para que não se repita

Na Inglaterra, pai de vítima da Kiss chama a atenção para segurança em shows e boates

Arianne Lima

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Instagram (reprodução)

O cartaz, que já foi colocado em várias cidades do Brasil e do mundo, carrega mais do que um pedido para que não esqueçam do que aconteceu em Santa Maria no dia 27 de janeiro de 2013 na boate Kiss.

Na quinta-feira, quando a tragédia que resultou na morte de 242 pessoas e em mais de 600 feridos completou 9 anos, uma versão em inglês ganhou registro no Instagram de Paulo Carvalho, pai de Rafael, uma das vítimas, e diretor financeiro da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (ATVSM).

A foto foi tirada na Rua Abbey Road, uma das mais famosas de Londres após se tornar capa de um disco dos Beatles. A escolha do lugar não é coincidência. Na legenda, Paulo faz uma ressalta: "Não a artefatos luminosos em shows de música. Abbey Road. Os Beatles não precisavam de shows pirotécnicos"

CAMPANHA
É citando a banda como exemplo que Paulo busca alertar outros músicos e artistas sobre os perigos do uso de artefatos pirotécnicos em shows. Para o Diário, ele explica como surgiu a ideia: 

- Boa parte das tragédias em shows iniciam por causa disso. Não só no Brasil, mas em outros países. Brasil, Argentina, EUA e muitos outros. Então, com conhecimento desse fato, participando de seminários de prevenção de incêndios e como deveria vir a Inglaterra, pensei em iniciar uma campanha com esse objetivo. A ideia é divulgar para que artistas entrem nessa campanha.

Paulo relata que visitou diversos locais na Inglaterra e relembra que ambientes fechados devem ter uma segurança maior.

LIVE
Na manhã de quinta, Paulo Carvalho também participou de uma live organizada pela AVTSM e transmitida pela página da associação no Facebook. O espaço de diálogo lhe rendeu reflexões sobre a vida e a justiça.

- Eu creio que foi extremamente positivo para que cada vez mais a sociedade vá se conscientizando da necessidade de melhores condições. E cada vez mais, a questão do dolo eventual seja um fator determinante para que outras tragédias não ocorram. Antes dessa decisão, em nenhuma outra tragédia anterior, os responsáveis foram levados a júri popular para serem julgados por dolo. Sempre foi por crime culposo o que não dá receio algum a irresponsáveis que arriscam com a vida alheia - comenta Paulo.

Com a repercussão do julgamento, que resultou na condenação dos réus Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão a penas de 18 anos a 22 anos e 6 meses de reclusão, o pai de Rafael espera que o receio da punição tenha efeito pedagógico e que potências tragédias sejam evitadas. 

Além dele, participaram do evento alusivo aos 9 anos da tragédia da Boate Kiss, o ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Dias Toffoli, o promotor de justiça do Rio Grande do Sul, David Medina, a ex-conselheira do Conselho Nacional de Justiça, Ivana Navarrete, assim como a escritora Daniela Arbex, a advogada Tâmara Biolo Soares e o presidente da AVTSM, Flávio Silva. 

JAMAIS ESQUECER

O dia 27 de janeiro também é o dia internacional em Memória das Vitimas do Holocausto. A data faz referência, quando em 1945, ocorreu a libertação de judeus e outros povos do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Ao ser questionado sobre as opiniões e comentários de pessoas que acham que a luta dos pais e familiares terminou ou deveria terminar com o julgamento do caso Kiss, em dezembro de 2021, Paulo é enfático:

- A luta do povo judeu que sofreu o holocausto deve terminar, porque os assassinos foram presos e/ou já morreram? A lembrança ou o Remembrance que significa relembrar para nunca se esquecer é importante. Esses que dizem isso, não merecem, mas mesmo assim serão beneficiados porque seus descendentes terão suas vidas preservadas pelo receio de irresponsáveis, pela conscientização que a lembrança do que aconteceu e a responsabilização com a punição exemplar. 

Para ele, que desde a morte do filho transforma a dor em luta, continuar a busca por mudanças no sistema é uma forma de honrar a memória dos 242 mortos.

-A nós, familiares, fica o sentimento mais profundo de que não foi em vão. Esses jovens serão honrados pelos jovens do presente e futuro - afirma Paulo.


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