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OPINIÃO: A tragédia do Colégio Goyases

Débora Dias

A tragédia de Goiânia, que nos chocou na última semana, é assunto para um grande debate, o qual poderia ser analisado sob os aspectos jurídico, sociológico, psicológico, pedagógico, familiar e outros. O espaço é pequeno, vou dar umas pinceladas no que me parece mais importante diante da avalanche de notícias e comentários na mídia e em redes sociais sobre o assunto.

OPINIÃO: Governar é (também) definir prioridades

O adolescente de 14 anos, na manhã do dia 20 deste mês, foi até a escola, com uma pistola .40 e dois carregadores, pertencente à mãe, policial militar, efetuou um disparo na cabeça de João Pedro, 13 anos, que seria autor de bullying que vinha sofrendo. Em seguida, atira em João Vitor, 14 anos, e, depois, a esmo, só parando porque foi persuadido pela coordenadora da escola. A dor que causou a todas as famílias é imensurável, a qualquer um que não esteja vivenciando o drama, embora de nossa empatia.

Há comentários de todos os níveis nas redes sociais. O que chama mais a atenção são os raivosos de plantão, que disseminam ódio e vingança, querem voltar a aplicar a Lei de Talião, sintetizada pela máxima “olho por olho, dente por dente”, pensando-se assim, que, com postagens de ódio, estão resolvidos os problemas sociais, econômicos e da violência no Brasil. Para esses, teria mesmo que mudar a lei e matar o adolescente, autor do crime. Mas a raiz do problema é muito mais complexa que um pensamento simplista quase pueril, se não fosse odioso.

OPINIÃO: Apostar ou não, eis a questão?

O adolescente cometeu um crime. Não se discute, não se justifica, deve responder pelo ato infracional. O infrator disse ter se inspirado em massacres nos EUA e no do Realengo. Isso é causa de preocupação. Os maus exemplos globalizados em segundos ganham o mundo. 

O bullying, problema grave, são as considerações que um adolescente “valentão” ou um grupo faz, depreciando, intimidando e isolando a vítima. Aquele que precisa depreciar, isolar, maltratar o outro para se autoafirmar, está com sérios problemas, de regra, vítima de violência doméstica, de ordem psicológica, principalmente. A vítima de bullying apresenta sintomas como mudança de comportamento, agressividade, isolamento. Tenho que falar da família, núcleo central formador do ser humano. A escola também exerce papel fundamental nesse desenvolvimento. 

OPINIÃO: É sempre bom lembrar coisas passadas 

Sem querer conjecturar e, admitindo a hipótese que posso estar errada, cabe questionar sobre o que a mídia tem noticiado. Como esse menor teve acesso fácil à arma? Como entrou na escola armado? Teremos que revistar os alunos, vão se insurgir, mas, talvez, seja hora de se pensar nisso, sim, detector de metais? Como ninguém percebeu o bullying sofrido pelo menor? A escola e a família não perceberam? Como ele sabia atirar e manusear a arma? A reflexão deve pausar na educação e na atenção dada a crianças e adolescentes. Concluo com o pensamento de Jean-Paul Sartre: “A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”


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