Noite na Casa de Memória Edmundo Cardoso oferece experiência única a visitantes

Redação do Diário

Foto: Divulgação/Matheus Meller

Na última sexta-feira, o centenário casarão da rua Pinheiro Machado, 2.712, onde funciona há 20 anos a Casa de Memória Edmundo Cardoso abriu suas portas para uma experiência diferente. Desta vez, não se tratava de uma visita guiada comum, mas dos próprios antigos moradores da casa, construída em 1911, o teatrólogo Edmundo Cardoso (1917-2002) e a professora Edna May Cardoso (1919-1979) nos receberem para uma verdadeira viagem ao passado.

E não foi nada difícil fazer esse mergulho na história, não só pela excelente interpretação dos atores que participaram do Uma Noite na Casa de Memória Edmundo Cardoso, mas também porque cada móvel e objeto ali dentro está no mesmo lugar onde foram deixados há duas décadas.

O convite da Casa de Memória para essa incursão a um outro tempo me conquistou pela semelhança da proposta com uma das melhores narrativas que tive oportunidade de conhecer, no que diz respeito à apresentação de um espaço de memórias. A maior diferença é que no Recife, eram as assombrações das obras escritas por Ariano Suassuna que “recepcionavam” quem chegava no meio da noite à casa colonial que recebia a exposição sobre as obras do autor. Na noite santa-mariense, Edmundo e Edna receberam os convidados para três sessões de visitação ao espaço com tamanho entusiasmo que, por alguns minutos, era possível esquecer que se tratavam de atores encenando a vida de dois dos maiores nomes da cultura da cidade.

Fotos: Marilice Daronco

Quando batemos à porta, interrompemos Edmundo, que estava redigindo uma de suas colunas para o jornal A Razão. Ele nos mostrou objetos curiosos de sua biblioteca, fotografias, respondeu a algumas dúvidas dos professores do Instituto de Educação Olavo Bilac que participara da mesma sessão que visitei. Edmundo também contou aos “amigos” que recebeu naquela noite algumas de suas histórias, principalmente como ele e a esposa gostavam de receber as companhias de teatro que passavam pela cidade. Depois de alguns minutos, pediu que a esposa nos recebesse, pois tinha de dar andamento no trabalho. Espero que ele não tenha percebido a lágrima que deixei cair sobre o papel, mas a atuação estava convincente demais.

Edna nos recebeu em seu quarto, que hoje é um dos cinco cômodos da Casa de Memória Edmundo Cardoso que recebem visitação. Impecável, nas vestimentas, ela terminava a maquiagem porque os dois mais tarde teriam um espetáculo.

Depois dos pais, foi Gilda May Cardoso, que até hoje está na linha de frente da luta pela preservação da Casa de Memória, quem conversou conosco, dessa vez na sala de estar. Nem foi preciso ator para interpretá-la, afinal, quem melhor do que a própria filha do casal para falar sobre suas memórias?

– Eu trabalho aqui todos os dias e isso é normal para mim, mas hoje estou especialmente emocionada – afirmou Gilda na atividade que comemora os 20 anos do espaço.

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Gilda confidenciou memórias como as de quando era criança e espiava pela fresta da porta os convidados que ficavam naquela sala de estar. E contou como os quadros que decoram as paredes foram colecionados por seu pai, que tinha uma preocupação enorme com a história e a cultura de Santa Maria.

Ela falou com tantos detalhes sobre os bolinhos de chuva com café preto que a mãe sempre preparava, e sobre a feijoada, que era disputada entre os artistas que, como que numa daquelas peças que a memória prega na gente, a sala pareceu até ter ficado com cheiro dos bolinhos de chuva.

Ainda tivemos oportunidade de conhecer a sala de jantar e o jardim da casa, de saber sobre como ela é mantida, os projetos que desenvolve e como acontecem as visitações para quem quer conhecer o espaço ou conhecer seu acervo. Muitos dos materiais já estão disponíveis no site da Casa de Memória e outros estão sendo digitalizados, o que é muito importante em termos de acesso e preservação desses materiais.

E não é que no final da visita fomos surpreendidos com os bolinhos de chuva e café? Garantem que a receita é igualzinha a de Edna e, se alguém tiver curiosidade em saber sobre o sabor… é o de doces memórias. Com certeza, é uma receita que tem dado muito certo, e dessa vez não me refiro a dos bolinhos e, sim, desses 20 anos em que a Casa de Memória mantém viva uma época tão especial do passado da cidade.

Texto: Marilice Daronco

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