Especialista responde sobre possível explosão solar prevista para atingir a Terra em 2024


Nas últimas semanas, circulam notícias de que uma possível explosão solar deve ocorrer em 2024 e atingir a Terra. De forma intensa, acredita-se que esse fenômeno possa causar um desligamento total do fornecimento da internet no mundo todo, além de vários outros danos. Mas a pergunta que fica é: será verdade ou fake news?


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Por isso, o programa F5, da Rádio CDN 93.5 FM, entrevistou, na manhã desta sexta-feira (24), o físico Juliano Moro, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em Santa Maria e do Laboratório Sino Brasileiro do Clima Espacial (Embrace).


Ao apresentador Deni Zolin, o pesquisador confirmou que existe um risco real, mesmo que pequeno. De forma estatística, ele afirma que estamos nos aproximando de um ciclo de atividade solar que dura aproximadamente 11 anos, que está para chegar no seu ápice entre 2024 e 2025. 


Ele comenta que a região equatorial do sol possui um ciclo de rotação dentro do seu próprio eixo de 25 a 27 dias, enquanto que esse tempo é maior em outras regiões, com duração de 35 dias. 


– O sol tem um campo magnético. Esse movimento causa "manchas solares", de cor escura, que são os registros mais antigos que temos, desde Galileu Galilei, em 1600. Não é possível detectá-las a olho nu. Isso é analisado de forma periódica há anos. Com o passar do tempo, se percebeu que, em um intervalo de 11 anos, a gente tem um número máximo dessas manchas, que depois diminui. É como se fosse "um pico" – explica Juliano Moro.


É nesse momento que existe a possibilidade de ocorrer algum tipo de explosão solar, de tamanho grande, de força intensa, que pode ocasionar esses efeitos para quem está dependente de tecnologia voltada a eletricidade.


– No passado, esse fenômeno já ocorreu, mas não com tanta intensidade. Por exemplo, em 1989, no Canadá, simplesmente teve um blecaute, pois um transformador derreteu por causa de uma explosão solar. Naquela época, não havia uma dependência tão grande de tecnologia como temos hoje – conta o pesquisador.


Além disso, Juliano Moro afirma que são feitas observações diárias dos satélites que estão voltados para o sol, porém é muito difícil prever o que vai acontecer:


– Se acontecer, temos um intervalo de um a três dias para que essas partículas cheguem ao planeta Terra. Além delas, existe a radiação, que leva apenas oito minutos para chegar.


Mas qual é o risco?

O pesquisador afirma que não é possível prever a intensidade desse evento para 2024/2025, porém existe a possibilidade, justamente por causa do ápice desse ciclo solar. 


– Se ocorrer da forma como se noticia, o sol pode emitir uma radiação na frequência de um raio-x. Isso pode queimar componentes eletrônicos de satélites, se eles não entrarem no modo de segurança, e é aqui que existe a chance de ficarmos sem acesso a internet – fala.

Se isso acontecer, ficar sem internet seria o menor dos problemas, segundo ele:


– O sistema de posicionamento global também pode ter problemas, como o GPS. Aviões não poderão decolar e as companhias aéreas teriam que parar suas atividades. As plataformas de petróleo se conectam com satélites, além de outros problemas. Para as redes tradicionais de energia elétrica e de telefone celular, também. 


Evento previsto quase aconteceu na Terra em 2012

Juliano Moro explica que os satélites que trabalham com os canais por assinatura podem sofrer algum adensamento dos campos eletromagnéticos e isso compromete a transmissão do sinal, de forma temporária. Isso já ocorreu em meados de 2012, que foi marcado por uma tempestade muito intensa, considerada similar a um dos maiores eventos que a humanidade já enfrentou, em 1859.

Em 2012, houve uma explosão solar que por pouco não atingiu a terra. Segundo o físico, "passou de raspão". Se acertasse o nosso planeta, causaria um efeito similar ao que aconteceu nos Estados Unidos.


Mas que evento foi esse? Na ocasião, houve o chamado Evento de Carrington, que leva o nome do astrônomo que estudou uma situação considerada anormal no sol, em agosto de 1859. Algumas cidades dos Estados Unidos tiveram um fenômeno parecido com a aurora boreal, que ocorre na região do círculo polar ártico e não são comuns em outros locais. No Texas, por exemplo, a força das luzes foi considerada tão forte que chegou até a causar medo nos moradores.


– A noite virou dia. Era meia-noite e as pessoas conseguiam ler um jornal com a luz emitida, era muito intensa. As lâmpadas acendiam sozinhas. Chegaram a pensar que seria o apocalipse, da forma como os jornais da época retrataram.


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