Para artistas de Santa Maria, muralismo pode transformar a cidade

Leandra Cruber

Para artistas de Santa Maria, muralismo pode transformar a cidade

Renan Mattos

Os desenhos coloridos e cheios de vida que costumamos ver em muros e paredes de Santa Maria pertencem a um movimento artístico conhecido como muralismo. A atividade que diz respeito à realização de Artes Murais tem esse nome porque, diferente da pintura sobre telas, tem uma outra dimensão por se tratar de fachadas, muros e paredes.

E, na Cidade Cultura, a cena de artistas dedicados à valorização de espaços por meio do muralismo é riquíssima como é possível conferir na primeira parte da reportagem da Revista MIX deste final de semana.

Ao caminhar pela cidade, os artistas Cauê Toledo, IsRael Caetano, Rafael Tinta e Bruna Rison voltam os olhos para toda e qualquer parede que ofereça a possibilidade da realização de uma arte mural. Mas, alguns lugares chamam mais atenção que outros, como os fundos da Biblioteca Municipal Henrique Bastide.

Mais de uma década de ação do tempo

Foto: Renan Mattos

Há 12 anos, a parede dos fundos da Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide entrou para a galeria de artes de rua mais conhecidas do mundo, pelas mãos do grafiteiro e muralista Eduardo Kobra e equipe. A obra, que reproduz a imagem da primeira quadra da Avenida Rio Branco, na década de 1950, faz parte do projeto Muros da Memória, do artista.

Hoje, a obra deteriorada pelo tempo e pela falta de manutenção, contrasta com o talento de artistas de Santa Maria. Em junho, uma obra orçada em R$ 700 mil, que prevê a troca do telhado, tratamento de infiltrações, pintura interna e externa do espaço, acessibilidade nos banheiros, além da instalação de um elevador, deve começar. A reforma foi anunciada há mais de um ano.

Assim, de acordo com a prefeitura de Santa Maria, a parede de fundos da biblioteca também seria revitalizada. No entanto, com o avançado estado de deterioração do mural de Kobra, a intenção do poder público municipal é reformar o espaço e abrir um edital para uma nova arte mural que, dessa vez, contemple artistas santa-marienses.Para os muralistas da cidade, a possibilidade de colorir a parede de 11 metros de altura e 23 metros de comprimento da Biblioteca Municipal é de encher os olhos.

– Quanto maior a parede, mais intenso é o trabalho. E seria lindo colorir essa parede. A Praça da Locomotiva é um local que já atrai muitas pessoas, imagina se fosse mais colorida? Certamente iria encantar a população – diz Cauê Toledo.

O potencial turístico

Fotos: Eduardo Ramos

Na Vila Madalena, em São Paulo, o Beco do Batman é um ponto turístico consagrado. No local, as paredes contam diferentes histórias de artistas que passaram por ali e deixaram uma marca artística. Em Santa Maria, os moradores da Rua Iracema, no Bairro Medianeira, se inspiraram e resolveram revitalizar o local ao pintar os muros do beco em que moram.

O Beco da Rua Iracema é uma exceção na cidade, mas poderia se tornar a regra, como sonha Bruna Rison:

– A cidade tem muitas ruelas escuras que, quando passamos, chega a dar medo. Já pensou se pudéssemos revitalizar e encher de grafite os muros que cercam essas ruelas? Mais pessoas passariam a frequentar, o poder público teria que realizar uma manutenção, e, aos poucos, poderíamos pensar em mais locais turísticos assim.Para IsRael Caetano, além do potencial turístico, colorir a paisagem urbana pode contribuir para aproximar a população das artes visuais:

– O muralismo é, também, uma forma de democratizar o acesso à arte num geral porque as paredes estão expostas ao público. Espaços como museus, por exemplo, ainda seguem disponíveis apenas a uma parcela da população e isso faz com que a arte fique restrita. Mas não precisa ser assim, afinal, o muralismo está na rua e faz parte da paisagem.O artista Rafael Tinta ressalta, ainda, como transformar espaços públicos e colori-los pode integrar a sociedade e aumentar o sentimento de pertencer a Santa Maria:

– Quando a gente olha um mural que nos remete a elementos da história da cidade, nos sentimentos parte. É bom frequentar lugares coloridos e que representem características que conhecemos.

Hoje, o sonho de colorir Santa Maria parece distante, mas não impossível. A prefeitura, que já realizou ações em parceria com artistas da cidade, confirma que há programação para novos editais voltados para a Arte Mural, porém, ainda sem datas definidas. Além disso, é possível pensar em parcerias público-privadas a exemplo da adoção de praças e canteiros.

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