Foto: Renan Mattos (Diário)
Lucia Severo e Marta Nunes, da Associação Ará Dudu, conversaram com jovens sobre ciência e educação ontem, na UFSM
Hoje, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos pioneiros na luta contra a escravidão no país. Em Santa Maria, diversas atividades debatem, ao longo de novembro, temas relacionados com história, educação, políticas afirmativas e desigualdade. A maioria dos eventos ocorre na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
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Para hoje, está programada a Marcha do Movimento Negro na Praça Saldanha Marinho, às 17h. À 20h, o Coletivo Negressencia, criado em 2015 por artistas negros de Santa Maria, surgiu com a proposta de desenvolver projetos artísticos em dança, teatro e performance-art, tendo como mote disparador para as criações a cultura e artes negras afro-brasileira. A mais nova criação é Negro Sul, espetáculo que conta, por meio da dança e do canto, as contribuições que os negros trouxeram ao Estado na alimentação, no vestuário, nas músicas, nas danças e em outras áreas.
Ontem, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dentro da programação do Mês da Consciência Negra, o projeto de extensão Encruzilhada de Saberes e Fazeres realizou uma mesa-redonda com Lúcia Severo, conhecida como Baiana, e Marta Nunes. Elas são integrantes da Associação de Arte e Cultura Negra Ará Dudu, criada em 2014. O coletivo tem a função de acolher, além da comunidade acadêmica negra, mulheres da periferia que não têm vínculo universitário.
RESPEITO
O professor de bacharelado em Dança Flávio Campos mediou o debate, que foi acompanhado por alunos do curso. Juntos, eles falaram sobre as realidades e cotidiano da mulher negra, sobre a associação Ará Dudu e a trajetória de cada uma.
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Para a artesã Lúcia, uma das melhores formas de combater o racismo é o respeito.
- As pessoas não precisam me aceitar porque sou mulher, negra ou periférica, mas é preciso ter respeito. Ainda existe a falta de respeito, se não a gente não precisaria estar conversando sobre isso. Outra questão é que, às vezes, as pessoas só nos enxergam no mês de novembro, mas nosso trabalho acontece o ano todo. Para mim ser uma mulher negra empoderada e participar de escola de samba, política, estar dentro e uma universidade onde não sou aluna nem funcionária, é gratificante, mostra que sou empoderada - diz Lúcia.
De acordo com a professora Marta, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e idealizadora do movimento Ará Dudu, a luta por direitos e por representatividade é a principal motivação dos coletivos. Os grupos também visam oferecer apoio emocional e afetivo, além de acolher os integrantes.
- A nossa luta é um luta em comum, que é contra todas as formas de opressão e contra o racismo - afirma Marta.
A PROGRAMAÇÃO DO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Hoje
- O quê - Marcha do Movimento Negro
- Onde - Praça Saldanha Marinho, às 17h
- O quê - Espetáculo "Negro Sul"
- Onde - Theatro Treze de Maio (Praça Saldanha Marinho), às 20h
- Quanto - R$ 25 (antecipado e sócios do Theatro). R$ 15 (meia-entrada). R$ 30 (inteira)
- Informações - (55) 99117-8383 (Gabrielle) ou (55) 3028-6245
Hoje e amanhã
- O quê - Intelectuais Negros(as) nas Ciências Exatas: Abordando uma Ciência Contra-Hegemônica
- Onde - Auditório Sérgio Pires (prédio 17 do campus da UFSM), às 19h
Hoje a sexta-feira
- O quê - Encruzilhada de Saberes: Exposição Fotográfica "Negros e Negras na Cultura, na Ciência e nos Movimentos Sociais". Mesa: "Realidades e Cotidiano da Mulher Negra", com Baiana; "Cosmo Visão Africana e Autogestão", com Isadora Bispo; Ciência e Educação Para as Relações Étnico-Raciais", com Marta Nunes; venda de produtos
- Onde - Centro de Artes e Letras (CAL), no campus da UFSM, das 14h30min às 18h