Especialistas criticam pesquisa do Ministério da Saúde sobre prevalência do coronavírus

Diário

Especialistas criticam pesquisa do Ministério da Saúde sobre prevalência do coronavírus
Foto: Renan Mattos (Diário)

O anúncio do Ministério da Saúde para uma pesquisa da presença de anticorpos para Covid-19 a nível nacional pegou de surpresa a coordenação do Epicovid-19, estudo epidemiológico coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A PREV COV, anunciada na quarta-feira, terá custo de R$ 200 milhões.

RS recebe nova remessa com 243 mil doses de vacina contra a Covid-19

Em nota, a coordenação ressaltou que não houve contato com a equipe científica feito pelo ministério, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os pesquisadores lamentam que não houve também menção ao Epicovid, maior estudo epidemiológico sobre o coronavírus no Brasil e pioneiro no país.

Foram três fases do Epicovid com financiamento do Ministério da Saúde. Porém, em junho de 2020, o ex-ministro Eduardo Pazzuello anunciou que o financiamento não seria mantido. A coordenação do estudo defende que houve entrave político, o que, segundo a nota divulgada nesta quinta-feria, também é o motivo da apresentação do PREV COV não ter reconhecido o trabalho já feito pelo Epicovid.

– Aliás, tivesse ouvido a ciência desde o começo da pandemia, o Ministério da Saúde poderia ter salvado a vida de milhares de brasileiros que morreram em consequência da resposta desastrosa do Brasil à pandemia de coronavírus – conclui a nota.

Primeira dose em pessoas com Síndrome de Down será aplicada nesta sexta-feira

O levantamento do PREV COV prevê a testagem sorológica, que identifica a presença de anticorpos, em 211.129 pessoas, de 274 municípios, incluindo capitais e suas respectivas regiões metropolitanas.

CRÍTICASO infectologista Alexandre Zavascki, professor de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) criticou, em um post no Twitter, a necessidade desta pesquisa neste momento da pandemia. O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, na Capital, lamenta, inclusive, que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não teve nenhum edital de pesquisa aberto em 2021.

– R$ 200 milhões para financiar um único estudo? E de soroprevalência! A essa altura do campeonato acrescentará o que ao conhecimento? E o CNPq à míngua, sem nenhum edital de pesquisa em Covid este ano. Mais uma vez: inacreditável – escreveu.

Butantan deve entregar mais 1 milhão de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde

Ex-reitor da UFPel, o epidemiologista Pedro Hallal coordena o Epicovid desde o ano passado. Também no Twitter, Hallal comparou o custo da pesquisa que conduz com o proposto pelo governo federal.

– O Epicovid-19-RS completou 10 fases, em 12 meses, com R$ 5 milhões (45 mil participantes). O Epicovid-19-BR completou 5 fases, em 11 meses, com R$ 40 milhões (245 mil participantes) – disse.

O custo somado das duas pesquisas, segundo Hallal, é de R$ 45 milhões. Isso representa apenas 22,5% do custo do PREV COV. Juntos, os estudos tiveram 290 mil participantes.

EPICOVID-RSO estudo foi iniciado em março de 2020, duas semanas depois da primeira morte por Covid-19 no Rio Grande do Sul. Já foram feitas 10 fases até abril de 2021. No Estado, fora entrevistados e testados 45 mil gaúchos. A nível estadual, a pesquisa tem apoio do governo gaúcho e é feita em parceria com 13 universidades, entre elas a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Começa vacinação de pessoas com comorbidades de 50 a 59 anos

O Epicovid-19-RS teve financiamento de Unimed Porto Alegre, Instituto Cultural Floresta, Instituto Serrapilheira, Banrisul e Todos pela Saúde. Os resultados das primeiras fases do projeto foram publicados na revista científica Nature Medicine. Um artigo científico analisando os resultados das fases 1-8 foi recentemente aceito para publicação no American Journal of Public Health. Outra publicação, descrevendo os resultados das fases 9-10 está em preparação. Todos os resultados foram divulgados em coletivas de imprensa em parceria com o governo estadual.

EPICOVID-BRAté junho de 2020, o Ministério da Saúde manteve o financiamento do Epicovid-19-BR, durante três fases. No segundo semestre, com o corte no custeio pelo ministério, a 4ª fase do Epicovid-19-BR foi conduzida com financiamento do Todos pela Saúde. Já em 2021, a 5ª fase da pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

No total, foram entrevistados e testados 245 mil brasileiros. Dos R$ 40 milhões investidos na pesquisa nacional, R$ 12 milhões foram pagos pelo Ministério da Saúde. O estudo já teve seus resultados publicados nas revistas científicas Lancet Global Health, Revista Panamericana de Salud Publica e Vaccine.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Teatro Por Quê não? lança documentário sobre 10 anos de história neste domingo Anterior

Teatro Por Quê não? lança documentário sobre 10 anos de história neste domingo

VacinArte leva música e diversão até os pontos de imunização contra a Covid Próximo

VacinArte leva música e diversão até os pontos de imunização contra a Covid

Geral