Uma delas é referente ao resultado do exame de DNA do sangue que foi encontrado na viatura da Brigada Militar (BM) utilizada durante a abordagem à Gabriel. Em entrevista ao programa F5, da Rádio CDN, o subchefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Vladimir Urach, explicou que esta análise demora de 15 a 20 dias para ser concluída:
– Essa viatura tem manchas de sangue, que se comprovam no laudo inicial como de sangue humano. Agora, foi solicitada uma perícia complementar para apurar se o sangue é da vítima Gabriel.
Viatura da BM e carro particular apreendidos. Fotos: Eduardo Ramos (Diário)
Além da viatura da Brigada Militar, também passa pela perícia o carro particular de um dos policiais militares. Urach não tinha atualizações referente à isso, somente relatou que, por enquanto, existe uma suspeita de que este veículo teria sido utilizado após os PMs retornarem ao quartel.
O delegado ressaltou que o inquérito aguarda estes resultados (exame de DNA e perícia dos veículos) e que, mesmo sem a finalização destes laudos até quinta-feira, neste dia o processo será remetido ao Judiciário e o restante dos autos enviados posteriormente.
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“Não há como negar que a viatura esteve na localidade de Lava Pé”, afirma Urach
O subchefe da Polícia Civil, Vladimir Urach, também frisou que o GPS da viatura foi uma prova fundamental para comprovar a rota dos policiais na noite do desaparecimento de Gabriel:
– Isso foi determinante para os rumos da investigação, que conseguiu fazer uma conclusão dos fatos em razão desse trajeto delineado pelo GPS. Essa é uma prova importante porque coloca os PMs nos locais dos fatos. Não há como negar que a viatura esteve na localidade de Lava Pé.
Necropsia e depoimento das testemunhas comprovam agressões
Mais uma vez, é reconhecido pela Polícia Civil e comprovado pela necropsia e pelos depoimentos, que, de fato, Gabriel Marques Cavalheiro foi agredido pelos policiais:
– Uma testemunha descreve uma agressão inicial, um tapa, depois, o menino teria caído no chão, sendo agredido, em seguida, com golpes de cassetete. Isso, se comparado ao que foi descrito no laudo de necropsia, revela exatamente o que aconteceu porque justamente a lesão na cervical acabou causando a morte.
Possíveis penas dos policiais militares
Quando questionado sobre as possíveis penas dos policiais militares, o delegado reforçou que não é a autoridade responsável pelo inquérito. Conforme Urach, ele apenas pode apontar algumas possibilidades:
– No decorrer do processo, eles podem e serão julgados na medida da culpabilidade de cada um, ou seja, as penas podem ser diferentes, de acordo com a participação exata de cada um nos fatos. Um pode ter ficado apenas observando e não interferiu quando deveria, outro dirigiu a viatura, enfim. O certo é que os três estavam no local e participaram de uma forma ou de outra na execução do crime, e, por essa razão, certamente serão indiciados pelo Delegado Bastos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
O caso
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do dia 12 de agosto, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.
Moradora registrou momento da abordagem dos policiais ao jovem. Foto: Divulgação
O corpo dele foi encontrado dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais (Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso) que abordaram o jovem foram presos na sexta-feira (19) a noite e estão no presídio militar em Porto Alegre desde então. Eles já foram interrogados pela Polícia Civil e pela Justiça Militar.
Timeline Caso Gabriel de Diário de Santa Maria
Laura Gomes, laura.gomes@diariosm.com.br
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