PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

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PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

No último mês, as mães pesquisadoras do Brasil tiveram uma conquista, fruto da mobilização de cientistas brasileiras e do movimento Parent in Science: a inclusão do período de licença-maternidade no Currículo Lattes. Mas o que isso significa e que tipo de currículo é esse? Explico. O Currículo Lattes é uma biografia profissional das pessoas que pesquisam e ensinam no Brasil. Um sistema de currículos virtual criado e mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que unifica as informações profissionais. O nome Lattes foi uma homenagem ao físico curitibano Césare Mansueto Giulio Lattes.

ATO POLÍTICO

É no Currículo Lattes que constam as informações necessárias para avaliar a trajetória acadêmica: formação e titulação; projetos de pesquisa, ensino e extensão; publicações; participações em bancas; orientações. Pelos critérios dos editais, quanto maior o Lattes, melhor. É certo que poderíamos discutir as lógicas produtivistas, mas o fato é que a carreira de quem se torna mãe é profundamente impactada. Muitos editais já passaram a considerar o impacto da maternidade na produção das mães-pesquisadoras, mas ainda há muito o que avançar. Por isso, inserir a licença-maternidade no currículo é, para além de uma questão informacional muito importante, também um ato político. Estima-se que a produção caia drasticamente nos dois primeiros anos de vida do bebê. O que é absolutamente justificável, não apenas pelas implicações da gestação, do parto e da amamentação, mas também pelo cuidado necessário para o desenvolvimento da criança.

MEU MELHOR PROJETO

Eu vivo exatamente o momento de queda de produção: meu desempenho deve estar reduzido a um terço, quem sabe até menos. Ainda que eu me sinta absurdamente produtiva, de um modo que nem aconselho, nem acho saudável. Não paro um minuto e, em muitos momentos do dia, me pego fazendo duas, ou até três, tarefas ao mesmo tempo: embalando o bebê e escrevendo um texto; dando mama e respondendo um email; preparando uma refeição e planejando uma palestra e cuidando do bebê. Certamente a maternidade no home office acaba também por apresentar outras dificuldades. No último sábado, acrescentei a minha licença-maternidade no meu Lattes. Com orgulho. Filho não é produção acadêmica, eu sei bem. Mas tem objetivo; às vezes, tem metodologia, mas nem sempre; tem um cronograma para a vida e resultados melhores do que os esperados: é sem dúvida, o meu melhor projeto.

Enrolada nos rolinhosEni Celidonio Professora universitária

Não sei vocês, mas eu amo comida oriental. Ou melhor, amo até aparecerem os sushis e os peixes crus. Sempre penso que o homem levou séculos para descobrir o fogo, surgiram fogões maravilhosos, micro-ondas e, mesmo assim, tem gente que come carne crua. Que gente mal agradecida!

Eu fiquei muito feliz quando inauguraram um restaurante desse tipo aqui na terra do churrasco, mas minha alegria durou pouco. Abriu e fechou como um rio que passou em minha vida. E o motivo da minha alegria era um só: o rolinho primavera. Que coisa mais maravilhosa, meus sais! Molhados no molho agridoce, com aquele arroz colorido, macarrão chop suey ou yakissoba, tudo é uma delícia, mas o rolinho primavera é o melhor…

No Rio, bem no primeiro piso do Shopping Rio Sul, em Botafogo, tinha um restaurante que fazia rolinhos primavera de tudo: camarão ao Catupiry, carne seca, banana com queijo, morango com chocolate e tinha até o tradicional. Eu não podia nem pensar em entrar naquele shopping, porque era perda total. Não tinha pra nenhuma loja da praça de alimentação, eu já ia direto nos meus rolinhos.

E lá perto de casa, bem na Avenida Atlântica, um restaurante fazia os melhores rolinhos primavera do mundo. O único problema era a conta. Não que fosse caro, mas os garçons sempre que traziam a conta, especificavam o que foi consumido assim:

Yakissoba ……………..Cr$100,oo

Saquê…………………….Cr$80,00

Rolinhos primavera…Cr$180,00

Refrigerantes………….Cr$45,00

Korô………………………Cr$100,oo

A gente chamava o garçom e questionava o tal do Korô, ele pegava a conta, ia lá pra dentro do restaurante e voltava, entregando novamente a conta. A gente olhava e, lá no fim estava escrito: “não Korô”… Parece piada, mas não é. Quem morou ali pelo Lido nos anos setenta deve lembrar, acabou ficando famoso pelo bairro.

Mas estou falando disso tudo para dizer que consegui uma receita de rolinhos primavera pelo Youtube. Uma coreana e sua mãe ensinam a fazer a delícia, e é claro, no sábado eu me enchi de coragem e encarei a encrenca. É trabalhoso, mas eu fiquei salivando e fica tão lindo que não pude resistir. Quer dizer, ficou tão lindo no vídeo, né? A massa leva farinha, água e sal, acredita? Moleza. Fiz, deixei descansar, tudo como a coreana mandou. Fiz o recheio com legumes, coloquei Shoyu, e me meti a fazer os rolinhos. Primeiro: a massa, no vídeo, depois de aberta e cortada em seis pedaços, ficava redondinha, a minha ficou retangular. Dane-se! Continuei: fritei, recheei, e cadê que a porcaria do rolinho colava? Era colocar na frigideira que abria tudo como botão de rosa… Está certo: se esse negócio é rebelde, eu sou taurina e vou colocar palito nessa porcaria!

Abria assim mesmo. Eu já estava a fim de colar com Superbonder, mas fiquei com tanta raiva que larguei tudo, pensando em jogar tudo no lixo e comer um Miojo. Ao fim e ao cabo, o rolinho virou quadrado e abriu como flores na primavera… Ficou mais para bagulho outono, uma grande porcaria! Mas eu vou tentar de novo e, enquanto não consigo, alguém conhece algum restaurante em Santa Maria que faça um bom rolinho primavera? Ajudem uma pobre senhora a ser feliz nessa pandemia…

E antes que me esqueça: só de raiva, comemos tudo assim mesmo, porque ficou uma porcaria, mas ficou muito bom.

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