com a palavra

Empresário relembra a história do tradicional mercado Marechal

Da redação

Chico no Mercado Marechal, atualmente. Durante os finais de semana, reveza a função com o filho, Henrique

Empresário, dono do tradicional Mercado Marechal e atleta do futebol amador, Roque Francisco Squarcieri, o "Chico", como é conhecido popularmente, 57 anos, nasceu no Bairro Perpétuo Socorro, em Santa Maria, onde mora até hoje. De família humilde e trabalhadora, Roque tinha, primeiramente, o sonho de ser jogador de futebol profissional, mas acabou escolhendo outra vocação: a de acumular amigos e boas histórias em seu mercado, na Rua Marechal Deodoro. Ele atua há 35 anos trabalhando no comércio, entre armazém e mercado. Pai de três filhos, Henrique, Guilherme e Giovana, Roque se orgulha da trajetória que tem e relembra como foi o caminho até aqui.

Diário - Como o senhor começou a trabalhar com mercado?
Chico - Na verdade, antes do mercado, eu e meu irmão abrimos um armazém na Rua Fernandes Vieira, aqui no Perpétuo Socorro. Eu tinha 22 anos, em 1983, quando com meu irmão mais velho, Humberto, resolvemos empreender no local. Lá, a gente teve uma boa clientela. Conseguimos nos manter e crescer. Ficamos lá até 1992, quando surgiu a oportunidade de eu alugar uma peça e ter o meu próprio negócio aqui na Marechal. Então, resolvi vir para cá. No início, tínhamos essa peça menor e alugada. Ficamos sete anos trabalhando dessa forma até que, em 1999, eu comprei, em definitivo, e ampliei também com a compra de outras salas comerciais do mesmo dono aqui. Então, aí virou um mercado mesmo. No princípio, minha ex-esposa me ajudava e tivemos um movimento muito bom.

Diário - O que o senhor acha que foi essencial paro seu empreendimento ter dado certo durante todo esse tempo, mesmo com a chegada de outras grandes redes de supermercados?
Chico - Eu acho que o principal diferencial é o atendimento. No mercado, assim, de bairro, você tem um contato mais próximo com os clientes. Eu lembro que, quando comecei, não existiam tantas redes fortes como hoje. Assim, eu tive um movimento muito grande. Muito grande mesmo. Eu tive que aumentar o número de caixas aqui no mercado. Depois, com a vinda de supermercados maiores, a gente tenta esse diferencial no atendimento. Então, a gente colocou a caixa registradora eletrônica, onde o cliente pode ver direitinho o que tá passando, ganha a nota fiscal na hora, essas coisas. Eu sempre digo que não costumo tirar férias. É um ramo que desgasta bastante. Trabalho de manhã cedo até tarde e, à noite, a gente já tem que estar atento, procurando promoções, pensando em alguma oferta diferente para os fregueses.

Diário - O senhor gosta muito de futebol, inclusive joga entre os veteranos, aqui na cidade. Como é ter essa paixão na sua vida?
Chico - Então, como eu disse, não tiro férias. Desse modo, eu costumo deixar o meu filho mais velho, o Henrique, cuidando do mercado no sábado à tarde, que é o momento em que eu saio para jogar no futebol de veteranos e, depois, fazer um churrasquinho, uma janta com os amigos para bater-papo. Sou centroavante do Imembuy, na categoria 55 anos. Antes do amador, cheguei a passar pelas categorias de base do Riograndense e tinha o sonho de ser jogador profissional. Fui, inclusive, convidado para integrar o grupo profissional em 1983, mas não tinha tempo por conta do trabalho. O meu pai não apoiava que eu fosse jogador. Ele acreditava que eu tinha que trabalhar e que futebol era um futuro muito arriscado. Acho que poderia ter dado certo, ou não. É uma carreira arriscada mesmo. Porém, graças a Deus, no ramo de mercado deu certo e tive sucesso.

Fachada atual do mercado. No terraço, Chico construiu sua nova casa

Diário - O que lhe motiva a abrir o mercado todos os dias e saber que fez a escolha certa?
Chico - Acho que a minha maior motivação é o sentimento natural de estar perto das pessoas. Cada um chega aqui e traz uma história diferente. Umas mais engraçadas, outras tristes. São tantas histórias que fica até difícil de lembrar e escolher só uma. Mas, por exemplo, tem o seu Hernani Ferro, um senhor aqui do bairro, que fazia pescarias e, depois,vinha aqui para contar as histórias. Teve também outras mais tristes como a morte da filha de uma cliente que me marcou muito. Como eu estou aqui, há quase 50 anos, eu vi gerações de pessoas da vizinhança crescerem, ao mesmo tempo que conheci outras pessoas mais velhas, que eu tinha uma boa convivência, mas que não estão mais aqui. Também digo que a base de tudo foi a minha família e, principalmente, o meu irmão. Trabalho com ele desde a época do armazém. Ele que me motivou. Costumo dizer que é um "irmão, irmão mesmo", entende?

Diário - Como é a sua relação com Santa Maria e com o Bairro Perpétuo Socorro?
Chico - Santa Maria é uma cidade boa. Tem crescido e se desenvolvido. Tem muitos habitantes para uma cidade do Interior. Acho que foi o bairro que me ajudou a crescer. Porque a região evoluiu muito. E as pessoas continuam vindo aqui. Tem muitos documentos que registram o mercado como sendo do Itararé também, mas, aqui é Perpétuo Socorro mesmo. Ainda assim, tenho muitos fregueses antigos do Itararé. Por meio das conversas com os clientes, a gente fica sabendo de tudo que está acontecendo na região.

Diário - Você deseja que a sua família siga com o negócio, no futuro?
Chico - Pretendo trabalhar até mais uns três anos. Depois, vou deixar o mercado paro o Henrique administrar. Mas, claro, vou estar sempre no radar, não é? Só não vou mais ter aquele compromisso direto, mas vou seguir acompanhando de perto.

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