Devido à forte onda de chuvas, prefeitura muda estratégia de conserto de ruas em Santa Maria

Os buracos que “pipocam” no asfalto das ruas de Santa Maria sempre causaram muita dor de cabeça e também prejuízos para motoristas e pedestres. Operações emergenciais, de tapa-buracos, eram a saída paliativa para atacar o problema, mas mesmo assim, às vezes os buracos levavam semanas para serem cobertos. Com o financiamento do Finisa, a prefeitura partiu para outra estratégia, com a reconstrução e asfalto novo em avenidas inteiras. Porém, nas últimas semanas, os santa-marienses estão vendo, pela primeira vez, um novo tipo de obras: reparos com retirada do asfalto velho e colocação de novas camadas em trechos de várias ruas. E isso vai continuar ao longo de 2024, com uma verba prevista de até R$ 19 milhões, tanto na área central como em bairros. 

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É o que afirma o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Wagner Oliveira da Rosa.

— Santa Maria já tem muitas vias em que o asfalto está comprometido, com trincas, em que começa a infiltrar água e abrir buracos. Então, com essa onda de chuvas muito fortes e volumes acima do normal desde agosto, notamos que a gente tapava um buraco e, dias depois, abria outro do lado. E entre uma chuva e outra, dava só dois ou três dias de sol e não dava tempo nem para tapar. Diante disso, fizemos um registro de preços (licitação) para manutenção de ruas asfaltadas e de pedra irregular em setembro e decidimos fazer reparos dos trechos que estão em piores condições, em que fresamos (máquina retirada asfalto velho e trincado) e colocamos uma nova camada de asfalto, que pode ser de 3, 5 ou 7 cm, dependendo da necessidade — afirma Rosa, lembrando que a decisão é tomada por engenheiros civis da prefeitura, especializados em pavimentos.

Essa decisão leva em conta também a previsão de o fenômeno El Niño seguir provocando chuvas acima do normal durante os primeiros meses de 2024. Segundo o secretário, nesse primeiro momento, as equipes estão focando mais na área central. Ruas como Felipe de Oliveira, Floriano Peixoto, Professor Teixeira, Conde de Porto Alegre, Dr Bozano, Niederauer, Astrogildo de Azevedo e Professor Braga já receberam esse tipo de reparo, em que alguns trechos da rua recebem nova camada de asfalto. 

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O trabalho está sendo executado agora na Duque de Caxias e seguirá por outras ruas da região central. Depois, continuará sendo feita nos bairros.

— As demais ruas terão obras executadas da seguinte forma. Será feito isso em todas as vias do quadrante entre Avenida Medianeira e Rua Ernesto Beck, e entre a Avenida Ângelo Bolson/Avenida Liberdade até a Rua Euclides da Cunha. Todas essas desse perímetro receberão melhorias na trafegabilidade em pontos específicos, ou seja, em trechos da via. Após, seguiremos por caminhos e linha do transporte público em direção aos bairros e assim por diante, obedecendo também alguns critérios para iniciar, visando vias de acesso aos bairros, a hospitais, unidades de saúde, escolas, creches e, claro, linha do transporte público – prometeu o secretário, reforçando que todas as regiões da cidade terão obras, mas não divulgou uma listagem das ruas previstas.

Serviços feitos em pontos específicos das seguintes ruas

• Rua Felipe de Oliveira
• Rua Floriano Peixoto
• Rua Prof. Teixeira
• Rua Conde de Porto Alegre
• Rua Dr Bozano
• Rua Cel Niederauer
• Rua Astrogildo de Azevedo
• Rua Professor Braga

Pesquisador avalia trabalho de reparo

Professor de engenharia da UFSM e ex-secretário de Transportes de Santa Maria, Carlos Félix aprova a decisão da prefeitura de partir para uma manutenção mais duradoura do pavimento, em vez dos simples tapa-buracos, como sempre vinha sendo feito.

— Acho muito acertada a decisão da administração municipal em recuperar trechos com pavimentos deteriorados. Ter um sistema viário funcional, operacional e em boas condições é fator decisivo de desenvolvimento, além de segurança viária — diz Félix.

O professor da UFSM entende que seja necessário realizar tapa-buracos emergenciais, tanto na cidade quanto nas rodovias, mas alerta que seria preciso um trabalho contínuo de reparos com fresagem e nova camada de asfalto, como está sendo feito agora. É que o asfalto, quando começa a trincar, permite que a água se infiltre e faz com que buracos se abram mais facilmente – além de muitas vezes danificar a base de pedra.

— Tapa-buracos é tapa-buracos, normalmente não é limpo antes, só é jogada massa asfáltica. É que nem recuperar um dente sem fazer limpeza e preparação. É bom porque não deixa o buraco, porque a existência do buraco é muito pior. Mas é um remendo apenas. Mas quando passa por outra fase, que é reabilitação do pavimento, que começa com a fresagem e com a colocação de camada de asfalto quente com rolo compactador, até gasta mais, mas compensa pela durabilidade e qualidade do resultado final – comenta Félix.

Secretário pede paciência à população

As obras, por serem mais demoradas e complexas, têm obrigado as equipes a bloquearem ruas em algumas quadras do Centro, o que gerou muitas queixas de moradores e, principalmente, lojistas. Um comerciante publicou vídeo nas redes sociais criticando a prefeitura pela demora para fazer a obra na Rua Doutor Bozano, pois alega que teve prejuízos com queda nas vendas. 

Quanto a isso, o secretário de Infraestrutura pede compreensão por parte da população e dos comerciantes. Segundo ele, por questões de segurança, é preciso trancar o trânsito, pois são máquinas pesadas e muitos operários, e haveria risco para carros e pedestres se o tráfego ficasse liberado.

— São máquinas maiores, que fresam (retiram o asfalto velho) e jogam para um caminhão. Há o risco de um pedaço de asfalto atingir algum veículo que esteja passando ou uma pessoa. Teve gente que reclamou por causa dos transtornos no trânsito, mas depois que o serviço foi concluído, veio elogiar dizendo que ficou muito bom — diz Rosa.

O edital com até R$ 19,9 milhões para essas obras está em vigor desde 11 de setembro e é válido até 10 de setembro de 2024. Os serviços serão feitos conforme a liberação das verbas.