Artigo

OPINIÃO: Lembranças que ficaram

Mário Gaiger

Os avanços conquistados em todas as áreas certamente trouxeram muitos benefícios à sociedade. Todavia, me questiono se toda esta evolução tecnológica, acompanhada por leis que regulamentam as atividades humanas, causou prejuízos para muitas pessoas e para a sociedade em geral.

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Lembro-me de quantas pessoas eram inseridas no mercado de trabalho, aprendendo um ofício. Todo eletricista, encanador e outros profissionais sempre eram acompanhados por um ajudante jovem, que carregava o material de trabalho. Ajudava o profissional nas suas tarefas e, consequentemente, aprendiam aquele ofício. Depois, como profissionais, passavam a ensinar outros jovens. Assim acontecia em várias profissões. O aprendizado acontecia em várias áreas. Meu pai era ourives e ensinou o ofício para muitos jovens. Frequentavam a oficina, onde iniciavam ajudando e, posteriormente, tornavam-se ourives. Vários se tornaram empresários, criando sua empresa e dando 

sequência a este aprendizado. As leis, criadas para ajudar e proteger, acabaram por prejudicar esta fonte de ensino.

No estacionamento do Barão, nos fundos do Caixeiral, um negrinho, que não tinha uma perna, andava por ali. Era uma pessoa que poderia aprender o ofício de relojoeiro, pois poderia trabalhar sempre sentado. Mas, as novas leis não permitiam.

Existiam várias entidades, que se dedicavam ao ensino profissionalizante, que desapareceram, fruto das exigências das novas leis. Hoje, só há aquelas entidades oficiais, que não atingem completamente os objetivos.

Saudades da Escola Artes e Ofícios, que formava jovens em várias profissões. E muitos se tornaram empresários.

Padre Pedron, criador do Pão dos Pobres, mais tarde Cidade dos Meninos, acolhia jovens em vulnerabilidade social, oferecendo, além do acolhimento, o ensino, o aprendizado agrícola e outras atividades profissionais. Certamente, muitos lembram das tradicionais festas na Cidade dos Meninos, em Camobi, onde convivíamos com aqueles jovens e participávamos das suas atividades.

Na Escola Antônio Alves Ramos, no Patronato, quantos profissionais foram inseridos no mercado de trabalho. Tivemos ainda o Lar Metodista, a Escola Ferroviária, etc.

Após a fundação da UFSM, em Santa Maria, pela Aspes, o doutor Mariano, junto com o prof. Luiz Gonzaga Isaia e mais 26 empresários, transformaram a Aspes em Fundae, com o objetivo de oferecer cursos profissionalizantes em diversas áreas. A mesma ocupou uma área da Fazenda Santa Marta. Começou com cursos na área de agricultura e uma padaria na Rua Cel. Niederauer. O professor Isaia, com seus próprios recursos, construiu uma escola na sede rural, para dar atendimento aos jovens daquela região. Foram criados cursos de mecânica, marcenaria, eletricidade, padaria, cabeleireiro, manicure, cuidador de idosos, teatro e muitos outros. Foram milhares de jovens, que, além do ensino profissionalizante, receberam formação ética e humana. 

Hoje, encontramos várias dessas pessoas em atividade, não apenas em Santa Maria, mas na região. Em Santa Maria, a prefeitura mantem o Emae, que se dedica ao ensino profissional. Escola criada pelo saudoso professor Zófoli, que veio para cá com esse objetivo. Lamentavelmente, Santa Maria assistiu, passiva, às injustiças que marcaram o destino da Fundae. Com certeza, milhares de pessoas que passaram pela Fundae, junto com os professores, guardam recordações daqueles momentos vividos com muita doação e muito amor. Aos queridos professores da Fundae, a certeza de que guardo no meu coração os momentos de amizade que passamos juntos.


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