Todos sabem que os funcionários do Hospital Universitário (Husm) fazem o que podem para atender os pacientes que chegam ao Pronto-Socorro. Porém, quem está sendo atendido no corredor, em macas improvisadas e sem conforto nem privacidade, fica se questionando: onde foi parar a dignidade?
Nesta segunda-feria, o PS do Husm bateu novo recorde do ano: chegou a 73 pacientes internados, sendo que o local tem só 24 leitos e outros 19 em macas. Ou seja: 49 pessoas, com fraturas, dores e doenças variadas, estavam em macas e cadeiras de rodas. E chegam a ficar lá mais de semana.
O mais triste e revoltante é que, desde que comecei a trabalhar na RBS TV, em 1998, já fiz inúmeras reportagens sobre superlotação no Husm e mostramos inúmeras vezes os corredores cheios de pacientes, como forma pressionar – se a imprensa não cobrasse, talvez a situação estaria ainda pior. Em quase 20 anos, o que mudou? Lembro que, há 10 anos, quando o PS foi reinaugurado, com mais leitos, havia a promessa de acabar com a superlotação. Não durou muito, e o problema voltou.
Depois, a Ebserh assumiu o Husm e não conseguiu resolver o problema, que foi agravado pelo fechamento de leitos em outros hospitais da região. Até quando a sociedade vai aceitar que isso ocorra? Vamos deixar isso parecer normal? Por que ninguém faz protestos para pressionar as autoridades a resolverem esse problema?