. "Se a Covid-19 que apareceu na China tivesse aparecido primeiro na África, não há dúvida de que o mundo teria trancado a África e jogado a chave bem longe", disse Ayoade Olatunbosun-Alakija, porta-voz da Aliança Africana para a Distribuição de Vacinas, em entrevista à BBC.

As duas frases acima falam muito de como o mundo tem se comportando em relação ao combate à pandemia. Dados da OMS mostram que os países ricos têm 45% das vacinas produzidas - e 15% da população mundial - enquanto os pobres possuem metade de população no mundo e pouco mais de 15% das doses.

A má distribuição das vacinas, de forma global, faz com que, enquanto meu pai e minha mãe já tomaram a terceira dose, enquanto crianças já foram vacinadas no Chile, no continente africano nem 10% da população esteja totalmente vacinada.

RACISMO

Além da escassez de vacinas para esses países, eles pagaram mais caro pelas doses: o dobro do preço em relação à Europa. Outra problemática é que as vacinas doadas chegam ao continente com prazo de validade curto, dificultando a logística de distribuição e aplicação. "Muitos países tiveram que devolver vacinas porque não conseguiram aplicá-las devido à falta de dinheiro para sustentar suas campanhas", disse ao site da Fiocruz o pesquisador Augusto Paulo Silva, do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) para Assuntos sobre a África e para a Cooperação África & Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Mas por que a relação com a África é assim? O regime de segregação racial foi extinto na África do Sul em 1991, mas o racismo é estrutural no mundo.

NOVA VARIANTE

O surgimento da variante, a ômicron, não apenas soou o alerta mundial, como gerou medidas protecionistas de fechamento de fronteiras para pessoas vindas do continente africano, onde a variante foi descoberta.

O mundo esquece que ninguém estará seguro enquanto todos e todas não estiverem seguros. "Há mais pessoas nos países ricos que agora receberam uma terceira dose do que há pessoas nos países mais pobres que receberam a primeira dose", disse o diretor da organização sem fins lucrativos ONE Campaign, em entrevista à DW. "Se não agirmos rapidamente para garantir que pessoas em todo o mundo tenham acesso às vacinas, iremos prolongar a pandemia".

Precisamos iniciar a vacinação em populações que ainda não tiveram acesso à primeira dose e continuarmos com o uso de máscara e medidas de distanciamento, para a diminuir a circulação do vírus. Não era é hora de aglomerações e festejos. Não podemos agir isoladamente, mas pensarmos globalmente.

O profeta Mussum: "caldis, tudis"

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

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Para as gerações mais novas que não viveram os anos 1980, vou explicar quem era Mussum. Na rede Globo de televisão, havia um grupo de comediantes chamado os "Os Trapalhões" que era composto dos seguintes personagens, Dedé, Didi, Zacarias e Mussum, sendo este o profeta da revolução que estamos hoje vivendo, a chamada Linguagem Neutra. 

Mussum, em sua linguagem jocosa, já aplicava as terminações "IS" com a ideia de unificação e banalização do que pretendia expressar. Para as gerações que não conheceram a obra "1984", do autor George Orwell, também desconhecem que o novo é muito antigo, isto é, tratar a linguagem com singeleza, com desrespeito às regras gramaticais vem sendo observada, por exemplo, por Orwell desde a década de 1940, o qual também, não inovou, já que, em 1911, houve um movimento de simplificação da linguagem portuguesa em Portugal, gerando reflexos em nossa linguagem. 

Para os menos atentos, estes movimentos e comportamentos estão apenas no campo da linguagem, olvidando-se que a linguagem é o primeiro contato com o outro, portanto, a banalização da comunicação gera a banalização do próprio ambiente. 

Na educação, este novo comportamento tem gerado jovens com grandes dificuldades de escrever e aprender, visto que a nossa cultura intelectual é coisa rara, fato que é comprovado nas redações do Enem. Na parte prática, as empresas, escritórios, fábricas, consultórios e etc. têm reclamado do chamado "analfabeto funcional", tudo consequência da banalização da linguagem. 

Nisto, pelo sim ou pelo não, uma coisa é certa, tem surgido uma geração marionete das forças políticas e econômicas, terreno fértil para a política do "Pão e Circo", aliás, temos vários exemplos onde "forças" tomaram decisões sem que a população tivesse participado, já que a sua atenção estava desviada propositadamente. 

Hoje, algumas pessoas não estão percebendo o aumento da inflação. Aliás, as compras parceladas estão sofrendo a incidência de juros senão pagas à vista. Reflexo no preço do botijão de 13 quilos de gás que está custando R$130, e no litro de gasolina a R$ 7, além da atualização dos aluguéis em 33%, valores expressivos que muitos não viram, porque estavam comendo pão. 

Infelizmente, não estamos percebendo os reflexos da inflação, porque a mídia, a mando das forças, está trabalhando, desviando a atenção da população para a variante Ômicron, deixando "tudis" preocupados já que afeta a todos. 

Que as inovações são positivas e indispensáveis não temos dúvidas, porém, não podemos deixar de analisar os prós e os contras para sua aplicação.

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