Horta na Penitenciária Estadual Santa Maria destina alimentos à comunidade

Bibiana Pinheiro

Horta na Penitenciária Estadual Santa Maria destina alimentos à comunidade
Fotos: Eduardo Ramos (Diário)

Há quase um ano, apenados na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) cultivam uma horta social dentro da instituição prisional. A variedade de verduras, temperos e flores lá produzida é destinada totalmente à entidades sociais e escolas municipais, além de ser um mecanismo de ressocialização dos apenados. O projeto resulta de uma parceria entre o Estado e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), proporcionando que alunos e professores possam dialogar com outras camadas da sociedade, para além do arco da universidade.

Conforme o diretor da Pesm, Fábio Rosso, 46 anos, as entidades que realizam atendimento social a familiares e alunos, como Organizações Não Governamentais (ONGs), asilos e escolas municipais, têm prioridade para receber as hortaliças, legumes e verduras que saem da horta.

— Todo produto produzido aqui é entregue à comunidade. E, principalmente, proporcionamos aos apenados um aprendizado e uma capacitação profissional — especifica Rosso.

Uma horta por seis mãos

Já foram cinco detentos cuidando da produção e, hoje, são três que passam o dia envolvidos no cultivo do que virá a ser o alimento na mesa de alguém. Desde a criação do projeto, trabalharam para que mais de mil pés de alfaces e temperos fossem entregues. Nos próximos dias, novas entregas estão previstas e começa um novo ciclo de trabalho para quem foi o primeiro a chegar no projeto, o Carlos*.

— Sou coordenador geral daqui, o primeiro, e todo tipo de planta eu planto. Decidi vir pela remissão, pelo trabalho e por poder ajudar as pessoas — explica Carlos.

A remissão é um benefício conferido ao preso, seja ele provisório ou já condenado, de que a cada três dias trabalhados, um dia será descontado da pena.

Cuidar, limpar e carpir. Esta é a rotina de Pedro* e dos outros dois apenados. Na sua lista de afazeres está os cultivos e como eles podem ser utilizados:

— Eu sou mais da parte dos temperos, como cebola, salsinha, manjerão, alecrim. Também, os aromáticos, as flores, jardinagens e a parte de remédios, como a mandala medicinal, com todo tipo de erva para diferentes sintomas — detalha Pedro.

Já Antônio* cuida da compostagem e trata as sobras orgânicas que saem das cozinhas de maneira a serem usadas na adubagem da horta.

— Aqui a gente faz todo o processo para fazer a compostagem. Isto dura de dois a três meses para depois ser usado na composteira e adubar a terra. Agora a gente vai aumentar a produção todo o canteiro.

O trabalho da UFSM com a Pesm

O trabalho nos 11 canteiros da horta social é resultado que se multiplica pelo Estado. Victor De Carli Lopes, coordenador de desenvolvimento regional e cidadania, cita o trabalho na penitenciária estadual, como também nas regiões de Frederico Westphalen, Palmeira das Missões e Cachoeira do Sul.

— Além das horta, temos aqui a remissão pela leitura, também leitura através do funk, de rodas de conversa e com apoio psicológico, focando na reintegração destas pessoas na sociedade — detalha De Carli.

Compostagem

Além de ser um trabalho social e um caso da aplicação de agricultura urbana, Isabel Cristina Lopes, 43 anos, conselheira da Câmara de Agricultura Urbana do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsea) – Santa Maria, entende a horta, seja ela comunitária ou social, como resolutiva.

— Mais de metade do lixo orgânico vai para o aterro. Durante sua composição, ele libera gás metano (CH4), um dos gases intensificadores do efeito estufa, e o chorume. Se o usarmos na horta, resolvemos um problema, evitando que ele chegue neste destino ou em menor escala — esclarece Lopes.

Produção

A preparação do solo da horta começou em 21 de julho e o plantio em outubro de 2022

Três apenados trabalham na produção, em que a cada três dias trabalhados, contabiliza um dia a menos da pena

Hortaliças, legumes e verduras e flores são cultivado

Morangos serão plantados para experimentos futuros com biofertilizantes. Eles serão destinados a escola municipal próxima à PESM

Mais de mil pés de alfaces já foram entregues à comunidade e uma nova remessa de produtos devem ser entregues nos próximos dias

O próximo passo é ampliar as ações na PESM com o cultivo de peixes e de porongo

Vínculos

A horta tem apoio da rede pública e privada

O COMSEA – Santa Maria gere a composteira da horta. O próximo passo é usar minhoca, além de rejeitos orgânicos da cozinha

O projeto da UFSM na horta chama-se Hortas Comunitárias em Santa Maria – Segurança Alimentar e Econômia Solidária, do Departamento de Zootecnia

*Para preservar a identidade dos apenados utilizamos nomes fictícios

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