data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Especial/Diário)
O alívio da chegada em casa contrastou com a tensão dos últimos dias. Eram quase 15h40min quando o ônibus com cerca de 30 familiares de vítimas e sobreviventes da Kiss chegou na Praça Saldanha Marinho depois de 13 dias da partida para Porto Alegre, onde eles acompanharam o júri. Todos se juntaram a um grupo que os aguardava na Tenda da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
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Uma das faixas da recepção dizia "Toda nossa gente num só coração. Santa Maria está com vocês". A companhia distante de quem ficou em Santa Maria e fortaleceu quem foi à Capital se tornou abraços de reencontro. As palmas cessaram para que os recém chegados recebessem um presente. Uma colcha de retalhos feita por quem passou pela tenda nos últimos dias e quis registrar seu apoio.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Especial/Diário)
Sobrevivente Gabriel Rovadoschi Barros abraça Rosmeri Garcez Biscaino. Ela é mãe de Cassio Biscaino, que morreu na tragédia em 2013
A recepção seguiu com falas. O presidente da AVTSM, Flávio Silva, repetiu o que já havia dito na saída de Porto Alegre. Ele comentou a mobilização para derrubar o habeas corpus que mantém os quatro réus em liberdade depois da condenação. Porém, além disso, ele falou no trabalho para manter a memória das vítimas e necessidade de garantir a bandeira da prevenção hasteada para que tragédias como essa não se repitam.
- Isso é uma demonstração de que a gente não está sozinho. Essas pessoas estão junto, fortalecendo e apoiando a nossa luta - comentou sobre a recepção
Nelci de Almeida Konzen, mãe de Jéssica Konzen, vítima da tragédia, se emocionou com a recepção. Ela lembrou a tensão dos dias de júri e comentou a saudade de casa.
- Agora tudo está mais calmo, mais leve. Vou viver com meu marido, minha filho, meu neto e minha nora. Vou deixar ela descansar um pouco - disse olhando para o céu, em referência à filha.
A mãe falou também sobre o apoio na capital gaúcha. Familiares ganharam entradas para partidas de Internacional e Grêmio enquanto estiveram em Porto Alegre. Gremista, Nelci foi ao Beira-Rio junto de Rosmeri, que também é mãe de uma vítima. Ela acredita que a filha, que era colorada, riu "lá de cima".
- Tive que ir á força, mas foi por eles. Ela tava dizendo: "A tia Rosi trouxe há, há, há!" - contou aos risos.
MEMÓRIA
A faixa com as 242 vítimas do incêndio, que foi levada a Porto Alegre, será guardada no Clube Comercial. O painel em que foram escritas mensagens durante o júri também será retirado. Um novo projeto para o local será elaborado, conforme a AVTSM. A tenda vai permanecer ali. As cruzes que foram colocadas no Viaduto Evandro Behr serão retiradas, mas ainda sem prazo para isso.