O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu, na noite de segunda-feira (22), a série de entrevistas com os presidenciáveis no Jornal Nacional. A sabatina foi conduzida pelos âncoras do telejornal, William Bonner e Renata Vasconcellos, e o candidato à reeleição teve 40 minutos para expor suas ideias. Ao longo do tempo, os apresentadores o questionaram sobre temas espinhosos do seu governo, como postura na pandemia e denúncias de corrupção no Ministério da Educação, além de declarações polêmicas, especialmente sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas e xingamentos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar do semblante tenso, o presidente manteve a calma e o tom de voz, na grande parte do tempo da sabatina, diferentemente da entrevista em 2018. Nas respostas a perguntas duras, o candidato respondeu sempre para seu público e com versões que ele e seus apoiadores acreditam. No questionamento, reiterado por Bonner, sobre se respeitará o resultado das eleições, independentemente de qual for ele, Bolsonaro repetiu a declaração dada com frequência. “Serão respeitados os resultados das urnas, desde que as eleições sejam limpas e transparentes”, afirmou ele. Ou seja, o presidente não deu nenhuma garantia, uma vez que ele contesta o atual processo eleitoral, que será mantido para pleito deste ano.
Quanto à pandemia, ele insistiu em terceirizar a culpa aos governadores, principalmente, pelo fechamento do comércio e a crise na economia, além de insistir no tratamento precoce. Em outros momentos, Bolsonaro procurou desconversar os questionamentos. Uma das curiosidades foi a cola em um das mãos com os nomes da Argentina, Colômbia e Nicarágua e do doleiro Dario Messer. Em delação premiada, ele declarou que fez, , supostamente, a entrega de dólares à família Marinho, dona da Globo, que sempre negou ligação com Messer.Mas em resumo: Bolsonaro falou para sua bolha. E saiu da entrevista sem muito chamuscos. Sobre a condução da entrevista: é, claro, que o presidente tinha de ser questionado sobre a pandemia, as denúncias sobre o MEC e os questionamentos sobre o processo eleitoral, mas também deveria ter espaço para o candidato apresentar suas propostas, o que não teve, já que é telejornal mais importante e de maior abrangência do país. Os eleitores ficaram sem saber dos planos de Bolsonaro caso reeleito.
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