Será que a prática sexual pode ser afetada por divergência de opiniões, principalmente em época de eleição? E já que essa área ainda é cercada por falta de diálogo, dúvidas e tabus, o que fazer para não “contaminar” ainda mais a relação? Para conversar a respeito deste tema, a jornalista Fabiana Sparremberger recebeu o psicólogo César Bridi Filho, especialista em sexualidade humana. Confira como foi a conversa.
Fabiana – Estamos no período eleitoral, quando os debates estão ainda mais polarizados. Isso pode atrapalhar na relação sexual?
César – Os relacionamentos afetivos são baseados em idealizações. Então, pode ocorrer a quebra de expectativa que um dos parceiros criou em relação ao outro e, com isso, a perda da admiração. Divergências podem, sim, afetar a vida sexual. Algumas pessoas associam a ideologia política ou o partido como um traço definitivo para conseguir relacionar-se com o outro.
Fabiana – A raiva “nossa de cada dia” pode ser descontada na prática sexual?
César – No desejo sexual, existe um componente de agressividade, o que é diferente da violência. O sexo demanda certa urgência, uma provocação. Por isso, existe a frase “o sexo depois da briga é ainda melhor”, mas cada relação é particular. Sempre vai depender do relacionamento, porque brigas podem gerar sensações desagradáveis ou desejo sexual em outros.
Frequência
Fabiana – Ciúmes e comparações interferem nas relações?
César – Comparações podem ser negativas ou positivas. Mas, de qualquer maneira, o ciúmes é prejudicial em qualquer envolvimento afetivo, inclusive nas amizades. Muitas vezes, são situações imaginárias como medo perder o outro por causa de uma ascensão na carreira, por determinada roupa ou pelo vínculo social. Isso é algo recorrente que isola as duas pessoas e, em níveis mais extremos, pode gerar violência.
Fabiana – Quanto à falta de frequência sexual, quais as causas?
César – Algumas pessoas fazem academia todos os dias, outras, não. O mesmo aplica-se à vida sexual. A conversa é fundamental para encontrar o equilíbrio dessas questões.
Fabiana – Embora se tenha informação, ainda existem mitos e verdades em relação à prática sexual…
César – Eu acreditava que as novas gerações teriam mais liberdade para conversar sobre esse assunto. Eu trabalho há 30 anos em escolas e os alunos fazem as mesmas perguntas. Esse é em um panorama social: a prática sexual não é discutida.
Fabiana – Quais são os conflitos que mais interferem na vida sexual?
César – Um exemplo é a ascensão profissional de um dos parceiros. Outro problema é o uso excessivo do celular, que pode causar desinteresse sexual, distração e atrapalha a conversa entre o casal.
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