plural

PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

Vamos aos fatos
Juliana Petermann 
Professora universitária

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67% dos estudantes de 15 anos do Brasil não conseguem diferenciar fatos de opiniões. Essa é uma avaliação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a partir de pesquisa que considera a capacidade de leitura e de interpretação de textos. Quando essa pesquisa chegou até as minhas mãos eu lembrei de outro estudo, divulgado ainda em 2019, que identificou que pessoas com mais de 65 anos são mais propensas ao compartilhamento de fake news. A pesquisa feita nos EUA provou que os usuários na faixa etária mais velha, acima dos 65 anos, compartilharam até sete vezes mais notícias falsas quando comparado a um grupo mais jovem, na faixa dos 18 a 29 anos. E, por último, quero ainda apresentar um último dado: apenas 66% dos jovens de 18 a 24 anos nos Estados Unidos têm plena certeza de que vivemos em um planeta esférico.

VAMOS ÀS ANÁLISES

Dados como esses revelam uma realidade preocupante. Nem mais jovens, nem mais velhos, o que acontece é que, como sociedade, não estamos preparados para lidar com a avalanche de informações que temos recebido. Revelam também que toda a expectativa depositada na juventude, considerada como a geração das pessoas nativas digitais, pode ter ido por água abaixo. Acreditava-se que a juventude, por estar desde o nascimento imersa na internet, teria mais facilidade e aptidão no trato com as informações que circulam pelo universo digital. No entanto, há uma diferença enorme entre o consumo do conteúdo e a interpretação que se faz dele. Além disso, informação aos montes não é sinônimo de conhecimento. É preciso discernimento para identificar fontes, para analisar a veracidade e, principalmente, para verificar se aquela informação possui os critérios necessários para ser compartilhada com outras pessoas.

VAMOS ÀS OPINIÕES

O grande despreparo para se lidar com as informações não é de hoje. Desde os tempos da televisão e do rádio, existe a urgência de uma alfabetização midiática. No mundo digital e da internet, o que era uma necessidade, se transformou em uma calamidade pública. Não à toa, a avalanche de notícias falsas em relação à Covid -19 é chamada de infodemia. O grupo do zap vai do Brasil comunista à terra plana, passando pela defesa de tratamentos ineficazes contra o coronavírus e por colocar em xeque a eficácia das vacinas. Assim, as fake news e as teorias conspiratórias, além de outros prejuízos, fazem mal à saúde e podem, inclusive, causar a morte.

Bono
Eni Celidonio
Professora universitária

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Quem tem cachorro e gosta dele como eu vai entender do que estou falando. Sempre convivi com cachorro na minha vida. Quando nasci, meu pai já tinha dois em casa. Não tinham raça, mas eram nossos e nós amávamos os cuscos. Ponto!

E vem cachorro e vai cachorro, o Celso me deu um cocker inglês pretinho como a asa da graúna. Era uma delícia, com um pelo sedoso e uma inteligência que nós ficávamos perplexos. Quando nos mudamos para Bagé, o veterinário me disse para deixá-lo na casa da minha irmã, não levar pro sul. Isso porque o clima de lá era diferente do clima do Rio e ele, provavelmente, ia viver doente, com problemas respiratórios, a mudança era muito brusca. Chorei muito, mas resolvi deixá-lo no Rio. Ele durou 21 anos rodeado de amor e carinho.

Voltei pro Rio e, quando vim para Santa Maria, fiquei sem cachorro em casa. Anos depois, indo para Campo Grande, numa casa com quintal, pegamos uma fêmea de pastor alemão, linda e esperta, mas que não suportava a minha filha Renata, acho que tinha ciúmes, sei lá. O problema é que a Renata adorava a bichinha, mas, um dia, ela avançou na Renata e, se não fosse o vestidinho largo que ela usava, tinha feito um estrago. Foi a gota d'água: amo cachorro, mas morder minha filha de três anos, nem pensar! Fui no canil, expliquei toda a situação e como tinha uns três meses que ela estava lá em casa, a senhora me perguntou se eu não gostaria de receber uma poodle. Ok...

Voltei para Santa Maria e a poodle veio junto. Pretinha, neurótica, mas uma delícia! Roía tudo que era sapato e não podia ver chocolate. Uma vez deixei uma caixa de Nhá Benta na mesa da sala e, quando cheguei em casa, ela estava com os pelos da boca todos branquinhos. Parecia uma palhaça. Só me restou cair na gargalhada, fazer o quê? Pois bem, o tempo foi passando, ela foi envelhecendo até que no Natal, já cega e triste, começou a ter problemas, não comia, não bebia água, levei na veterinária e tivemos que fazer eutanásia. Detalhe: levei a Dalva junto, pra me dar uma força, e o raio da criatura desatou num choro, dizendo "tadinha da minha nega", que me arrependi da companhia, pois no fim eu que tive que consolar a criatura. E vaticinei: cachorro aqui em casa, nunca mais!

Mas veio janeiro, veio fevereiro, viajamos e uma aluna minha, que meus filhos conheciam de uma excursão para o show do U-2, teve a brilhante ideia de dizer que tinha uma ninhada de bichon frisée, todos lindos mas só uma fêmea, que era dela. Renata enlouqueceu e disse que queria, que ia na casa dela escolher. A situação era a seguinte: eu não queria mais cachorro e o Celso foi taxativo: o cachorro entra por uma porta e eu saio pela outra. E o Bono entrou, branquinho, fofo, amigo de todo mundo, nunca rosnou pra ninguém, uma bênção!

E agora Bono já está com quase 14 anos, cego, só restando o faro. Essa é a maldade com quem gosta de cachorro: a gente pega com 45 dias e 14, 15 anos depois, eles morrem. Estamos nos preparando para perdê-lo... Isso não é justo!

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