Faz Sentido: o modo como nos alimentamos afeta a nossa saúde mental?

Eduarda Paz

Faz Sentido: o modo como nos alimentamos afeta a nossa saúde mental?

Dietas milagrosas, abstinência ou excesso de alimento. A maneira como nos alimentamos pode afetar a nossa saúde mental? Ou, quem sabe, essa pergunta precise ser feita ao contrário: a nossa saúde mental pode influenciar a nossa rotina alimentar? Esse foi o tema do Faz Sentido do último domingo, 28 de agosto, com a jornalista Luisa Neves e a psicóloga Bárbara Maria Barbosa Silva. Confira, abaixo, como foi a conversa.

Perfeição

Luisa – A busca pelo corpo “perfeito” pode afetar a saúde mental?Bárbara – Sim, porque os transtornos alimentares estão diretamente ligadas às questões de saúde mental. O hábito de se alimentar tem dois motivos principais: nutrição e satisfação. Ou seja, comer é um motivo de alegria para a maioria das pessoas, mas pode ser motivo sofrimento para quem tem transtornos alimentares.

Luisa – A alimentação também está muito ligada à mudança de humor. Às vezes, a pessoa come porque está triste. Outras, porque está feliz…Bárbara – A alteração de humor está diretamente relacionada a questões alimentares. Isso está relacionado à autoestima e a padrões de beleza. Os transtornos alimentares, por exemplo, causam uma distorção da imagem corporal e, por consequência, uma preocupação exagerada com o peso. Isso tem várias causas, entre elas, a busca pelo corpo perfeito imposto pela sociedade. Geralmente, essa influência começa na infância ou adolescência.

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Redes Sociais

Luisa – As redes sociais podem aumentar esse gatilho?Bárbara – A dieta por si já é um gatilho para desenvolver um transtorno alimentar para algumas pessoas. E as redes sociais influenciam bastante, conforme apontam os estudos. Adolescentes são mais suscetíveis. Estão, constantemente, sob influência do TikTok, Instagram e Twitter, redes com forte apelo a padrões sociais. Além disso, a maioria do público é feminino. A cada homem que tem transtorno alimentar, 20 mulheres sofrem com a mesma doença.

Luisa – Por que existe tanta insatisfação com a imagem?Bárbara – As pessoas querem atender a apelos da moda e satisfazerem expectativas. Muitas vezes, no consultório, as pessoas levam uma fotografia do corpo que gostariam de ter. Não é incomum que essas referências sejam de quem tem transtornos alimentares como bulimia ou anorexia. Não é errado fazer dieta. O problema é quando essa busca passa dos limites, o que não é incomum.

Saúde

Luisa – Muitas das nossas atividades envolvem comida, seja uma viagem ou encontro com amigos. Isso está errado? Quando ficar alerta?Bárbara – Não é errado ter prazer na alimentação. Ela está nas viagens, nas festas de final de ano e em vários momentos importantes. Transtorno é passar dos limites, é comer o tempo todo ou fazer abstinência exagerada de alimentos. É preciso diferenciar os transtornos. Na anorexia, a pessoa deixa de comer. Na bulimia, após a compulsão, há processo purgativo, quando se tenta eliminar a comida. Há também o compensatório. Nele, a pessoa exagera na atividade física para perder peso.

Luisa – O que fazer para ajudar?Bárbara – Deve-se buscar tratamento multiprofissional, com psicólogo, nutricionista e, se necessário, psiquiatra. O paciente precisa de tempo para pensar de forma diferente em relação à comida e ao corpo. O certo é relacionar-se de maneira moderada com qualquer alimento. Nenhum extremo é bom.

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