As recomendações sobre como deve funcionar o Hospital Regional de Santa Maria foram concluídas pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, e finalmente foram entregues ao governo do Estado. A previsão era que o relatório fosse enviado no mês de maio, o que não ocorreu.
A assessoria do Sírio-Libanês não divulgou o documento, nem os motivos da demora, mas afirmou que o envio ocorreu na última sexta-feira, 28 de julho. Por e-mail, a assessoria da Secretaria de Saúde confirmou o recebimento e explicou que o plano operacional será repassado oficialmente ao Ministério da Saúde, ainda sem data definida.
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O relatório define questões como a forma de atendimento, as especialidades a serem oferecidas e a estrutura geral do complexo. Para elaborar o relatório, o Sírio-Libanês recebeu cerca de R$ 5,9 milhões, oriundos do Ministério da Saúde.
O complexo hospitalar foi projetado para ser o primeiro hospital público estadual de média e alta complexidade. O Hospital Regional de Santa Maria continua fechado, o que está em aberto são lacunas, que, a cada dia, preocupam mais a comunidade.
As indefinições sobre quem fará a gestão do complexo hospitalar, quando vai abrir as portas e como será o atendimento são algumas questões que, há pelo menos um ano, estão incertas. A obra, que custou R$ 70 milhões, foi entregue ao governo do Estado em 19 de setembro de 2016, pela a empreiteira Portonovo Empreendimentos e Construções.
BUSCA POR GESTOR
A Secretaria Estadual da Saúde, por meio da assessoria de comunicação, confirma que solicitou para vários hospitais e entidades do Rio Grande do Sul e de fora do Estado, um estudo de viabilidade econômica para a gestão do Hospital Regional de Santa Maria.
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O Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (PUC), está realizando um estudo de viabilidade econômica para analisar se há a possibilidade de assumir a gestão. A informação foi confirmada pela assessoria do próprio hospital.
UFSM NA DISPUTA
Preocupado com a situação da saúde pública, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Afonso Burmann, esteve reunido, segunda-feira, com representantes do Fórum de Imprensa e Gestão da cidade. O principal assunto: unir lideranças e sensibilizar quem, de alguma forma, pode ajudar a abrir as portas do local o mais rápido possível para beneficiar a população.
Como instituição, a UFSM entende que pode construir estratégias que convençam o município, o governo do Estado e o governo federal a viabilizar a abertura do Hospital Regional.
O reitor afirma que voltará a apresentar ao governo do Estado a proposta de 2014, que foi acordada com o Ministério da Educação (MEC), o governo do Estado e com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para abrir o complexo, mas que, devido às contingências políticas, foi encerrada.
– Nunca foi a pretensão da universidade se apropriar do hospital público regional. Muito pelo contrário, nossa intenção sempre foi a de abrir o local. E não interessa quem irá fazer a gestão, pode ser qualquer instituição pública ou que garanta o caráter público do hospital, atendimento 100% SUS, comprometido com a rede púbica do município e da região – ressalta Burmann.
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Ainda conforme o reitor, quem tem que aceitar a proposta, em um primeiro momento, é o governo do Estado. Como a Ebserh administra hospitais universitários, juridicamente seria necessário que Estado fizesse uma cessão de uso para a UFSM gerir o complexo.
Não é a intenção do reitor que seja feita a transferência patrimonial, mas que o complexo comece a funcionar.
SUPERLOTAÇÃO
Enquanto o Hospital Regional permanece fechado, o atendimento pelo SUS acaba sobrecarregando outras instituições. É o caso do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que historicamente sofre com a superlotação.
A capacidade do pronto-socorro é de 42 pessoas, 23 leitos e 19 macas que ficam no corredor, mas, na segunda-feira, havia 63 pessoas. A abertura do Regional seria uma forma de amenizar o sofrimento de muita gente. Em função disso, é que a Universidade busca retomar a discussão.
– Já se passaram três anos, e nada aconteceu. O Husm vive uma grande crise de demanda, mais de 100 leitos foram fechados na região e todos foram direcionados ao hospital. A nossa capacidade de atender as demandas já excedeu o limite há muito tempo. O hospital funciona hoje porque tem uma equipe fantástica que se dedica para atender da melhor forma possível esse conjunto de demandas. Em alguns momentos, o pronto-socorro parece uma praça de guerra, pessoas estão instaladas em macas e pelos corredores, trabalhando com o dobro da capacidade. Isso, sem dúvida, nos desperta o sentimento de responsabilidade – afirma Burmann.
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O reitor explica ainda que é preciso chamar para dentro desse processo aqueles que, de fato, são os responsáveis por essa situação.
– A superlotação é uma questão humanitária, as pessoas precisam dividir a responsabilidade. Não podemos esperar que uma nova tragédia aconteça para que o hospital volte a merecer atenção. Nós já estamos vivendo uma tragédia a cada dia no Husm, deixando de atender adequadamente as pessoas que recorrem ao hospital – afirma.