Parque Itaimbé só receberá obras de revitalização no ano que vem

A cena de Ariane da Silva, 23 anos, caminhando pelo Parque Itaimbé, na tarde da última sexta-feira, com um chinelo arrebentado na mão é o reflexo de como estão os passeios e as calçadas da única grande área verde do centro de Santa Maria: propícias a tropeços e acidentes.

A dona de casa seguia com a filha, Mariah, 2 anos, a sobrinha, Kauane, 5, e o marido, Márcio de Oliveira Sansone, 33, em direção à casa da sogra, que fica no trecho do parque entre as ruas Silva Jardim e Venâncio Aires. Ela tropeçou em uma das inúmeras elevações da calçada. O dano se resumiu ao chinelo arrebentado, mas poderia ter sido mais grave, como uma lesão, já que o que não faltam no caminho dos pedestres são obstáculos, a maioria deles causada pelo crescimento das raízes das árvores, que movimenta as pedras e deforma os passeios. Até aí, nenhuma novidade em relação ao que é a realidade no parque há anos.

Foto: Charles Guerra / New Co

Se fazer o trajeto de dia já requer cuidados, depois que escurece, torna-se um desafio. Isso porque o perímetro está praticamente às escuras. Há luminárias sem lâmpadas, lâmpadas quebradas ou faltando, postes sem luminárias e locais sem postes. Problemas que também são recorrentes no local, ou devido ao vandalismo ou pela histórica falta de manutenção das árvores.

– Já foi bonito esse parque. Tinha bebedouro, banheiros em condições... era um local agradável, que deveria ser preservado, mas foi sendo destruído por pessoas ignorantes, que destroem o que é para elas mesmas – lamentou Sansone, que morou junto ao parque praticamente toda a vida.

A boa notícia é que o senador Paulo Paim destinou verba de uma emenda parlamentar para revitalizar especificamente o trecho do parque entre as ruas Silva Jardim e Venâncio Aires. A má notícia é que a obra só deve sair do papel no ano que vem, e, mesmo com contrapartida do município, o valor de cerca de R$ 260 mil é insuficiente para recuperar todo o trecho. Por isso, serão eleitos alguns itens. Com isso, a iluminação e a instalação de câmeras não serão contemplados. Nem o Centro de Atividades Múltiplas Garibaldi Poggetti, o Bombril, que é um capítulo à parte.

Foto: Lucas Amorelli / New CO DSM

A prefeitura está fazendo o orçamento de quanto custa recuperar os passeios e as seis quadras de esportes existentes no trecho para ver o que é possível fazer com o dinheiro. O presidente do Instituto de Planejamento (Iplan), Vilson Serro, que conhece o parque muito bem, esteve recentemente percorrendo o local e reconhece as más condições:

– O parque tem cinco setores (trechos). Esse é o maior deles e o que exige mais investimento. Temos que recuperar todo o parque. Esse é nosso plano. Temos o projeto que deve ir avançando gradativamente.

Com planos, mas sem dinheiro

Uma das questões interessantes sobre o Parque Itaimbé é que ele está sujeito a ações de diferentes secretarias municipais, mas nenhuma tem recurso para investir. Na verdade, falta dinheiro até para fazer a conservação diária do local.

A "tutela" do parque é da pasta de Meio Ambiente, que deve fazer as melhorias que lhe cabem e também as solicitações que competem a outros setores, como a Infraestrutura, no caso da iluminação pública, a Estruturação e Recuperação Urbana e o Instituto de Planejamento, para elaboração de projetos. Ainda é o Iplan que faz a intermediação com a Caixa Econômica Federal para liberação de recursos como este de emenda parlamentar. Segundo a equipe do Iplan, a prefeitura não corre o risco de perder a verba destinada pelo senador Paulo Paim.

A Secretaria de Meio Ambiente reclama de falta de pessoal, equipamentos e veículos. Conforme o superintendente de Praças e Jardins da Secretaria de Meio Ambiente, Ivo da Cunha, será feita a elevação da copa das árvores para permitir que os faixos de luz, atualmente encobertos pela vegetação, cheguem ao chão. Além disso, está sendo feito um levantamento de quais as árvores podem (e devem) ser removidas ou substituídas.A Infraestrutura diz que os recursos para aquisição de lâmpadas e conserto da caixa de disjuntores – destruídos constantemente – são finitos, mas que, dentro das possibilidades, farão as reposições.

O prefeito Jorge Pozzobom disse que as secretarias devem apresentar, em breve, as suas demandas para que sejam previstos os recursos no orçamento para 2018.