Você já escutou a expressão “reduflação”? Se a resposta for negativa, mesmo sem ter conhecimento sobre o termo, certamente já deve ter notado a diminuição de quantidade de algum produto, como o peso da barra de chocolate, mas com a manutenção do preço original. Ou visto nos supermercados o creme de leite que, na verdade, não é exatamente um creme de leite, mas um produto similar.
Como o próprio nome sugere, reduflação nada mais é que a junção de duas palavras: redução e inflação. Segundo o economista e professor universitário, Mateus Frozza, esse fenômeno não é recente. É utilizado como estratégia comercial de marcas para reduzir a quantidade de produtos e não aumentar o preço durante crises econômicas ou períodos de baixo poder de compra por parte do consumidor.
Apesar de comprar menos produto pelo mesmo preço de antes, o consumidor não está sendo vítima de algo ilegal.
– Na tentativa de não aumentar os preços, as marcas dos produtos estão reduzindo gramas, unidades e até quilos. Chegou até os ovos, uma dúzia, por incrível que pareça, não tem mais 12 unidades. O mesmo ocorre com papel higiênico, o chocolate, a massa, o xampu. É importante frisar que isso não é ilegal, é uma forma de estratégia das marcas, principalmente neste momento de restrição econômica, de consumo – explica o economista.
Conforme o Código de Defesa do Consumidor, qualquer mudança em peso ou quantidade de produto deve aparecer em letras maiúsculas, em negrito, com contraste de cores e em tamanho de fácil visualização durante pelo menos 180 dias, conforme determinação do Ministério da Justiça, portaria de 2002 e do Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, basta o fabricante indicar a mudança de peso na embalagem para se enquadrar na lei.
Ingredientes
Apesar de ser permitida a redução do produto, desde que o consumidor esteja consciente da alteração da quantidade, os nutricionistas alertam sobre outra característica recente da “reduflação”: a substituição de ingredientes nos produtos. É possível encontrar, por exemplo, manteiga com inclusão de margarina, leite condensado e creme de leite à base de composto lácteo, e não apenas leite, entre outros.
– Dentro da lista de ingredientes, a gente vai conseguir ver o que realmente consta naquele produto. Um exemplo: alguns produtos estão substituindo o leite por composto lácteo. Na verdade, esse composto acaba tendo açúcar, aditivos, o que o torna muito diferente do leite. O mesmo vale para o leite em pó e o composto lácteo em pó, que contêm mais açúcar e óleos – diz a nutricionista Andressa Rodrigues.
Alerta
Ela alerta para os cuidados com a saúde na hora de comprar esses alimentos:
– É preciso muito cuidado, principalmente para crianças que consomem muito leite ou pessoas com doenças crônicas. Quem tem diabetes, pressão alta ou colesterol elevado tem que ter mais cuidado, porque se comprar um produto que possui algum tipo de aditivo que o original não teria, vai acabar prejudicando a saúde – ressalta a nutricionista.
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O que é o fenômeno
Reduflação
Trata-se de um processo mediante o qual os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, enquanto o preço se mantém inalterado. Atualmente, os fabricantes também têm alterado a fórmula de alguns alimentos, substituindo o leite, por exemplo, por soro de leite. A prática é adotada em países com inflação elevada, em que é preciso manter a competitividade dos produtos diante da alta de preços
O que diz o Código de Defesa do Consumidor
As empresas têm direito de mudar a quantidade ou os ingredientes, desde que, tal como expõe o artigo 6º, III do CDC, todas as informações e futuras alterações deverão ser apresentadas de forma adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. A ausência dessa prática configura uma prática abusiva
Redução de peso e quantidade já é prática antiga
A reportagem do Diário encontrou alguns produtos à venda em supermercados de Santa Maria que sofreram alteração de quantidade com o fenômeno da reduflação ou de ingredientes. A prática é antiga. Eles ficam expostos misturados aos artigos tradicionais e, muitas vezes, passam despercebidos pelo consumidor.
A tradicional barra de chocolate, que chegou a ter 200 gramas, agora é encontrada com 100 gramas ou 80 gramas. O sabão em pó de 1 quilo foi reduzido para 800 gramas. E até a caixa de ovos, vendida em dúzia, agora tem 10 unidades.
Outros produtos que sofreram alteração de peso ou quantidade são molho de tomate, lata de ervilha, caixa de fósforo, açúcar, sabonete etc. Apesar da alteração, seguem com o mesmo preço ou até mesmo ficaram mais caros.
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