Foto: Vitória Parise (Diário)
Nem a previsão de chuva foi capaz de parar a fé em Santa Maria. Neste domingo (14), mais de 2 mil fiéis caminharam do Santuário Tabor até a Basílica Nossa Senhora Medianeira, encerrando o Encontro Internacional da Campanha da Mãe Peregrina, que reuniu 700 participantes de 26 países desde quarta-feira (10) na cidade.
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Apesar da previsão de chuva, o caminho de aproximadamente uma hora foi concluído sem uma gota de água. Em alguns momentos, alguns raios de sol apareceram em meio ao céu nublado, iluminando os fiéis que carregavam a imagem da Mãe e as bandeiras dos países representados no encontro.
Após a chegada à Basílica, os romeiros se juntaram a uma multidão que já estava no local. No total, mais de 5 mil fiéis participaram da Santa Missa, onde foi realizada a renovação da coroação da imagem carregada em procissão. Logo depois, os peregrinos inscritos participaram do almoço de despedida no Centro Mariano, encerrando oficialmente as atividades.
Romaria da Primavera

Antes da procissão, o domingo começou com a tradicional Romaria da Primavera, às 8h, no Santuário Tabor. Criada em 1952 pelo diácono João Luiz Pozzobon, a romaria é um momento de gratidão pelas visitas mensais da Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt às famílias, pela sua presença materna e por suas graças. O nome faz referência ao início da primavera, tempo que o diácono associava a uma “primavera espiritual” de amor, fé e esperança na Igreja e no mundo.
Um dos costumes mais marcantes da romaria é a oferta de pétalas de rosas diante do Santuário da Mãe e Rainha ao amanhecer, prática iniciada por Pozzobon e seguida por seu companheiro de caminhadas, o diácono Ubaldo Pimentel.
Todos os anos, mantendo a tradição, a Romaria da Primavera renova a coroação de uma imagem da Mãe e Rainha de Schoenstatt, réplica da que ele costumava carregar. A coroa recebe anualmente uma nova pedrinha, doada por quem deseja agradecer por uma graça alcançada ou manifestar seu amor à Mãe de Deus.
Durante a cerimônia, duas Peregrinas Auxiliares — réplicas destinadas a dioceses e apostolados — receberam a nova pedra na coroa, doada pelo casal Daiane Araujo da Silva Kersting e Fernando Kersting, de Tupanciretã.
O momento foi marcado por algumas gotas de chuva, que cessaram em seguida.
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Procissão até a Basílica
A procissão saiu às 8h55min rumo à Basílica. Fiéis entoavam canções marianas enquanto seguiam atrás da imagem da Mãe Peregrina, que abriu o cortejo. Logo depois, vieram as bandeiras dos 26 países presentes no encontro internacional.
A grande maioria dos devotos carregava consigo imagens da Mãe Peregrina. Foi o caso de Jurema Moreira, 76 anos, de São Borja. Há 23 anos, ela participa das atividades em Santa Maria e acompanha a Campanha da Mãe Peregrina. A imagem que trouxe, encapada para protegê-la, carrega um significado especial:
— É muito bom estar aqui reunido celebrando a Mãe. Foi uma experiência muito positiva, foram dias de muita emoção e entrega a Nossa Senhora. Agradeço também ao Pozzobon, que com certeza já intercedeu pela nossa família e a quem tenho muito amor — disse Jurema.
Hoje, graças a campanha iniciada por João Luiz Pozzobon, a imagem da Mãe peregrina está presente em mais de 400 mil lares no Brasil e em mais de 100 países ao redor do mundo.
Durante o trajeto, uma breve parada ocorreu diante da Paróquia Nossa Senhora das Dores, frequentada pelo próprio diácono. Nesse momento, o céu nublado se abriu e alguns raios de sol iluminaram a caminhada.

Santa Missa com Basílica lotada
Já na Basílica, mais de 5 mil fiéis participaram da Santa Missa. Lá também foi feita a renovação da coroação da imagem levada em procissão.
Uma das autoridades presentes no evento, dom Leomar Brustolin, arcebispo de Santa Maria, agradeceu a presença de todos e, em tom descontraído, comentou sobre o tempo que, apesar da previsão, colaborou com o evento:
— Acho que o diácono falou com alguém e ajudou — disse.
Após a celebração, os participantes inscritos no encontro seguiram para o almoço de encerramento no Centro Mariano, e as atividades foram concluídas na parte da tarde, com a reza do terço e a bênção final.
Celebrações dos 75 anos da Campanha

A programação fez parte das comemorações dos 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina, celebrados no dia 10 de setembro. Além do encontro internacional, Santa Maria também recebeu, nos dias na terça (9) e na quarta-feira (10), o Congresso Internacional “Nos Passos do Peregrino”, voltado a professores, estudantes, pesquisadores e lideranças católicas.

Venerável Diácono João Luiz Pozzobon
Quem foi ele?
- Nasceu em 12 de dezembro de 1904, em Ribeirão, localidade de São João do Polêsine. De origem pobre, largou os estudos para ajudar o pai na lavoura;
- Em 7 de setembro de 1947, Pozzobon participou do lançamento da pedra fundamental do santuário de Schoenstatt, onde teve início o seu contato com a Mãe Peregrina. Três anos depois, em 10 de setembro, começou a Campanha da Mãe Peregrina;
- Ordenado diácono pelo bispo dom Érico Ferrari, em 1972. Passou a fazer casamentos, batizados e enterros. Não podia rezar missas e absolver pecados;
- Em 1979, a fama de Pozzobon ganhou o mundo. Ele visitou a Europa, conheceu o papa João Paulo 2º e foi para a Argentina falar da Mãe Rainha;
- Em 27 de junho de 1985, aos 80 anos, foi atropelado por um caminhão quando ia para uma missa, no Santuário de Schoenstatt, às 6h30min, e morreu.
Exemplo de fé
- Em 1950, o Diácono recebeu uma imagem da Mãe Rainha. Com o tempo, colocou como propósito rezar 15 terços por dia (825 preces);
- Ele deu a ideia de, a cada 30 famílias, colocar uma imagem da Mãe Peregrina, para passar de casa em casa. Ele distribuiu 2,7 mil imagens da Mãe pela região. Em 2011, havia mais de 200 mil réplicas da imagem em 96 países;
- João Pozzobon carregava 19 kg nas peregrinações. A imagem da Mãe Rainha pesava 11 kg, e a pasta que levava com vestes e outros materiais religiosos, 8 kg;
- Ele percorreu 140 mil quilômetros a pé com a imagem no ombro para visitar famílias, escolas, presídios e hospitais;
- Pozzobon criou a Vila Nobre da Caridade, no Cerrito, com 14 casas que abrigam famílias pobres. Ele ajudava a conseguir emprego e a fazer as crianças estudarem.