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OPINIÃO: É preciso refletir sobre pátria em tempos de amargo pessimismo

João Gilberto Lucas Coelho

Os brasileiros oscilaram sempre entre ufanismos pueris e autocomiseração coletiva.Pode parecer cafona para alguns, alienado para outros, ingênuo para uma multidão de decepcionados com recentes acontecimentos, mas desejo refletir sobre “pátria” nesta semana que, simbolicamente, dedica-se à nossa.Houve quem achasse que estavam revogados os sentimentos de nação pela dita globalização e pelo surgimento de uma coletividade mundial onde a comunicação é instantânea e as reações também a são. Todavia, o localismo sobreviveu e os nacionalismos pulsam forte em todos os paralelos e meridianos, gerando consequências.

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Nós, brasileiros, sempre fomos nações dentro de uma Nação, sociedades diferentes sob a legenda de uma sociedade nacional, enorme e díspar território organizado sob a jurisdição de um Estado por obra da monarquia lusitana.Construímos nesses quase 200 anos de país independente os laços afetivos, culturais, de história e de valores que, tradicionalmente, embasam o conceito de pátria? Sim, com precariedades.Hoje, certo revisionismo histórico, tira muito do garbo do passado e seus heróis.

Acontece com todas as nações e suas histórias, sinal do tempo atual de contestações e revisões, descolorindo as belas tintas épicas com que haviam pintado os fatos de antanho. Em todas elas, heróis não foram perfeitos, eram humanos e cometeram erros, tinham temperamentos e emoções. Convencionaram transformá-los em seres inatacáveis e embelezaram eventos e atos para que adquirissem a capacidade de empolgar gerações pelo lado emocional.

Hoje, há choques de realidade e revisões, por vezes exacerbadas, para que se compreenda a história como conduzida por humanos com acertos e equívocos, limitações enfim.Entre nós também. O quadro Independência ou Morte não é uma fotografia, mas o fruto do talento artístico de Pedro Américo, décadas depois já no Segundo Reinado, com a vontade de idealizar o evento para o imaginário popular. O ato teria sido bem mais simplório. O importante é que houve uma ruptura levando à criação de novo estado nacional, o Brasil.Os brasileiros oscilaram sempre entre ufanismos pueris e autocomiseração coletiva. Os primeiros coincidiram com ditaduras e populismos, massiva propaganda, mobilizações coletivas de parte de governos.

Assim nos vimos Brasil potência, seguimos aventuras irresponsáveis, fizemos gabolices aos olhos mundiais sem considerar o custo interno. Já a autocomiseração predomina na maioria do tempo, leva estrangeiros a acreditarem que estamos “às vésperas de nos suicidarmos coletivamente no Atlântico”, ou seja, esse descrédito que temos e transmitimos como povo, das instituições que geramos, do que fomos, somos ou podemos vir a ser. E esse é o sentimento que agora predomina. É necessário ter autocrítica, todavia ela deve ser combustível de transformação e avanço. Não pode ofuscar os valores e potencialidades, passos dados no passado e a capacidade de seguir construindo. Temos limitações e fragilidades, também já fizemos muito e possuímos virtudes e capacidade.

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