CRVR investirá R$ 1 bilhão para aproveitar gás natural do lixo e reciclar eletrônicos

Deni Zolin

CRVR investirá R$ 1 bilhão para aproveitar gás natural do lixo e reciclar eletrônicos
Foto: Deni Zolin (Diário)

Durante a inauguração da usina termelétrica de biogás, no aterro sanitário de Santa Maria, a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) confirmou que vai investir quase R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos no Rio Grande do Sul, em projetos para aumentar ainda mais o aproveitamento dos resíduos gerados em 318 municípios.

O principal foco será em aproveitar o gás natural que é gerado pela decomposição do lixo orgânico e que, até 2015, era totalmente desperdiçado no Estado. Por questões de segurança e evitar incêndios ou explosão nos aterros, o gás precisava ser queimado ao ar livre, sem qualquer aproveitamento.

Em Santa Maria, além dos R$ 7,5 milhões investidos na usina termelétrica inaugurada na quinta-feira (20), com potência de 1 megawhat (MW), serão mais R$ 6,8 milhões em uma usina de tratamento de esgoto doméstico e efluentes industriais, que vai inaugurar em março.

– Após o tratamento e um processo de filtragem, sobra água para reuso. E a parte sólida, o lodo, é rica em nitrogênio. Já há pesquisas e projetos para usar esse lodo em adubos para a agricultura – diz o diretor presidente da CRVR, Leomyr Girondi.

Além disso, a empresa vai investir em Santa Maria mais R$ 14 milhões em uma unidade de triagem semiautomatizada. Por meio de grandes peneiras, ela vai separar o lixo orgânico do seco, para aproveitar e vender materiais recicláveis. A triagem deve ainda abrir em 2023 e gerar mais 50 empregos diretos, separando 25 toneladas de lixo por hora.

Os projetos mais ousados são para produção de gás natural veicular. A primeira planta industrial, de R$ 160 milhões, está sendo instalada no aterro de Minas do Leão, que já tem usina termelétrica de 8,5 MW. O gás excedente que vem do lixo será purificado para chegar à qualidade necessária para abastecer veículos. Ele será vendido para a Sulgás.

Após o investimento nas termelétricas, a CRVR vai focar na venda do gás natural porque é uma chance de aumentar a rentabilidade com o produto que, antes, era desperdiçado.

– A energia limpa das nossas termelétricas compete no mercado com a energia solar e a eólica. Já o gás natural vem da Bolívia e é mais valorizado, e o Estado precisa de mais gás – diz Girondi, que é formado em Santa Maria e destacou sua ligação com a cidade.

Depois, a previsão é instalar outra unidade de gás natural veicular em São Leopoldo.  

Eletrônicos

Outro grande projeto é o da indústria de reciclagem de produtos eletrônicos, que será instalada no Estado. Todos os tipos de eletrônicos que forem coletados serão triturados para a extração de alguns metais de alto valor, como ouro, prata e paládio.

70% do lixo do Estado vira gás para produzir energia elétrica

Futuramente, há possibilidade de ser instalada outra usina de 1 MW no aterro de Santa Maria, pois, mesmo com a termelétrica que vai entrar em operação nos próximos dias, ainda sobrará gás vindo do lixo.

O aterro recebe, por dia, 420 toneladas de resíduos de Santa Maria e de 38 municípios da região. Já sobre a possibilidade de extrair gás natural veicular em Santa Maria, isso dependerá de análises futuras, já que o custo de uma unidade para fazer esse processamento é bem elevado e seria necessário haver um grande volume produzido.

Hoje, a CRVR tem 280 funcionários no Estado, sendo 48 em Santa Maria. Para a usina termelétrica aqui na cidade, são 25 novos empregos. A empresa destacou que o lixo de 75% da população gaúcha, nos 318 municípios atendidos pela CRVR, está sendo usado para gerar energia elétrica. Além dos 8,5 MW em Minas do Leão, foram inauguradas usinas de 1 MW em Victor Graeff e em Giruá, no mês passado. Agora, é mais 1 MW em Santa Maria, e 1 MW que entrarão em operação no início de 2023 no aterro de São Leopoldo, totalizando 12,5 MW no Estado.

– Essas três termelétricas já instaladas são as primeiras de médio porte do Brasil, pois a tecnologia que existia até então era para grandes usinas, em grandes aterros, como em São Paulo – diz Girondi.

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