Mulheres participam de workshop gratuito de reparos em casas

Foto: Lucas Amorelli (Diário) / Participantes aprenderam a colocar a mão na masse, mas também debateram sobre os tipo de violência contra a mulher

Um grupo com cerca de 100 mulheres de Santa Maria não precisam mais de "maridos de aluguel" para os consertos em casa, pois elas participaram neste final de semana do Workshop gratuito Cimento & Batom, promovido pela ONG Gaúcha Mulher em Construção, em parceria com as lojas TaQi. A fundadora da ONG, Bia Kern, diz que as participantes do curso aprenderam práticas como consertar canos furados, entupimento de ralo, conserto de azulejo quebrado e buraco na parede, além de assentamento de cerâmica, colocação de rejunte e de argamassa. O curso ocorreu na loja TaQi da Rua do Acampamento. Neste domingo, foi a vez de colocar em prática as lições teóricas. As alunas pintaram a Delegacia da Mulher de Santa Maria.

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Para Bia o trabalho da ONG e os workshops vão muito além de ensinar mulheres a fazerem tarefas de construção civil, porque passam pelo empoderamento e construção da autoestima feminina.

- Algumas destas mulheres não estão aqui apenas para aprender, elas querem usar isso como conhecimento para se inserirem no mercado de trabalho dos reparos. Em outras cidades em que levamos o workshop, soubemos de pessoas que começaram a trabalhar com isso e tiveram muito êxito - conta a fundadora da ONG.

A terapeuta floral Helena Camargo, 64 anos, avalia a experiência como engrandecedora. Viúva e morando sozinha, ela diz que sente-se constrangida de chamar um homem para fazer reparos em sua casa, por vários motivos. Primeiro, porque, segundo ela, é difícil colocar uma pessoa estranha dentro de casa. Depois, porque o profissional pode demorar muito para chegar e o local que precisa de reparo "fica estragado por horas ou até dias". Agora, com os conhecimentos adquiridos, ela pode fazer o reparo por conta.

Já a estudante de Ciências Sociais Natália Barchet, 20 anos, diz que foi uma experiência interessante e muito útil participar do workshop porque a professora ouviu as alunas e ensinou de acordo com as dúvidas apresentadas.

DEBATE
Na tarde deste sábado, o momento foi de uma roda de conversa sobre os tipos de violência contra a mulhe e contou com participação do secretário municipal de Desenvolvimento Social, João Chaves. Representante do coletivo Unas, Natália comenta que a ideia é que o grupo seja o canal de comunicação entre a ONG Gaúcha Mulheres em Construção e a prefeitura para debater a possibilidade de o workshop voltar à cidade, mas com mais tempo de duração.

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- Queremos que o curso venha para ser de um mês ou até três meses. Para aprendermos mais e para que a capacitação seja mais completa - relata a jovem.

Foto: Gustavo Ruviaro/Especial/Alunas pintaram a sede da Delegacia da Mulher neste domingo

MERCADO DE TRABALHO

Elisângela Xavier Carvalho, 44 anos, está tentando entrar no mercado da construção civil. Atualmente ela trabalha como cozinheira, mas este é o terceiro curso que ela faz na área de edificações. Já cursou Eletricista Predial e Mestre de Obras. Mesmo sem conseguir emprego no que gosta, está aplicando os conhecimentos na própria casa: 

- Estou construindo a minha própria casa. Queria sair das panelas. Uma vez me candidatei a uma vaga, mas o eletricista que selecionava os trabalhadores me disse: "mas tu é mulher e eu trabalho com muitos homens". Agora vou me aperfeiçoar e conseguir estes certificados para mostrar que sou capaz.

Eva Fernandes Soares, outra aluna do curso, é presidente da Associação Nível 8 - Mulheres da Construção Civil, um grupo de 10 mulheres assistidas pela Incubadora Social da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em fase de criação do estatuto. Eles pretendem oferecer serviços de pintura e construção através da associação.