Depois de 10 dias de greve, como ficam os serviços em Santa Maria

Foto: Renan Mattos (Diário)

Após 10 dias de greve dos caminhoneiros, as manifestações se desfizeram entre a quarta e quinta-feira. O trânsito é normal e não há mais manifestantes no Posto Buffon, na saída para São Sepé, onde houve o maior bloqueio em Santa Maria. Havia muitos caminhões circulando nas estradas, até porque a PRF suspendeu a restrição a carretas no feriado. Enquanto isso, supermercados e postos começaram a receber mais produtos. Na refinaria da Petrobras, em Canoas, caminhões passaram a circular sem escoltas. A Ceasa, na Capital, voltou a receber produtos e prevê normalizar o abastecimento de hortifrútis a partir de segunda. 

No auge da mobilização, chegou a haver 1,3 mil pontos de protestos no país, que cresceram quando lojistas, agricultores e pessoas pedindo intervenção militar se uniram aos atos. Mas ontem, a Polícia Rodoviária Federal não registrava mais nenhum protesto no país. 

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Uma das hipóteses para o fim dos protestos é que os autônomos não aguentaram mais ficar parados, pois têm de pagar contas e sustentar sua famílias, além de não conseguirem mais nada do governo. Desgastados física e mentalmente, os caminhoneiros que estavam no posto Buffon resolveram encerrar a mobilização e levantar acampamento ontem, após o almoço.

- Não adianta continuar aqui se não tem apoio. Não mudou nada, infelizmente, não adiantou muito. O pessoal acabou cansando e a gente viu que, do governo, não íamos conseguir tirar mais nada - disse o caminhoneiro Gilberto Andres, 52 anos.

Outros fatos podem ter contribuído: o STF multou em R$ 330 milhões transportadoras que fizeram locaute; o Exército conseguiu romper os bloqueios e abastecer as cidades, o governo atendeu as principais reivindicações; e um líder dos caminhoneiros, Chorão, pediu a eles que entregassem os produtos para não prejudicar mais a população e, depois, fossem para um protesto em Brasília, na segunda. Veja como ficam os serviços em Santa Maria: 

TRANSPORTE COLETIVO 

Como foi anunciado antes do final da greve, a decisão da Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) continua: os ônibus do transporte coletivo seguem em horários especiais nesta sexta, sábado e domingo. Os ônibus voltam a circular em horário normal e os azuizinhos voltam às ruas da cidade na segunda-feira. Clique aqui para ver como ficam os reforços das linhas nesta sexta-feira. 

COMBUSTÍVEIS 

Depois das filas se formarem no entorno dos postos de Santa Maria assim que as primeiras cargas de combustível chegarem na cidade, o movimento nesta quinta-feira pareceu reduzir. Nesta quinta-feira, pelo menos 14 postos de combustíveis já tinham gasolina. Em alguns, o estoque ainda é baixo e só deve ser normalizado a partir de segunda-feira. Ainda na quinta, pelo menos 5 lugares não tinham combustível em Santa Maria. 

GASOLINA MAIS CARA 

Em comparação ao último levantamento realizado pelo Diário, logo no início da greve, a gasolina ficou um pouco mais cara. No dia 24 desse mês, o preço médio do litro na cidade era de R$ 4,72, o que significa uma alta média de 2,9%. Ainda não se sabe os reais motivos dessa alta. Uma das hipóteses pode ser o reflexo da decisão da Agência Nacional de Petróleo em liberar que a mistura do etanol anidro na gasolina varie de 18% a 27% na gasolina até que o abastecimento seja normalizado no país. Antes, as refinarias eram obrigadas a misturar 27% de etanol por litro. Com menos etanol misturado, a gasolina fica mais concentrada, aumentando de preço. Em Santa Maria, alguns postos dizem estar com gasolina com menos etanol anidro e, por isso, alegam que o preço ficou um pouco maior.

NOVAS CARGAS DE GÁS CHEGAM NA SEXTA 

Depois de dois dias de falta de gás de cozinha em Santa Maria, uma distribuidora de gás, a Ultragás, conseguiu trazer uma carga do produto. A previsão é que nesta sexta-feira as outras duas distribuidoras - Liquigás e Supergasbrás - consigam cargas e disponibilizem para venda. Conforme a Cia do Gás (55. 3211-2022), principal revendedor da Ultragás, localizada na Avenida Prefeito Evandro Behr, o produto estava sendo vendido na manhã de quinta no local, mas acabou ao meio-dia.  Outra revenda, a Amaral Gás, que fica na Rua Rafael Real, 122, (em frente ao BM Material de Construções, no Bairro Carolina), recebeu gás na manhã de hoje e ainda tinha o produto à tarde pelo preço de R$ 70. Em pelo menos 9 revendas da cidade já é possível encontrar gás de cozinha. 

AULAS NA UFSM

Uma semana após suspender as atividades, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) retoma as aulas na segunda-feira. Os Restaurantes Universitários (RUs) também reabrem nesta segunda, mas com atendimento restrito aos estudantes com benefício sócio-econômico (BSE), mediante agendamento prévio das refeições. Na medida em que o abastecimento de produtos for normalizado, os serviços dos RUs voltarão a ser oferecidos para toda a comunidade universitária.

EXAMES DE DIREÇÃO 

As provas de direção serão retomadas em Santa Maria a partir de terça-feira. Os alunos que tinham exames marcados nos dias em que houve cancelamento, devem procurar o Centro de Formação de Condutores (CFC) para marcar uma nova data sem pagamento de novas taxas. 

DESABASTECIMENTO DE ALIMENTOS    

Os últimos dias foram de prateleiras vazias em alguns setores dos supermercados e preocupação em manter o cardápio para quem gerencia restaurantes, lancherias e padarias. Produtos como carnes, ovos, laticínios e hortifrutigranjeiros pararam de chegar à cidade. Na quinta-feira pela manhã, quando os mercados abriram, já era possível perceber que produtos como carnes estavam chegando. Os hortifrútis, porém, só devem ser normalizados em alguns locais a partir de segunda-feira, especialmente os que vêm de outros estados. Nas feiras de produtores locais, era possível achar alguns produtos em falta nos mercados, mas também já estavam terminando. 

Nesta sexta-feira, uma feira deve reunir mais de 40 produtores locais, a partir das 8h, na Praça dos Bombeiros. A ideia é que todos expositores levem tudo que tiver em estoque para ser comercializado no local.