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OPINIÃO: Salão Venito: o cliente entra feio e sai bonito

James Pizarro

Há muitas décadas, acompanho o nascimento e desaparecimento dos salões em nossa cidade. Entenda-se ¿salões¿ como os locais de trabalho dos barbeiros. Esses dedicados profissionais que tratam, prioritariamente, dos cabelos e da barba masculinos. Falo ¿prioritariamente¿ porque existem senhoras idosas e também mocinhas que são clientes e pedem cortes bem masculinos, curtinhos.

Lembro de dezenas de salões de Santa Maria. Um que funcionava na gare da Viação Férrea, na época áurea dos ferroviários. Outro, no início da Avenida Rio Banco, que atendia viajantes hospedados nos hotéis e pensões. Outro, no Círculo Operário, perto do Bispado. Mais um, em frente ao Regimento Gomes Carneiro. Outro, ao lado da quadra do Atlético, na André Marques. O Salão Lord, na Primeira Quadra (hoje, Calçadão).

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Mas o mais antigo de todos, ainda em pleno funcionamento, onde vou diariamente bater papo e três vezes por semana para fazer a barba é o famoso Salão Venito. Está localizado na Galeria do Comércio e, atualmente, os proprietários do ponto são o Roni e a Madalena.

O Salão Venito começou a funcionar em 1953 nas dependências no antigo Hotel Kroeff, localizado onde hoje está construída a Galeria do Comércio. Mudou-se para sua segunda sede um pouco abaixo da agência central dos Correios. Até que, em abril de 1962, estabeleceu-se em definitivo onde está, na Galeria do Comércio. Portanto, o salão está em funcionamento há 64 anos!

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Conheci dezenas de barbeiros que trabalharam no salão, entre eles, o próprio Venito, falecido em 1983. Era barbeiro do meu pai. Há poucos meses, faleceu o Nelson, que era barbeiro do meu sogro. Outros que também se foram: Adão, Pedro, Nei, Urias, Laudelino e Álvaro Mendonça.

A equipe atual do salão é composta por 7 excelentes profissionais: Amadeo (é o decano, o mais antigo de todos), Julio, Gilmar, Clândio, Francisco, Vilmar e Eduardo (o mais novo integrante da equipe).

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O primeiro a chegar, todas as manhãs, responsável pela abertura do salão, às 6h30min, é o Clândio. Providencia limpeza, água quente, toalhas, lâminas, térmicas e cuia para chimarrão. Porque, logo cedo, tem uma turma de clientes e amigos que chegam para conversar, saber das novidades do dia e saborear o chimarrão, cuja erva é semanalmente rateada por todos.

O Salão Venito tem clientes de dezenas de cidades situadas ao redor de Santa Maria. Profissionais de todos os tipos cortam o cabelo e fazem sua barba ali, alguns desde o tempo em que faziam seu curso superior, quando só existia a UFSM em nossa cidade. Hoje, esses mesmos clientes trazem seus filhos e netos para continuar a tradição.

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O barbeiro, de certa forma, é um terapeuta, um psicanalista, um psicólogo, pois, dependendo da situação e do estado emocional do cliente, tem de ouvir, concordar, sugerir, aconselhar, acalmar. Muitos clientes chegam tristes. Outros, têm problemas de doença na família. Outros, problemas econômicos. Outros, estão irritados com a situação econômica, as autoridades, o governo. E o barbeiro tem de ter a palavra amiga. O gesto solidário. Uma palavra de estímulo. Um abraço fraterno. Ou até um silêncio compreensivo, se o cliente estiver de pouca conversa. E isso tudo tem no Salão Venito!

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