Laudo aponta que estrutura do Caixeiral não oferece riscos a curto prazo

Foto: Arquivo Diário

Depois de avaliar as condições do Clube Caixeiral, inclusive com perfurações nas lajes para avaliar as estruturas, o engenheiro Paulo Sarkis entregou um laudo preliminar em que informa que o prédio não oferece riscos a curto prazo e propôs obras de reforços e escoramento das paredes laterais apenas para atender rigorosamente às normas técnicas. Segundo ele, as normas brasileiras preveem que é preciso que estruturas suportem ventos de até 162 km/h, e essa viga sobre as paredes e escoramento metálico necessários seriam para atender essas exigências.

– Não é qualquer vento que vai causar algum inconveniente à estrutura. Já tivemos notícia de vento de 116 km/h na região, mas 162 km/h seria um vento excepcional, o que dificilmente vai ocorrer – disse Sarkis.

Antes de emitir o laudo, o engenheiro já havia orientado que fossem feitas obras emergenciais para evitar o risco de desabamento das paredes laterais. Em outubro, foram concluídas a retirada da parte restante do telhado e construído um tapume para isolar a calçada ao lado do prédio – o serviço, que custou R$ 300 mil, foi pago pela prefeitura, que deverá ser ressarcida no futuro pelo clube.

O Caixeiral está hoje totalmente descoberto. No laudo preliminar, Sarkis orientou agora que a parte da frente, onde há escadaria e decoração de colunas no estilo grego-romano, além de guarda-corpos e painéis decorativos nas paredes, seja coberta com lonas do tipo vinilona para “mitigar a ação da água da chuva até a destinação definitiva do prédio”. O objetivo é preservar elementos arquitetônicos que são protegidos pelo patrimônio histórico, pois, “do ponto de vista estrutural, o local não tem risco de ruptura a curto prazo.”

Outras medidas pontuais necessárias são a retirada de aparelhos de ar-condicionado, para evitar que despenquem da parede, e remoção dos reservatórios de água, para evitar proliferação de insetos ou a ação do vento (no caso da caixa de fibrocimento).

Questionado sobre o fato de o prédio ficar descoberto, sem telhado, Sarkis afirmou que a estrutura poderia ficar alguns anos exposta à chuva. Haveria risco de, futuramente, as lajes internas serem comprometidas, mas se houver o reforço e escoramento das paredes externas, as lajes poderiam até desabar sem risco às paredes.

– As lajes têm uma situação de estabilidade muito boa. Elas são de um sistema construtivo muito antigo. Se alguém vier a usar a edificação para outra finalidade, vai ter de preservar as paredes externas, mas terá de demolir as lajes internas e construir novas, a partir das normas atuais – diz Sarkis.

Clube não tem verbas para fazer novas melhorias

Em documento enviado à Justiça, o escritório que administra judicialmente o Caixeiral, chamado Feversani, Pauli e Santos Administração Judicial, pede que o município banque essas obras de reforço e escoramento: “De toda forma, considerando a emergencialidade das medidas – as quais devem ser tomadas em 45 dias – e cumprindo com a análise combinada em reunião com a procuradoria, trazendo resposta no dia útil subsequente à reunião, a Administração Judicial provisória indicou que o Clube Caixeiral Santamariense não possui recursos para a tomada das medidas referidas do laudo inicial de curto prazo. Ou seja, que depende inteiramente dos recursos do município para a tomada das medidas que a municipalidade entender necessárias para a salvaguarda dos transeuntes e do patrimônio tombado.”