Artigo

OPINIÃO: A coragem das nossas professoras

Martha Souza

Dois episódios gravíssimos, envolvendo ambientes escolares, ocorreram no mês das crianças. Começamos com a notícia do incêndio na creche de Minas Gerais, provocado pelo vigia da própria instituição. A tragédia deixou várias crianças feridas e 11 mortos. Entre os óbitos estavam: o vigia, nove crianças e uma professora. Poderia ter sido pior, se a professora não tivesse se debatido na tentativa de salvar as crianças que ali se encontravam. A creche “Gente Inocente”, de Janaúba/MG, quando reaberta, passará a se chamar “Helley de Abreu Silva Batista”, em homenagem a essa notável mulher.

OPINIÃO: Fama

No segundo caso, o adolescente de 14 anos atira contra seus colegas de aula de uma escola particular de ensino infantil e fundamental, em Goiânia. Segundo ele, motivado por bullying. Dois meninos morreram. Uma menina ficou em estado grave e mais dois meninos foram hospitalizados. O adolescente estava prestes a atirar novamente, mas foi convencido pela coordenadora do colégio a desistir da ideia. Desviando da população, que já estava no local do desastre, ela conseguiu levá-lo, pela mão, que ainda segurava a arma, para a biblioteca. Enquanto refreava o seu braço, ela raciocinava para proteger os demais alunos e colegas. O episódio poderia ter afetado mais estudantes, pois, só na sala de aula, haviam cerca de 30 alunos. Impossível não se emocionar com o depoimento dessa professora, que contou passo a passo, como conseguiu conversar com o aluno. A coragem em sair na defesa de seus alunos e de sua escola foi impressionante. 

OPINIÃO: Pra seguir em frente

Precisaremos mais adversidades para percebermos o que acontece em nossas escolas? Quando vamos abrir o debate sobre a violência que ronda o cotidiano desses espaços? Percebo que muitas vezes as discussões estão mais preocupadas com as questões de gênero e sexualidade do que as próprias situações de violência. Cenas de tiros, agressões e palavras nada agradáveis são amplamente vistas em novelas (e muitas vezes as pessoas vibram com as cenas de agressão), “apreciadas” em músicas, etc. Estamos naturalizando a violência?

Chama a atenção a coragem dessas mulheres que passaram por esses episódios recentes de fatalidade. Mulheres essas que simbolizam tantas professoras que atuam diariamente em escolas nas quais, muitas vezes, as cadeiras estão quebradas, o quadro danificado, os livros são escassos e o acesso aos ambientes nem sempre é facilitado. Nem vamos discutir a questão salarial, que está um caos.

OPINIÃO: Quando o comportamento é a concorrência

Professores(as) exercem um papel fundamental em nosso processo de transformação. Os educadores vão muito além do “dar aulas”. Envolve muitas vezes um conselho para um aluno no momento que percebe problemas e, em outras, abrir mão das horas de descanso para planejar uma atividade envolvente ou corrigir avaliações já feitas. Planejamento, criatividade, ousadia, persistência são verbos que fazem parte da sua rotina.

Aos professores(as), o meu mais profundo respeito, o desejo de melhores condições de trabalho e, claro, remuneração digna. 


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