Morre a maestrina Enira Trindade, uma das idealizadoras do Natal na Sacada do Instituto São Lucas

A maestrina Enira Rosalva Rangel Trindade, 61 anos, morreu nesta segunda-feira (16), no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, onde estava internada desde o dia 1º. Com décadas de dedicação aos corais de Santa Maria e região, foi uma das idealizadoras do tradicional Natal na Sacada, do Instituto São Lucas. Ela lutava contra um câncer no pâncreas, descoberto há poucos meses. 

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Enira era natural de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, e filha de pai militar da Aeronáutica. Em suas constantes transferências, ele residiu em diversas cidades brasileiras, inclusive Santa Maria. Foi em terras santa-marienses que Enira entrou para o curso de Música - Especialidade em Piano pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela deixa dois filhos: Christopher Trindade Passos, 37 anos, e Dimitrius Trindade Passos, de 36.

– A mãe, desde muito cedo, se envolveu em questões musicais. Pelo o que ela contava, na época da infância, ela já praticava alguns instrumentos musicais, dentre violão e piano. Se envolveu com bandas marciais também, e assim foi desenvolvendo esse dom dela – relembra Cristopher. 

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Ao longo da graduação, ela passou a desenvolver atividades ligadas a corais, sendo regente do Colégio Franciscano Sant'Anna, em Santa Maria, como em outros corais pela região. Por mais de 20 anos, foi regente do coral Giuseppe Verdi, da Associação Italiana de Santa Maria. Por meio das redes sociais, o coral lamentou a morte da regente:

Segundo conta Cristopher, sua mãe precisou se desligar das atividades de corais por motivos de doença. Antes do pâncreas, Enira já havia enfrentado uma luta contra o câncer de mama, por três vezes. Com isso, as limitações dos movimentos ficaram como sequelas do tratamento. 

– Por isso, ela precisou abdicar dessa grande paixão dela – conta.

Enira havia retornado a Canoas em meados de 2017, para ficar perto de sua mãe e morava lá desde então. Recentemente, foi homenageada pelo coral Giuseppe Verdi na 17º edição do Natal na Sacada, do Instituto São Lucas, em Santa Maria, na última quarta (11). Segundo Cristopher, sua mãe foi uma das idealizadoras do evento: 

– Os médicos do hospital são apaixonados por música e isso acabou unindo eles nesta promoção de cultura para a cidade. Ela criou muitas raízes com o cenário cultural de Santa Maria, principalmente a música, que ela era apaixonada.

Emocionado, Cristopher relata que a mãe lhe ensinou a ser forte: 

– A força de vontade dela, de lutar contra as adversidades. A mãe sempre foi muito batalhadora, correu atrás das coisas, conquistou por merecimento. E, principalmente, nesta questão da saúde, ela não se entregava. Sempre foi muito positiva em encontrar soluções. Queria vencer. Como filho, ela me ensinou que a gente precisa ser forte, independente de adversidade. 

A coralista e porta-voz do Coral Giuseppe Verde, Claudete Michelon Fenner, conheceu Enira em 1995, quando ela passou a ser regente do grupo.

Foram 25 anos trabalhando no coral, até que Enira precisou se afastar em 2018, para cuidar da saúde.

— Enira sempre foi uma pessoa altruísta e dinâmica, não deixava nada pela metade, e vivia em função da música, procurando incluir a música em qualquer evento na cidade de Santa Maria. Quando precisou nos deixar em função da saúde, a amizade continuou firme, pois, pelo seu profissionalismo, sempre foi parceira do grupo, nos auxiliando sempre que necessário. Ela era uma mulher de visão, sem tempo feio — relembra Claudete.

O Instituto de Radiologia São Lucas lamentou o falecimento de Enira por meio de uma publicação: “O seu legado de amor à música irá continuar, estrela iluminada do céu, porque a eternidade da lembrança acalma a efemeridade da vida". Confira:

O Theatro Treze de Maio também lamentou:

Despedida
Enira é velada desde o início da noite desta segunda (16) na Capela 6 do Cemitério São Vicente, em Canoas. Ela será cremada no mesmo local, em cerimônia prevista para as 11h desta terça-feira (17).