Estudantes fazem ato antirracista na UFSM, após publicação de estudante

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Estudantes fazem ato antirracista na UFSM, após publicação de estudante
Por Jaiana Garcia, jaiana.garcia@diariosm.com.br

Depois do ato em frente ao CAL, os alunos seguiram até o prédio da Reitoria. Foto: Leandro Rosa (Diário)

Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) fizeram um ato antirracista, na tarde desta terça-feira (10), depois da postagem de uma estudante do 3º semestre do curso de Artes Cênicas viralizar nas redes sociais. Diversos cartazes e faixas foram colocados condenando a atitude da jovem, que escreveu: “tenho pavor de conviver com pessoas escuras, eles devem ter complexo de inferioridade muito forte em relação às pessoas brancas”, entre outras manifestações consideradas racistas.

O caso foi registrado na ouvidoria da UFSM. A Reitoria registrou ocorrência na Polícia Federal (PF), abriu processo disciplinar interno, e a aluna foi afastada cautelarmente por 30 dias até que as investigações sejam concluídas. De acordo com relato dos estudantes do curso, ela teria ido à aula na manhã de terça-feira, mas o professor não aceitou dar aula. Segundo Claudio Esteves, diretor do Centro de Artes e Letras (CAL), os pais da aluna estiveram na universidade.

– Não tenho conhecimento (da presença da aluna). Quando cheguei, a família dela estava aqui. A mãe completamente arrasada, o pai também sem qualquer suporte emocional. Eles relataram que a aluna precisaria de cuidados psicológicos. Mas a aluna é independente, não mora mais com os pais, e vai ter que responder pelos seus atos.

Depois do ato em frente ao CAL, os alunos seguiram até o prédio da Reitoria, onde pediram a presença do reitor Luciano Schuch para tratar do assunto. Eles ocuparam o prédio até o quinto andar, onde fica o gabinete do reitor. Schuch conversou com os estudantes.

– A sociedade brasileira toda está falindo, e nós também estamos falindo junto. Temos que repensar nossas atitudes como instituição. O racismo estrutural não acontece só dentro da UFSM, mas em toda a sociedade brasileira. Somos um reflexo da sociedade. Infelizmente, as pessoas seguem praticando racismo. Temos que estar cada vez mais juntos. Esse caso precisa ser exemplar para nós. Diferente dos outros casos (de racismo), desta vez tem materialidade, um fato concreto – disse o reitor.

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MANIFESTAÇÃO

Após a repercussão, a estudante publicou uma nota por meio das redes sociais, em que diz:

“Eu não sou racista. Aquele foi um comentário que eu postei no dia 6 de maio de 2022 (sexta-feira passada), não reflete minha opinião sobre as pessoas negras, pardas ou indígenas. Não tem nada a ver com ódio contra uma pessoa ou várias, ou contra características de uma pessoa ou várias. Apesar disso, eu não vou me desculpar pelo que eu escrevi. Porque eu tenho minha vivência individual e minha história de vida, cada pessoa tem a sua, e aquele texto que eu escrevi não teve nada de mais e não foi direcionado a uma pessoa especifica e sim um texto que eu postei no meu Instagram individualmente”.

PROTESTO

Terça-feira, a Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria, o Centro de Artes e Letras (CAL), o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e Observatório de Direitos Humanos e estudantes emitiram notas repudiando qualquer forma de preconceito.

– Um colega fez o print da postagem e mandou no nosso grupo, porque ela (a estudante) já bloqueou muitos de nós (nas redes). Quando vimos já tinha chegado a outros grupos da universidade, e ganhado uma proporção grande. Não ficamos muito surpresos, porque ela já tinha brigado com outras pessoas, mas ficamos chocados com o racismo – disse uma estudante da instituição.

O professor do Departamento de Geociência e integrante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, Anderson Luiz dos Santos, defende a construção de uma política de promoção da igualdade racial dentro da UFSM, uma demanda antiga dos estudantes e professores negros.

– Num primeiro momento, ficamos estarrecidos. Nós vemos com muita indignação. É racismo, e ela precisa ser punida. Conquistamos um posicionamento diante da manifestação, mas aproveitamos para colocar em pauta a política de igualdade racial, que a universidade não tem, embora tenhamos avançado – destaca Anderson.

A assessoria jurídica do Movimento Negro Unificado também cobrou medidas:

– Uma pessoa vai até as redes sociais, destila ódio, falando do incômodo dela por ter alunos negros dentro da instituição. E ela expressa isso sem nenhum constrangimento. Nós queremos a punição dessa pessoa, porque racismo é crime hediondo imprescritível – diz a advogada Isadora Bispo.

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