Saúde pública

Fechamento da maternidade da Casa de Saúde superlota o Husm

Thays Ceretta

 Caminhar pelos corredores por falta de leito. Essa era a situação da gestante Francieli Pereira, 26 anos, de São Francisco de Assis. Desde que chegou, na quarta-feira à tarde, ela foi orientada a fazer isso, pois o Centro Obstétrico do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) está superlotado. O motivo principal é o fechamento da maternidade da Casa de Saúde. 

Logo na porta de entrada do setor, um aviso: "Unidade Superlotada, sem previsão de tempo de atendimento, tenha calma". É o que as gestantes têm que ter para receber atendimento. Já por parte da equipe, todos caminham de um lado para o outro para atender, da melhor forma possível, as mulheres que terão bebê.

 Ontem à tarde, as contrações e a dilatação da Francieli aumentaram, e a expectativa é que a pequena Emanuelly viesse ao mundo em poucas horas. O que ainda não se sabia era o local em que seria feito o parto.

– Eu fiquei esperando por falta de leito, e é uma angústia essa espera, sinto muita dor. Me mandaram para cá porque, na minha cidade, não estão fazendo partos, e a Casa de Saúde está fechada. Fiquei caminhando pelos corredores para entrar em trabalho de parto – conta Francieli.

Santa Maria - RS - BRASIL - 09/11/2017Centro obstétrico lotado no HUSMFRANCIELI PERREIRA ¿ 26 ANOS ¿ DONA DE CASA
Francieli, 26 anos, foi orientada a ficar caminhando pelos corredores para acelerar o parto por falta de leito para acomodá-laFoto: Lucas Amorelli / New CO DSM

Conforme a médica residente Camila Wagner Leal, 25 anos, o setor tem capacidade para acomodar 10 gestantes. Mas, até as 14h30min de ontem, havia 20 mulheres, ou seja, 10 além do permitido. Com isso, o trabalho da equipe e o atendimento às gestantes acabam sendo prejudicado. Ontem, foram feitos 13 partos até as 18h. 

– Não tem como dar atendimento para todo mundo. A gente não consegue dar o suporte que as pacientes precisam, daí a gente acaba fazendo um trabalho precário por questão de número, ao invés da gente ficar um dia inteiro partejando uma paciente para dar uma qualidade de parto boa, a gente ter que deixar ela quase ganhar sozinha para poder só fazer o parto porque não tem como dar conta do serviço – ressalta Camila.

 Alunos da Unifra instalam recipientes de comida e água para animas de rua

Ainda conforme a médica residente, o número de consultas também está excedendo. Até as 12h de ontem, foram feitos 27 atendimentos, quando o normal seria, em média, oito consultas. Algumas mulheres acabam procurando diretamente o Husm para consultar porque as unidades de saúde básica não têm suporte para exames. Mesmo não sendo gravidez de alto risco, o Centro Obstétrico do Husm acaba sendo a única opção desde que fechou a Maternidade da Casa de Saúde.

– Está fazendo muita falta, principalmente na questão de consultas e de partos de baixo risco. Aqui a gente faz mais partos de alto risco e, agora, estamos com toda a demanda. Os boxes de consultas estão ocupados, tem pacientes internados em cadeiras, em macas, e fizemos um parto no leito de consulta porque não tem onde colocar os pacientes. Não tem lugar para a recuperação. A gente está tentando fazer o máximo que dá, mas está saindo do nosso controle na unidade hospitalar – desabafa Camila.

A responsável pela Unidade de Atenção à Saúde da Mulher do Husm, Berenice Rodrigues, afirma que a situação está difícil a cada dia. Como o hospital atende a 45 municípios da região e é porta-aberta, eles precisam atender todas as pessoas que chegam.

– Como a maternidade já está lotada, depois que a mulher ganha bebê, nós temos que deixar ela em maca ou em cadeiras no Centro Obstétrico. Nós estamos tentando transferir as pós-parto para a Casa de Saúde, mas não conseguimos ainda porque tem que estar tudo em dia, e os nossos pediatras não estão se sentindo seguros em mandar para lá porque não tem quem avalie. Os pediatras trabalham de sobreaviso, isso nos ajudaria e muito – relata Berenice.

Santa Maria vai receber repasse de R$ 31 milhões para construção de  postos de saúde

Conforme a assessoria de comunicação do Husm, a UTI Neonatal possui 10 leitos e estão todos preenchidos com recém-nascidos com algum problema de saúde.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Projeto atende 60 crianças para tratamento odontológico 

Próximo

Suspeito de matar idoso a facadas é preso

Geral