Artigo

OPINIÃO: Sobre jogar o jogo

Péricles Lamartine da Costa

O bom cabrito não berra. A dor ensina a gemer. Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. Passarinho que anda com morcego, acaba dormindo de cabeça pra baixo.Adágios, sentenças, provérbios populares que nas suas simplicidades carregam as regras fundamentais de convivência e, principalmente, sobrevivência no ambiente político nacional, acatadas e cumpridas por seus expoentes de todas as grandezas. Aliás, para tornar-se expoente, a obediência disciplinada e abnegada a tanto foi imprescindível... 

Os últimos artigos dos colunistas do impresso

Percebam que encerram em seus ensinamentos a tolerância e o hábito da resignação, como a cautelosa omissão diante das barbaridades testemunhadas, em exercício de defesa própria e com cores de heroica lealdade para os incompreensíveis paradigmas éticos daquele âmbito.Deixar acontecer, para poder um dia fazer acontecer, sem a interferência de terceiros que, afinal de contas, já tiveram a sua vez, é a cláusula pétrea da constituição própria dessa comunidade movediça, mas imutável em sua composição oligárquica. 

Quando algum notório do meio ensaia indignação, a exemplo do que fez o presidente da Câmara dos Deputados quando se referiu ao sistema eleitoral, por exemplo, não imagine o senhor ou a senhora que ele está hostilizando as mesmas normas e seus efeitos que, ao cabo, o fizeram chegar ao cargo que hoje ocupa.Ao dizer que o modelo eleitoral está falido, sua excelência, em verdade, só dá por esgotadas as possibilidades de eleição, reeleição e exercício politiqueiro de mandatos que ele, os que o antecederam e os que o acompanham sempre praticaram em regime de extrativismo. 

Não se trata de reconhecer que tudo o que sempre foi praticado passa longe do anseio da cidadania e, portanto, é chegada a hora de alteração em alento ao País. Pelo contrário, consiste a afirmação em mera chamada dos pares a alterar as regras de emanação do poder em seu favor.Pior, é forma de dizer que sabem do esgotamento da paciência do povo para com a classe política e que as alterações das regras eleitorais é imperioso socorro aos que pretendem continuar ocupando os cargos diretivos do poder nacional.

E, assim, eis que surge o ¿Distritão¿.Mudança de procedimentos, para assegurar inalterados os nomes.Remanescerão inabaláveis os mesmos, ainda mais fortalecidos pela sua adaptabilidade transmissível geneticamente aos descendentes, como o é o próprio Maia e como ocorre no mundo natural.Os homens e mulheres probos, intolerantes ao meio político brasileiro hostil a quem tem moral elevada não sobreviverão, mais uma vez. Serão defenestrados, ou cairão no ostracismo como se deu com tantos que conhecemos.Dos novos, os que valem alguma coisa, sequer conseguirão entrar...     

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

OPINIÃO: Você pode fazer diferença na vida de alguém. Simples assim!

Próximo

Homem é baleado em propriedade rural 

Geral