Diário nos Bairros

Há meio século, seu Nunes faz barba, cabelo e bigode dos clientes no Itararé

Dandara Flores Aranguiz

"A profissão é antiga, mas resiste pelas mãos habilidosas dos profissionais que manejam tesoura e navalha. Há exatos 50 anos, de manhã cedinho, às 7h, o barbeiro Paulo da Silva Nunes, 73 anos, abre as portas da pequena sala da barbearia, na Rua Visconde de Ferreira Pinto, no bairro Itararé, e espera os primeiros clientes.

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Seu Nunes, como é chamado pelos amigos e clientes, faz a cabeça de muita gente.
Natural de Tupanciretã, ele conta que veio para Santa Maria à procura de trabalho, no início da década de 1960. Em 1966, abriu a Barbearia Nunes, que, até hoje, está sempre bem movimentada.

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– Tinha um irmão que trabalhava em uma barbearia lá na Rua Sete de Setembro, e eu resolvi vir aprender um pouco. Ele me deu umas instruções, aí surgiu uma sala para alugar aqui no Itararé. Era um bom ponto, aqui quase não tinha barbeiro e resolvi abrir o salão. Não me arrependo nunca – comenta Nunes.

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A agilidade já não é mais a mesma de antigamente, mas o bom humor e a alegria estão sempre presentes. Pelas mãos dele, já passaram muitas gerações. É o caso de Anderson Machado Kerch, 32 anos, que desde os 7 corta os cabelos na Barbearia Nunes.

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– Sempre cortei aqui. Meu pai, que já morreu, era quem me trazia quando pequeno. Agora eu sigo a tradição, né? – conta.

Dos mais novos aos mais velhos, clientes não faltam. Da Carolina, da Kennedy, da Salgado Filho e de Camobi. Segundo a clientela, o serviço é de qualidade. Mas, conforme o próprio barbeiro gosta de salientar, não é só o trabalho que importa.

– Eu sempre digo que não precisa ser meu cliente para ser meu amigo. O serviço é bom também, mas eu sempre procurei conquistar a amizade das pessoas. É o meu jeito. Muitos dos que eu cortava o cabelo já faleceram. O dia que eu morrer, se lá do outro lado eu for barbeiro,  não quero nem contar com os clientes de hoje, porque só os que tem lá já não vão me deixar sentar – brinca Nunes.

Atualmente, o barbeiro mora no Centro, mas, diariamente, ele caminha até o local de trabalho. Só não vai a pé quando chove, aí ele usa o transporte coletivo. Ou então consegue uma carona de um cliente, que vai passando de carro, no meio do caminho. Se ele pensa em se aposentar?

– Eu me sinto melhor trabalhando do que parado. Não penso em me aposentar tão cedo. Se eu ficar em casa, acho que adoeço, pela falta de serviço. E eu me sinto um guri trabalhando, aqui, eu faço porque gosto.

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