Voluntariado

ONG Vida Urgente encerra atividades em Santa Maria

Luiza Oliveira

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O dia 9 de agosto de 1998 foi, sem dúvidas, o pior da vida de Ceres Zago. Naquela madrugada, ela perdeu o filho, Giuliano Zago, aos 26 anos, em um acidente de carro.

Depois de ficar 20 dias sem conseguir entrar no quarto dele, ela abriu a porta e a primeira coisa que viu foi um adesivo da ONG Vida Urgente, com o dizer “amigo que é amigo não deixa amigo dirigir bêbado”. Vendo isso como um sinal, ela se dedicou pelos últimos 17 anos a lutar por um trânsito pacífico e sem vítimas.

Mas, neste ano, a aposentada encerra as atividades da ONG na cidade, por falta de voluntários que ajudem na manutenção do projeto. No entanto, Ceres garante, isso não significa que ela vá se desligar da luta que trava há tantos anos. Pelo contrário, conscientizar os motoristas a serem responsáveis tornou-se um hábito para ela.

Dentre as atividades realizadas pelo Vida Urgente durante essas quase duas décadas sob o comando de Ceres, estão as blitze de conscientização, organizadas junto com a Polícia Rodoviária Federal. Além disso, o grupo encabeçou ações em festas para incentivar os jovens a não dirigirem bêbados e a não pegarem carona com uma pessoa que também tenha bebido. As peças de teatro, além da pintura de borboletas em lugares onde pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito, também fizeram parte do projeto nesse tempo todo.

Algumas atividades nem sempre foram bem recebidas pelo público, mas isso nunca abalou a fé de Ceres em estar fazendo algo importante. Hoje, ela acredita que a maior conquista do projeto foi ter tocado as pessoas em Santa Maria:

 Acredito que salvamos vidas. Já tivemos jovens nos agradecendo depois das festas, quando fazíamos ações, dizendo que poderiam ter sofrido acidente se tivessem dirigido bêbados. Nossa maior vitória é ter feito a diferença.

Apesar de sempre receber ajuda de empresas da cidade e ter uma boa receptividade, a organização enfrentou diversos problemas. Durante cerca de 10 anos, o projeto teve uma sede na Travessa Fagundes. Em 2009, ela foi assaltada. Os ladrões levaram o único computador, um frigobar, uma televisão de 20 polegadas, uma cafeteira e os CDs com todos os arquivos de trabalho do projeto. Depois disso, a entusiasta do projeto resolveu fazer o trabalho de casa.  

Eu estou triste de encerrar, mas não vejo mais condições de continuar, porque, sem voluntários e jovens, não dá. Agora, começa outro ciclo, outra realidade que eu estou vivendo. Talvez eu dê outro rumo para a minha vida  ela conta.

Além da certeza do trabalho importante, também fica a gratidão. Ceres garante que a manutenção da ONG só foi possível devido à ajuda e apoio de diversas empresas e pessoas da cidade e agradece a todas.

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